A violência urbana atinge os nossos jovens
Esta
semana parei para pensar e pesquisar sobre este tema. São
alarmantes as estatísticas.
Fala-se
bastante no Brasil sobre a violência. O tema está na mídia
diariamente e há muito medo disseminado, e o pior é que estamos
vivendo isto em nossa querida Trindade. Ficamos preocupados quando os
nossos filhos saem à noite e rezamos para que nada aconteça, pois,
a cada semana temos notícias de “meninos ainda”, que perdem a
vida vítimas da violência.
Como
regra, entretanto, e de modo geral, o Brasil sabe pouco sobre a
violência e suas causas. O número de vítimas de homicídio no país
segue sem receber a devida atenção por parte dos governos. O
problema é particularmente grave para os jovens brasileiros, que são
os principais alvos da violência urbana.
Os
dados disponibilizados pelo Sistema de Informações da Mortalidade
(SIM) do Ministério da Saúde mostram que, em 1980, o Brasil teve
13.910 homicídios. E 30 anos depois, em 2010, foram 49.932
brasileiros assassinados. Descontando o crescimento populacional do
período (60,3%), isso significa um aumento real de 124% na taxa de
homicídios.
A
boa notícia é que esse aumento só foi constante até 2004 e 2005
(muito provavelmente pela campanha de entrega voluntária de armas de
fogo e pela entrada em vigor do Estatuto do Desarmamento), havendo
depois uma oscilação.
Vítimas
homens jovens ... Em três décadas o Brasil somou um milhão de
vítimas de homicídios. Uma escala que supera a grande maioria das
perdas verificadas nos países em guerra.
Analisando
o perfil das vítimas, descobre-se que 91,4% delas são homens, e a
maior concentração está na faixa de 15 a 24 anos. Há mais do que
o dobro de vítimas entre os negros do que entre os brancos.
Atualmente, cerca de ¾ das mortes entre jovens são produzidas por
violência, basicamente homicídios e acidentes de trânsito. Para se
ter uma ideia do impacto, basta dizer que homicídio é a causa da
morte entre 38,6% das vítimas jovens, enquanto apenas 2,9% das
vítimas não jovens morrem pela mesma razão. Muitos jovens vítimas
de homicídios foram mortos por outros jovens. Como aconteceu há
poucos dias em Trindade.
Contudo,
a violência urbana não se restringe aos homicídios. Várias
manifestações do fenômeno têm integrado o cotidiano das cidades
brasileiras. Entre elas me lembro de quatro exemplos: a) o
machismo - que se traduz em estupros e em
agressões contra as mulheres; b) a homofobia –
fenômeno de manifestação de ódio aos homossexuais que tem
implicado em agressões especialmente covardes em espaços públicos
e privados; c) a violência contra as crianças
– que são agredidas e humilhadas dentro de suas casas por seus
pais e ou parentes; e d) bullyng – que afeta
basicamente crianças e adolescentes nas escolas e que costuma
produzir intenso sofrimento físico e psíquico por longos períodos.
A
chave para o enfrentamento da violência urbana, de qualquer maneira,
exige que o Brasil desenvolva políticas públicas eficientes de
prevenção entre os jovens, com destaque para aqueles que já são
vitimados por sua própria condição social. Incluir a juventude das
nossas periferias, assegurando uma perspectiva de vida digna.
Incluí-la nos movimentos de jovens como a paróquia de Trindade e
outras igrejas pentecostais estão fazendo, seria uma opção, e
parece ser o desafio mais urgente, porque por parte do governo parece
que isto está muito longe de acontecer.
Valdivino
Barbosa é gráfico, ex-vereador de Trindade.
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