Fé viva!
Pe. Robson: "Fé não se esconde: testemunha-se!" |
Aquele
que creu, confiou e se entregou à fé, precisa ser profundamente
evangelizado e não somente catequizado. Caso contrário, a fé não
terá raízes concretas e críveis frente a um mundo que anda
esquecido de Deus e caduco de verdades. Não se trata somente de
apresentar as verdades da fé, de modo doutrinário, mas, sobretudo,
de elucidar as razões destas verdades e a necessidade das mesmas na
vida do cristão. Na verdade, o que está por trás é o
questionamento de o porquê crer em Deus.
Fé
não se prova: vivencia-se! Fé não se esconde: testemunha-se! Fé
não se penhora: proclama-se! Fé não é estulta nem inepta:
racionaliza-se e pensa-se! Fé não é só informação, mas também
experiência!
Na
medida em que fazemos a experiência de encontro com o amor de Deus é
que somos alicerçados no crivo da fé. Contudo, tal experiência
deve conferir maturidade ao cristão e não imaturá-lo. Há
determinadas manifestações, de uma dita fé, que acaba por alienar,
superficializar e até mesmo infantilizar a pessoa em sua capacidade
de pensar e agir beneficamente.
A
fé não é mágica. Em sua gênese está a clareza do que é real e
do que é fantasioso. Muito mais que obter favores do céu, a fé se
apresenta como a força motora de Deus em nós. Ela nos capacita no
amor, elucida na esperança e norteia na graça. Sem fé, a pessoa
humana perde o sentido da existência e, ao mesmo tempo, a
expectativa de um existir diferente sob a ótica Divina.
Pela
fé, adquirimos a coragem e a audácia para deixar que Deus viva em
nós, acampe em nossa alma e realiza proezas em nosso coração: “Eis
que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a
porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo” (Ap 3,
20). Eis um Deus que tem fé no humano, que estabelece com ele uma
aliança, um casamento existencial, um cuidado eterno e afável de um
pelo outro.
Muitos
são aqueles que se apegam ao superficial e acabam esquecendo-se do
que é fundamente para o seguimento cristão. A fé não vive do que
é momentâneo, pois a sua essência é perene, uma vez que está
alicerçada em Deus. Não são pregações públicas, barganhas e
demais petições que nos garantirão a vida eterna. Esta começa já:
aqui e agora! Nossas atitudes, quando pautadas pelo Evangelho, nos
precederão no céu.
Tenhamos
a mente e o coração voltados para o fundamento da nossa fé: o Deus
de Jesus e reavaliemos as nossas atitudes para descobrir se as mesmas
estão em consonância com o Evangelho. Não é de doutrinas vãs que
vive a pessoa, todavia, da fé simples, tranquila e serena.
Pe.
Robson de Oliveira Pereira
(C. Ss. R.), Reitor da Basílica de Trindade e Mestre em Teologia
Moral pela Universidade do Vaticano (http://twitter.com/padrerobson).
Extraído do jornal “Santuário”,
de Maio de 2013, pág. 2).
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