Lutar pela melhoria do transporte coletivo urbano é uma iniciativa louvável, necessária.
As
edições de hoje dos principais jornais goianos meio que chutaram a
quantidade de gente nas ruas na noite de quinta-feira (20). Para o
jornal O Popular, a manifestação ontem em Goiânia reuniu
entre 50 e 60 mil pessoas. O Diário da Manhã elevou a marca
para 70 mil manifestantes na capital goiana. De qualquer forma é
muita gente mesmo e deve ser difícil demais calcular com maior
precisão a quantidade de pessoas nas ruas nestes eventos.
Todavia,
um movimento que começou lutando pelo não reajuste do preço da
passagem de ônibus coletivo urbano, foi crescendo e agregando uma
série de outros temas importantes para a sociedade. Talvez se
continuasse o enfoque na necessidade de se melhorar a qualidade do
transporte, sobretudo nas médias e grandes cidades brasileiras,
haveria algum efeito prático em relação a este serviço essencial
para a população.
Que
a manifestação é bonita, empolgante, principalmente quando não há
quebra-quebra, ninguém duvida. É sempre bem-vinda, digo,
necessária, a participação popular no debate dos assuntos
relacionados à política, à gestão pública. Mas apenas se
manifestar, festejar, fazer milhões de fotos para os perfis nas
redes sociais ou álbuns particulares, voltando depois cada qual para
sua vida e seus interesses, penso, terá sido despendida muita
energia para pouco resultado.
Se
o interesse principal era manter o preço da passagem de ônibus sem
reajuste, isso foi conseguido. Em Goiânia, por exemplo, o usuário
do transporte coletivo continuará pagando os mesmos R$ 2,70 como
vinha acontecendo. Mas e aí? Era só isso mesmo? Imagino que não.
Se os líderes lá do início desse movimento quiserem lutar pela
melhoria do serviço será preciso negociar, o que envolverá
sentar-se à mesa com representantes dos usuários (passageiros),
empresas e governo (estadual e municipal) algo cansativo e que toma
tempo.
Talvez
eu esteja errado, mas acho que lutar para que o transporte público
melhore, passe a ser realizado com maior respeito aos horários, com
terminais de embarque mais funcionais e confortáveis, dignos de uso
mesmo, com os passageiros sendo tratados como gente, fazendo suas
viagens sentados, em segurança, e não em pé, disputando milímetros
de espaço nos ônibus, feito sardinhas em latas, é uma iniciativa à
qual vale a pena se dedicar.
Tudo
o que está dito no parágrafo anterior tem um preço em dinheiro. Na
vida real, alguém já falou que “não há almoço grátis”, tem
sempre alguém pagando. Então imagino que se dessa manifestação
surgir gente disposta a enfrentar a difícil peleja de negociar a
melhoria do serviço de transporte coletivo urbano vai ser algo muito
bom para a sociedade toda. É esperar para ver.
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