E parece que os gestores do transporte coletivo não estão ligando muita importância para o usuário ou o passageiro.
Quando você pensa que o transporte coletivo urbano de
Goiânia e região não tinha como piorar mais, a vida dos usuários deste serviço
essencial leva outro solavanco. É que nesta segunda-feira (10) os motoristas da
empresa Reunidas que atua, dentre outras localidades, em Trindade, decidiram
pela greve.
Segundo o que li no jornal O Popular de hoje, os
trabalhadores tem lá sim suas razões para estarem chateados demais da conta com
a situação. Vou transcrever em azul um parágrafo da reportagem da repórter
Janda Nayara, intitulada “Greve atinge 140 mil passageiros”:
Os motoristas
decidiram pela paralisação ainda na garagem da empresa, às 4 horas da manhã de
ontem, em protesto pelo parcelamento do salário. Eles receberam apenas 45% dos
vencimentos no 5º dia útil. Sem os ônibus da Reunidas, os motoristas da Rápido
Araguaia, que atendem as mesmas linhas, ficaram com medo de represálias por
parte dos passageiros e resolveram também paralisar o serviço. Quando era por
volta das 11 horas, os motoristas da Rápido Araguaia começaram a retomar o
serviço. Os da Reunidas continuaram com os braços cruzados.
Mas é o usuário?
Penso que todos os trabalhadores têm sim o direito de
pressionar os patrões visando ao recebimento integral do salário. Essa é a
regra básica da economia, não é verdade? Comprou, pagou. No caso, as empresas
de ônibus contrataram os profissionais e estes trabalharam, conforme o contrato
entre as partes. Então é preciso pagar os salários. Se há crise financeira no
setor por causa da tarifa de R$ 2,70 o problema é das empresas, dos
empresários. É assim, o dono assume o risco do negócio. O que não dá é para
ficar atrasando salário dos trabalhadores.
No entanto, acho que pouca gente aí, principalmente os
gestores e os donos das empresas de transporte, está pensando no lado daquele
que é a razão de existir deste e de todo serviço, o usuário, o cliente. Poderiam
ao menos ter avisado ao distinto passageiro que não haveria ônibus circulando
logo no início da manhã desta terça-feira. O sujeito sai de casa cedinho, com
horário cronometrado para chegar ao batente e, no ponto de ônibus, depois de
esperar mais do que normalmente já espera, fica sabendo da greve de motorista.
Podia ser diferente, neste aspecto.
Coisa difícil de entender é o motivo pelo qual não se
tem conhecimento de melhoria na qualidade do serviço de transporte público de
passageiros nas cidades brasileiras em geral, e em Goiânia e região, particularmente.
A confiar nas palavras dos gestores das empresas de ônibus, sem aumento da
tarifa não há solução. Fico aqui pensando se a tarifa passar para, digamos,
exagerados R$ 10, qual a garantia de que a qualidade do serviço vai acompanhar
o preço? Sei não, viu?
Faz tempo que o serviço de transporte coletivo urbano
de passageiros na Capital goiana precisa melhorar. A população vem crescendo, logo
a demanda pelo serviço também não para de crescer, mas não se tem notícia de
avanços, melhorias, no setor. A facilidade de se comprar carros e motos de hoje
em dia é que poupou o transporte coletivo do colapso. Basta imaginar esse
pessoal todo que viaja nos carros e motos que entopem as ruas e avenidas de
Goiânia deixando seus possantes em casa e disputando vagas (inexistentes,
diga-se) nos ônibus diariamente. Será que haveria ônibus capaz de atender a
todo mundo? Penso que não.
Quer dizer, já está passando da hora de governos
estadual e municipais, juntamente com as empresas, tratarem desse assunto,
diria, como sendo um tantinho mais relevante dentro da miríade de problemas que
afligem grande parte da população e ainda permanece assim em banho-maria. É
claro que não vou dar sugestão disso ou daquilo, não sou especialista em transporte,
mas sei muito bem do seguinte: o que está sendo ofertado não serve mais,
precisa melhorar.
Terminando
E pelo noticiário da noite, os usuários devem ficar
muito atentos, pois amanhã logo cedo a tendência é repetir a mesma encrenca de
hoje. Ou seja, os motoristas da Reunidas podem muito bem continuar com os pés
longe dos aceleradores dos ônibus parados nas garagens. Mais um dia difícil
para milhares de trabalhadores goianos. Vou torcer para que isso não ocorra
mais. Que coisa terrível.
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