Entrevista com Júnior Cabriny, Secretário Municipal de Finanças da Prefeitura de Trindade - Parte 1

Secretário Júnior Cabrinny: Sintonia fina com o prefeito.
O jornal Informativo Trindadense, edição de agosto, estampou manchete dizendo que a Prefeitura está quebrada. Como estão as finanças da Prefeitura na verdade?
Sinceramente, estamos trabalhando muito para salvar as contas da Prefeitura de Trindade. Quando o prefeito Jânio Darrot assumiu a gestão no início de janeiro deste ano, momento em que fui nomeado secretário de Finanças, encontramos uma situação calamitosa. Na cidade, como todos puderam comprovar, eram infindáveis os exemplos de descaso. Descaso na saúde, na educação, na infraestrutura. Enfim, uma situação deplorável. Com tão poucos investimentos na cidade, era de se esperar que houvesse, pelo menos, dinheiro em caixa, já que os recursos do município não estavam sendo aplicados na cidade. E qual foi a nossa surpresa? Constatamos um rombo de mais de 60 milhões de reais. Era inacreditável! Como assim? Sem investimentos na cidade e sem dinheiro em caixa.

Quer dizer que a Prefeitura foi entregue para a nova administração devendo mais de 60 milhões?
Exatamente. Sem investimentos na cidade e sem dinheiro em caixa. Esta foi a realidade que nos deixaram para administrar. Portanto, se está, literalmente, apagando fogo desde que o Prefeito assumiu a Prefeitura de Trindade em 1º de janeiro. Existem dificuldades, muitas dívidas e a arrecadação quase que não dá para cobrir as despesas. Mas também existe por parte de todos, principalmente do Prefeito, muita força de vontade e criatividade para superar estes obstáculos.

Afinal, a Prefeitura de Trindade bancou mesmo todos os gastos de preparação da Romaria do Divino Pai Eterno deste ano? Não houve parcerias com Estado, União e empresas, para fazer face às despesas?
A Prefeitura de Trindade nunca bancou a Romaria do Divino Pai Eterno. Nem antes, nem agora. A Igreja sempre organizou toda a Romaria por conta própria. Em uma ou outra ocasião, o poder público, nas suas esferas, pode ajudar estabelecendo parcerias. Mas, sinceramente, este custo é irrisório diante do gasto que a Igreja tem com a organização de um evento tão grandioso. Digo isso porque não podemos confundir a Romaria, um evento tradicional, com a obrigação do poder público na execução de seus serviços. Seja para um evento da Igreja ou qualquer outro evento em Trindade, a administração pública terá de realizar investimentos para assegurar um princípio básico de uma gestão eficiente que é a ordem e o bem-estar social. Se a Prefeitura não fizesse nada, como já aconteceu em outras ocasiões, a Romaria aconteceria da mesma forma, já que é a própria Igreja que organiza e banca a sua organização no âmbito religioso. No entanto, teríamos a cidade suja, com urina espalhada pelas ruas, desordem no trânsito, assaltos e até mesmo possibilidade de mortes.

Mas como fica a crítica que foi levantada pelo jornal Informativo Trindadense?
Totalmente infundada, desrespeitosa e infeliz! Não podemos dizer que a Prefeitura banca a Romaria, mas sim que realiza investimentos para garantir a ordem coletiva. Isso tudo em sincronia e unidade com o poder público e privado. Para se ter uma ideia, o Governo do Estado investiu novamente este ano cerca de 500 mil reais em serviço militar (PM e Corpo de Bombeiros) e mais 400 mil na realização de shows, que além de ser importante no aspecto cultural, garante lazer e gera receita para a nossa cidade, sem dúvida. E sem contar os patrocinadores garantidos de todas as romarias. O fato é viram uma romaria muito bem organizada e pensaram que era um exagero. Na verdade, estava só acontecendo o uso correto do dinheiro público e privado.

Nenhuma gestão municipal, pelo menos que a gente lembre agora, divulgou dados da receita decorrente da arrecadação de impostos durante a Romaria do Divino Pai Eterno. É possível dizer agora quanto é que a Prefeitura de Trindade arrecadou neste ano?
Seria impreciso detalhar de imediato os investimentos advindos de impostos e giro do comercial neste período de Romaria. Para isso, necessitaríamos de mais estudos e mais tempo. Mas é óbvio que um evento desta magnitude faz a moeda girar e isso gera recursos diretos e indiretos. Muitos são beneficiados com a Festa de Trindade. Até gente de outras religiões. De imediato poderia precisar que da parte da Prefeitura, a locação de espaços para as barracas neste ano de 2013 permitiu 379 mil reais em arrecadação. Este ano tudo foi novidade. Queremos empreender parcerias novas, buscando apoio de grandes empresas. Neste ano, por exemplo, buscamos o apoio da Vivo. Mas não foi como desejávamos, uma vez que essas empresas realizam seus planejamentos financeiros ao final de cada ano. Como assumimos a gestão em janeiro, poderemos conseguir bons apoios somente ao final deste ano, visando recursos para 2014. Vamos trabalhar muito por isso!

Sabe-se que a arrecadação da Prefeitura de Trindade costuma ser maior no primeiro semestre, devido ao vencimento de IPTU, ISS, a própria Romaria também. Qual a previsão de arrecadação para o segundo semestre deste ano?
Esta é uma realidade de todos os municípios. A arrecadação diminui aproximadamente 10% no segundo semestre. Isso é natural. Mas é este um dos pontos em que o gestor pode mostrar eficiência. Tenho me preocupado com isso e estou no controle da situação. Se antes não existia planejamento, agora eu posso assegurar: além de planejamento, temos nos atentado a tudo. Tenho o compromisso de ajudar Trindade a sair da armadilha que outros gestores deixaram. Nessa gestão, todos podem confiar no melhor uso do dinheiro público para o bem de todos.

Onde é que está o gargalo ou maior dificuldade na gestão das finanças da Prefeitura de Trindade?
Para mim, existem dois problemas: um foi a falta de compromisso de outras administrações. Não se planejou nem se pensou Trindade para crescer. E não estou dizendo somente da última administração, mas também de outras anteriores. Temos uma herança maldita e agora temos de trabalhar com o que temos. Mas não vamos ficar chorando o leite derramado. Queremos propor soluções e corrigir as falhas.

E as verbas federais? Como é que vocês estão pensando em aproveitar estas oportunidades?
Este é um problema que agrava em Trindade e em muitas prefeituras do Brasil. Precisamos urgentemente de um novo Pacto Federativo. Hoje, a União fica com a maior parte do bolo dos tributos arrecadados no País, depois vêm os Estados e, por último, os municípios. Só que onde estão as principais demandas? Nos municípios. As pessoas moram nas cidades. E é aqui que precisamos de recursos para saúde, educação, transporte, moradia e outras necessidades. Como não conseguimos atender todas as demandas, o que fazemos? Apresentamos projetos e vamos de pires na mão até o Governo Federal pedir recursos para financiar um ou outro projeto. Esta lógica precisa ser alterada urgentemente. Já existe uma mobilização nacional de prefeitos e governadores para forçar esta alteração. Mesmo assim, não estamos parados.

Quanto custa para manter a estrutura da Prefeitura de Trindade em funcionamento?

Hoje, praticamente todo o dinheiro arrecadado é imediatamente investido na cidade. Este é o custo da estrutura. Estamos no limite do gasto permitido para folha de pagamento de pessoal. Na saúde, para se ter uma ideia, temos um mínimo constitucional de 15%, mas investimos quase 25%. E ainda temos inúmeros problemas. Na educação, também investimos os 25% previstos constitucionalmente. Sobra sempre, muito pouco recurso, para a infraestrutura, mas, mesmo assim, estamos realizando obras. Posso afirmar com certeza uma coisa: nos últimos 12 anos, o dinheiro de Trindade nunca foi tão bem economizado e aplicado. Sigo a determinação do prefeito Jânio Darrot: fazer mais, com mais eficiência, e gastando menos. Não existem corrupção nem desperdício de dinheiro público na atual administração. 

Comentários

Parabéns Meu Amigo Sergio Vieira,muito boa a entrevista.
o blog tá show.
abraço do amigo W.Stival Revista Acontece News