Até o próximo sábado estará em cartaz o espetáculo das mudanças de partido pelos políticos de olho nas eleições de outubro do próximo ano.


A jornalista Suely Arantes, na coluna Fio Direto do jornal Diário da Manhã, página 12, desta quarta-feira (2), deu a seguinte notinha, que vai abaixo e na íntegra:
 
Balcão aberto
Ainda restam três dias para barganhas, traições, compra e venda de legendas. Termina sábado prazo para a troca de partidos.

Considerações
Há muito tempo que os políticos encenam o espetáculo do troca-troca partidário em anos anteriores às eleições. E o que move os caras nas opções feitas por esta ou aquela legenda (existem mais de 30 partidos no país) não tem nada a ver com identificação do filiado com o programa ou ideologia do partido. A questão basicamente se restringe a garantias para o sujeito se candidatar. Conseguido este espaço, o acordo é feito.
A coisa é tão esquisita que os caciques das legendas tiram o comando do partido em um município de uma pessoa ou grupo e passa assim na cara dura mesmo para outros novos interessados, sem qualquer cerimônia. Basta que haja a comunhão de interesses entre as partes para as coisas se ajeitarem. Não é raro o cara dormir como presidente do partido e se levantar fora da direção local da legenda.
Nos últimos tempos então parece que essa prática ganhou ares de normalidade no meio político-partidário. A prática no caso é a de se trocar de partido a todo momento sempre em busca do melhor espaço possível para os interesses pessoais dos envolvidos. Penso que deveria existir alguma identificação maior entre o político e a legenda. Fica esquisito, por exemplo, um capitalista dentro de um partido socialista.
Quando a gente observa as legenda menores então a coisa mesmo muito estranha. Se o político, geralmente neófito, demonstra uma certa capacidade de articulação e uma capacidade financeira de razoável para cima, boa parte das dificuldades acaba dirimidas e o acordo fica muito facilitado. E quase sempre isso significa que o sujeito assumirá o comando do partido sem maiores delongas.
Sem fazer muito esforço de memória é possível lembrar de político que deixa um partido e já se filia em outra sigla tendo como condição a proposta de que assumirá o comando das ações, e pronto. Simples assim. Se isso ocorre, é claro que os partidos estão longe de serem vistos pela população como entidades fortes, sérias. Afinal de contas, só mesmo na vida partidária que o sujeito vai entrando no ônibus e já “se senta na janela”, como se diz popularmente.
E a nota fala ainda nas “traições, compra e venda de legendas”, algo muito fácil de se suspeitar mas de difícil comprovação, evidentemente. E o pior disso tudo é que a população parece dar menos importância à política a cada dia que passa e a cada escândalo envolvendo políticos que ganha o noticiário. É um quadro triste de ver.

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