Falando sobre o destaque que a mídia dá às notícias ruins.
Dia desses estava conversando com alguns amigos quando a
prosa resvalou para a mídia. Ou melhor, em como a mídia destaca as notícias
ruins em lugar de divulgar coisas positivas. Olha, nem tanto gostar, mas coisas
inusitadas sempre chamam mais a atenção do público, não há como negar isso.
Sabe como é? O cachorro morder o homem não é lá novidade. Agora, o homem morder
o cão, eis algo fora do esquadro. E em acontecendo isso, o fato vira notícia
mesmo.
Além disso, parece de verdade que as pessoas prestam mais
atenção em coisas ruins. Não acho que os editores dos telejornais, por exemplo,
coloquem notícias de assaltos, sequestros, acidentes automobilísticos com
vítimas e cataclismos em geral por pura vontade de torturar o público. Se dá
audiência, a notícia aparece na escalada e abre de cara o noticiário de
qualquer programa.
Na edição desta segunda-feira (28) do Jornal Hoje (Rede
Globo), por exemplo, emendaram quatro matérias pesadas sobre violência. A
primeira, contou que um jovem foi alvejado por um policial militar em São Paulo
e morreu (http://migre.me/grAW0). Outro
destaque do jornalístico global relatou o acidente de carro em que o motorista
participava de um “pega”, em Guarapari/ES, que acabou na morte da namorada do
jovem motorista (http://migre.me/grB0C). Já
em Sorocaba/SP houve o confronto entre jovens e policiais militares (http://migre.me/grB2x). Por último, jovens de
classe média alta são suspeitos de terem sequestrado filho de empresário em
Fortaleza/CE (http://migre.me/grBaB).
Claro que tipo das notícias acima chama a atenção do público
e dá audiência sim. Do contrário, penso, nem passaria da ilha de edição. E essa
espécie de desejo mórbido por notícia ruim não parece ser coisa só brasileiro
não. Segundo a gente ouve falar e lê na imprensa, trata-se de algo presente por
esse mundo de meu Deus. É certo que os profissionais da comunicação bem que
podiam maneirar um pouco a mão na exibição de tanta notícia triste ao mesmo
tempo. Será que não tem tanta coisa boa para ser contada ao distinto público
não? É só uma pergunta.
Estou participando de um curso de “Formação de líderes”, e o
instrutor Alexandre Macedo, mora em Brasília e vem a Goiânia para ministrar as
aulas do encontro semanal. Na abertura do primeiro dia de aula, o instrutor comentou
esse traço presente nas pessoas em geral. Ele exemplificou assim. “Você vem de
Brasília para Goiânia e, de um lado da rodovia a vegetação está verde, há
muitas árvores, existem animais nos pastos e bois branquinhos que parecem
algodão. Aí você se depara com um acidente. Quando, ao chegar em Goiânia, for
contar para alguém como foi a viagem e mencionar o acidente, todo mundo vai
querer saber é do acidente”, relatou Macedo.
Bem, caríssimos internautas, concordo com a argumentação do
meu instrutor. É incrível como a gente acaba dedicando mais tempo pensando e
falando sobre coisas ruins, negativas, do que prestando atenção em fatos,
digamos, positivos. Eu sinceramente não sei bem como é que se deve proceder
não. Imagino que se pode focar mais nos fatos bacanas, edificantes, capazes de
distinguir os feitos positivos. Mas essa discussão toda certamente rende muita
conversa. E eu tenho cá comigo a impressão de que o importante é haver
liberdade para que o público possa escolher o que deseja assistir dentro do
imenso cardápio de notícias disponíveis nas várias mídias dos dias de hoje.
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