Sobre a necessidade de se aprimorar a gestão do serviço público municipal de Saúde.
A Operação Tarja
Preta que desmontou esquema de fraudes na venda, geralmente
superfaturada, de medicamentos, equipamentos hospitalares e
odontológicos para prefeituras goianas, resultou na denúncia pelo
Ministério Público de Goiás ao Tribunal de Justiça de Goiás
(http://zip.net/bblkHZ) de 59
pessoas, sendo 15 prefeitos, 1 ex-prefeito e 17 secretários
municipais de Saúde, além de empresários e advogados.
Agora a ação começa
a andar no poder Judiciário segundo o rito próprio estabelecido
pela legislação brasileira. Os acusados terão certamente o amplo
direito de defesa e, comprovando-se as respectivas autorias dos fatos
ilegais, haverá punição. A população conta com isso,
evidentemente. Ou, no mínimo, quem atua na imprensa e os chamados
formadores de opinião, gente que dedica mais atenção a eventos
iguais a estes e que são noticiados ao longo dos dias.
Vi nessa operação
meio que a comprovação do que se ouve falar informalmente a
respeito das gestões municipais, ou seja, há ralos demais escoando
as finanças das prefeituras desse Brasil de meu Deus. Pelo menos, é
essa uma suposição forte quando se observa o funcionamento de
serviços públicos municipais. Dinheiro nunca é suficiente para
oferecer bom atendimento aos usuários, de acordo com os discursos
oficiais, mas há críticas relacionadas à qualidade da gestão do
que sem disponível. E a resposta ansiosamente aguardada por todos é
mais trabalho com mais competência, eficácia, impessoalidade e
transparência, ouso acreditar.
A impressão que tenho
desse assunto é que falta, digamos, profissionalismo na gestão dos
serviços de Saúde em grande parte dos municípios. Quem não cuida
bem de poucos recursos, geralmente encontra ainda mais dificuldades
para gerir com eficiência uma maior quantidade de pessoal e dotação
orçamentária mais vultosa, vale salientar. No frigir dos ovos a
capacitação dos agentes envolvidos se faz absolutamente
imprescindível, caso se deseje mesmo ofertar serviços de qualidade
aos usuários do sistema.
E o pior de tudo é que
se os recursos já são considerados insuficientes para se oferecer
um serviço público municipal de Saúde com qualidade ao usuário,
imagine havendo fraudes nas compras. Aí a sangria dos cofres
municipais agrava certamente a situação de milhões de pessoas que
necessitam da rede pública para tratar das doenças e curar as
feridas do corpo. A coisa é muita séria, pois estamos falando de
vidas de pessoas que precisam do poder público.
Observando o
funcionamento de alguma prefeitura com uma certa distância, a gente
percebe sinais de prosperidade de agentes públicos, segundo as
conversas informais do dia a dia. É natural ouvir dizer, por
exemplo, que “fulano entrou pobre em tal função na prefeitura e
já está rico”. Isso acende a luz amarela em qualquer pessoa e já
provoca indignação no sujeito. Também por isso a fiscalização e
controle das gestões municipais, penso, devem ser aprimorados. Não
é fácil, lógico. São mais de 5,5 mil municípios no Brasil. No
entanto, casos como esse flagrado pela Operação Tarja Preta, mostra
a necessidade da sociedade dar um “alto lá” na forma como está
sendo gerida a coisa pública por inúmeras prefeituras brasileiras.
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