Falar é fácil, difícil é se candidatar de verdade.


No momento a gente está ouvindo tanta gente anunciar candidatura a deputado estadual e até a deputado federal por Trindade que a coisa até parece ser simples demais. É, mas só aparenta, pois na prática o negócio é complicadíssimo e custa caro, muito caro. Para se candidatar e ter chances verdadeiras de conquistar uma das 41 vagas de deputado estadual em Goiás, é preciso que o sujeito tenha “bala na agulha”, ou seja, dinheiro para bancar a campanha.

Se para deputado estadual a coisa já é complicada, pense então se consideramos a questão da candidatura a deputado federal e suas 17 vagas a que Goiás tem direito na Câmara dos Deputados, em Brasília. Para se conquistar uma cadeira para chamar de sua no Parlamento o “brasileiro ou brasileira” tem que gastar uma quantidade grande de reais, para tanto. O negócio custa caro, além do que para algumas vagas, parece, já existem ocupantes cativos, pois tem deputado que consegue se reeleger há muitas e muitas eleições seguidas.

Claro que política não é uma atividade na qual a gente vai encontrar bobos ou ingênuos. Quem entra para esse mundo já o faz sabendo muito bem que ali a banda toca diferente, ou de uma forma muito particular, com seus significados e valores meio próprios. E faz um certo tempo que as coisas mudaram muito. Aquela forma de fazer campanha eleitoral conquistando apoios à base de convencimento com argumentação coerente, ideias sensatas, tudo isso temperado pelo carisma do candidato, ficou no passado.

Principalmente nas últimas eleições o que se viu foi o fortalecimento de uma prática de se contratar pessoas consideradas líderes em suas comunidades. E um traço comum que consegui enxergar nestes supostos líderes tem a ver com a disponibilidade de tempo que a pessoa pode ofertar ao candidato. Não é segredo que para pedir votos é preciso contar com cabos eleitorais em tempo integral. Não dá para pedir voto, digamos, das 7 h ao meio-dia, voltar para casa e descansar. Por isso a equipe do candidato precisa contar com “líderes” trabalhando de dia e de noite, full-time.

Mas convém notar que há gente se auto-intitulando líder político que se se candidatar a vereador em Trindade terá dificuldade para se eleger, eis uma séria suspeita. Tudo bem, mas o ponto é que política se faz com gente e material de propaganda. Tudo isso custa caro, ninguém duvida. E dinheiro não cai do céu nem empresário ou político rico sai por aí com os bolsos abertos para financiar campanha eleitoral dos outros, como sendo ato de caridade ou extrema disposição em doar dindin para o outro conquistar poder político.

E outra coisa, vários desses políticos que estão se auto-lançando candidatos a deputado o fazem para se colocar em evidência em 2014, mas de olho verdadeiramente nas eleições municipais de 2016. Essa é uma tática mais velha do que o rascunho da Bíblia, como se diz. O cara registra candidatura para deputado, faz uma campanha modesta, mas seu nome já fica aí no imaginário coletivo do eleitorado, facilitando o trabalho para as próximas eleições, que realmente interessam aos nobres políticos.

Seja lá como for, também nesse caso é muito fácil falar que se é candidato. Difícil mesmo é ter coragem, disposição e recursos, sobretudo financeiros, para enfrentar uma peleja desse tamanho. Não é coisa para qualquer um não.

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