Promotora de Justiça questiona projetos de lei que tratam de doação de terrenos públicos em Trindade.
Áreas em
Trindade
A promotora de
Justiça Patrícia Adriana Ribeiro Barbosa expediu recomendação aos
vereadores de Trindade para que rejeitem dois projetos de lei do
Executivo municipal que doam áreas públicas municipais a
particulares e para que revoguem a lei que doou uma área à empresa
Sorveart, sob pena de propor ação por improbidade administrativa. A
promotora deu prazo de cinco dias para que os parlamentares informem
as providências, ressaltando que o documento serve de prova do dolo.
A nota acima foi publicada na coluna
Direito&Justiça, do jornal O Popular
(http://www.opopular.com.br),
pela jornalista Carla Borges, na edição de sábado (14), página 8.
Comentário
Esse negócio de se doar terreno
público para empresas ou entidades sempre vem acompanhado de dúvidas
quanto à correção da coisa toda e até mesmo em relação à
finalidade a que se destinará o patrimônio público que é
repassado assim quase sempre a custo zero para quem recebe,
geralmente particulares. Isso é o que a gente percebe no noticiário
de diversas cidades por esse Brasil de meu Deus, vale dizer. Claro,
Goiás e Trindade inclusive.
A propósito, a edição de hoje (16),
segunda-feira, do mesmo O Popular, com chamada na capa e tudo,
destaca ações do Prefeitura de Goiânia relacionadas à destinação
de áreas públicas na capital. “Lotes para troca, doação ou
venda”, diz a manchete acima de imagens de terrenos, muitos deles
situados em locais valorizados de Goiânia. Como legenda das fotos, a
informação de que “projeto enviado pela Prefeitura à Câmara
prevê desafetação de 18 áreas – seis delas permutadas ou
doadas. Lotes no Parque Lozandes, Jardim Goiás, Residencial Humaitá
e Setor Universitário estão na lista”.
Os caras vão doando áreas públicas
ao longo dos tempos e chega num determinado momento que é preciso
construir uma praça, um prédio público, sei lá, mas não existe
mais terreno apropriado para tanto. E aí se faz necessário adquirir
terreno. E quantas vezes a gente ouve falar que determinado local
devia ter uma mata qualquer, talvez para se construir um parque, mas
a área foi doada e o novo dono desmatou tudo. Penso que essas
doações precisam mesmo passar por uma análise mais profunda e
rigorosa, com absoluta transparência. Afinal, é o patrimônio
público que está em jogo.
Voltando ao caso de Trindade, pelo que
se lê na nota em questão, a promotora de Justiça da “Capital da
fé”, Patrícia Ribeiro parece não estar convencida de que as
doações objeto de sua atenção estejam corretas. E quem frequenta
no dia a dia as sessões ordinárias da Câmara Municipal de Trindade
fala inclusive que foi feito um acompanhamento pela assessoria da
promotora em relação à votação em plenário realizada pelos
vereadores. É sabido como cada vereador votou, se a favor, contra ou
se absteve na sessão em que os projetos estiveram em pauta.
Se as coisas estiverem sendo feitas
absolutamente conforme determina a legislação aplicável ao caso,
não haverá problema algum para o prefeito que propôs os projetos e
os vereadores que aprovaram tais matérias ora questionadas pela
promotora de Justiça de Trindade. Agora, do contrário, a dor de
cabeça é certa. E nessas ocasiões acabo me lembrando de um ditado
mais ou menos assim: “É melhor o mau acordo do que uma boa
demanda”.
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