Amor e amizade
Padre
Luiz Augusto
Há
pessoas que entram na nossa vida e nos cativam pela generosidade,
pelo seu jeito simples de ser. E passamos a amá-las com amor de
predileção. Tonam-se amigos especiais que queremos sempre por
perto, quando não é possível, contentamos em receber notícias.
Nesse
mundo, perdemos muito, perdemos a capacidade de ser amigo em
quaisquer circunstâncias, porque perdemos a capacidade de sentir, de
expressar gratidão, de olhar nos olhos e dizer: “Amigos para
sempre.”
Sentir
saudade é próprio de quem ama, ainda que não haja correspondência.
Mas é muito complicado perceber aquilo que o próprio Deus dizia a
respeito do nosso amor por Ele: “O amor de vocês é como o orvalho
da manhã que logo se dissipa.”
Não
é bom nem fácil constatar que os relacionamentos humanos de hoje,
os nossos relacionamentos, são muito mais relação de ajuda que
verdadeira relação de amizade, que mudam, sobretudo, quando exigem
esforço, doação maior de nossa parte. Amigo pode até não
concordar com a atitude do outro, mas, por ser amigo, não abandona,
não inventa desculpa para não estar por perto.
Gosto
muito dos momentos de dor, das canções de retratam as lutas da
vida. Por isso gosto de ler e reler a história de Zaqueu, do Filho
Pródigo, da pecadora perdoada, e de saber que, como Pedro, sou fraco
e pecador, mas que jamais vou me cansar de dizer: “Senhor, Tua
sabes tudo, Tu sabes que Te amo.”
Sofro
por perceber que a mentira, o interesse próprio e tantos sentimentos
mesquinhos pintados com cores de virtude e honestidade predominam com
a mesma intensidade entre os que se dizem cristãos. É lamentável
constatar que quem vê cara não vê coração, por sua vez, é muito
melhor enxergar que o amor tudo crê, tudo espera, tudo suporta e
tudo perdoa.
Perde
somente quem se contenta em viver apenas uma relação de ajuda, e
não de amizade.
Luiz
Augusto Ferreira da Silva
é padre na Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, em Aparecida
de Goiânia.
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