Professor demais fora das salas de aula nas escolas goianas.
O
jornal O Popular (http://www.opopular.com.br)
desta sexta-feira (21) destaca com manchete na capa e tudo o mais a
existência, em Goiás, de 4 mil professores da rede estadual de
ensino dando expediente fora das salas de aulas. Boa parte desse
pessoal encontra-se em atividades administrativas, segundo auditoria
do Tribunal de Contas da União (TCU) realizada para avaliar a
qualidade do ensino médio no Brasil.
Sabe
que a gente até não se assusta muito com esse número não? Afinal
de contas, quase não se ouve falar em concurso público para a
contratação de técnicos administrativos para trabalhar na
Secretaria da Educação de Goiás. Fica até parecendo que na
Educação só há espaço para professor. Qualquer um percebe logo
que a coisa não é bem assim. E até quando se fala em greve na
Educação vem à cabeça a paralisação somente dos professores, o
pessoal na área administrativa parece não contar muito não.
Para
piorar ainda, dizem que os salários dos técnicos administrativos
são mais baixos do que as remunerações dos professores. Ah, e todo
mundo também já deve estar sabendo que professor da rede estadual
tem salário incompatível com a importância do trabalho prestado à
população. Quis evitar dizer que os salários dos professores são
baixos demais da conta, perdão. Por uma questão de justiça, vamos
registrar que professor da rede municipal de ensino, pelo menos em
Trindade (GO), ganha mal também.
A
reportagem do Popular diz que o déficit de professores
nas salas de aula das escolas goianas, no entanto, é de 943
professores. Logo, bastaria colocar os mestres que estão nas
atividades administrativas de volta ao batente manuseando giz e
apagador na lousa para o tête-à-tête com os alunos diariamente que
o problema estaria resolvido. Será? Talvez, mas daí certamente
haveria problema na administração. E sem contar ainda que se o
professor está há muitos anos sem dar aulas pode ter perdido, como
direi, a embocadura. Aí a coisa complica.
Bom,
o fato é que o Governo devia fazer concurso público para contratar
pessoal técnico administrativo e daí planejar melhor esse negócio
de política de recursos humanos ou de gestão de pessoas.
Sinceramente, essa distorção gigantesca deixa uma dúvida na gente
com relação à competência do Governo goiano no tocante à gestão
do pessoal na área da Educação. Afinal, seria melhor ter mais
professores atuando na área de atividade fim. Lendo a matéria do
Popular não consegui encontrar, porém, maiores informações a
respeito da qualidade do ensino em Goiás.
Mas
antes de condenar a atual situação e defender o fim imediato “disso
tudo que está aí”, seria interessante refletir com um tantinho
mais de calma a respeito da coisa toda. Não se pode também,
imagino, simplesmente radicalizar e promover o retorno de todos os
professores para as salas de aula. Afinal de contas, há atividades
da área meio cuja participação de professores certamente pode
melhorar o resultado. Além disso, proibir totalmente que professor
atue em atividades administrativas seria engessar a gestão de
pessoas na Educação. Afinal, “nem tanto ao Mar nem tanto à
Terra”, conforme ensina a sabedoria popular.
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