Variações sobre o mesmo tema: a vida humana está valendo cada dia menos.
Recorte da capa do jornal O Popular: Chacina em Goiânia. |
Exceto alguém que esteve embrenhado
numa mata densa e fora do alcance do sinal de celular, televisão,
rádio, enfim quem realmente se isolou do mundo, é que não ficou
sabendo da mais recente chacina em Goiânia. Quatro meninas foram
assassinadas e este crime bárbaro veio à tona no último dia 8 de
março, data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher.
Sinara Monteiro da Costa, 16 anos;
Mylleide Morgana Borba, 19 anos; Rayane Kellry Silva, 15 anos e Ana
Kelly Martins Cardoso, 19 anos. Todas elas foram assassinadas com
tiros na cabeça. Os corpos foram enfileiradas no asfalto em uma das
ruas do Jardim Petrópolis, no Morro do Mendanha, na capital goiana.
Cena horrível de se ver, inclusive pela televisão ou em fotografias
de jornais e sites na internet.
Nos últimos meses fiquei e continuo
bastante incomodado, indignado mesmo, com essa banalização de
assassinatos que vem acontecendo em Goiânia e região. Coisa
horrível! Isso também, penso, não deixa de ser um aspecto
degradante sim da sociedade na qual vivemos. Quer dizer que por
qualquer bobagem o sujeito decide ser Deus e tirar a vida do outro?
Ah, e o povo aceita um trem esquisito desses com naturalidade e
conformismo? Creio não estar exagerando, pois a realidade que vejo à
minha volta é desse jeito, sem tirar e nem por.
Já se aventou a possibilidade de essas
quatro jovens assassinadas terem envolvimento com prostituição ou
drogas. E daí? Então, digamos que neste submundo cuja existência é
fato inegável e as ações ocorrem sob a luz do sol diariamente nas
ruas das diversas cidades brasileiras e goianas, pode-se matar um er
humano e a coisa fica por isso mesmo? Ou seja, assassinar é uma
forma “legítima” de se solucionar os conflitos? Credo em cruz!
Dize-se que o povo brasileiro, goiano
inclusive, é de uma bondade sem quantia. Mas como pode ser tão bom
assim e conviver com essa mortandade toda diariamente, sem que se
exija do aparato estatal uma punição mais severa para os
assassinos? Gente, no Brasil são assassinadas coisa de 50 mil
pessoas por ano! É como se todo ano uma cidade do porte de Inhumas
(50.736 habitantes) em Goiás fosse riscada do mapa por ter a
população assassinada. É sério isso! Ou não?
E nem precisa vir com essa conversa de
que são bandidos se matando uns aos outros. Quantos assassinatos já
aconteceram por discussões entre motoristas barbeiros no trânsito
das cidades? O cabra arranja dinheiro com agiota, não consegue pagar
e acaba aparecendo morto. A gente ouve e vê muito esse tipo de
acontecimento por aí. E a sociedade, o povo, vai levando, deixando a
coisa correr. Apenas quando se mata alguém muito próximo da gente é
que ficamos verdadeiramente indignados pela violência urbana, mas o
tempo cura queijo e cicatriza as feridas mais profundas da alma,
todos sabemos disso. Logo a coisa cai no esquecimento, vira um número
das estatísticas oficias de criminalidade, e pronto.
Sinceramente, fico revoltado com essa
situação na qual estamos vivendo. Se o Estado e suas instituições
não conseguem punir com mais rigor os assassinos, até para
intimidar as pessoas a não cometer crimes, no limite a gente poderá
chegar mesmo é naquela situação do “olho por olho...”. E
negócio é tão estranho que todo mundo fala sobre violência
urbana, menos políticos, principalmente os parlamentares federais
(deputados e senadores) que legislam sobre a matéria. Governadores
que deveriam investir na construção de presídios mais seguros e
capazes de abrigar com dignidades os presos evitam ao máximo falar
deste tema. Estou exagerando demais ou não?
Preocupante isso tudo, eu acho. As
quatro meninas mortas daqui a pouquíssimos dias serão lembradas
apenas pelos familiares e amigos bem próximos. Pois não tarda muito
e surge outro fato tão ou mais escabroso no noticiário. E assim
caminha a humanidade. Humanidade? Sei não!
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