Mais de um quarto de século da Grande Caminhada de Fé.
Cena da Grande Caminhada de Fé: Jesus com os discípulos após a última ceia enquanto Judas faz o negócio com os poderosos. |
Lá
se vão, o quê?, uns 25 anos que o Grupo Desencanto de Teatro vem
realizando a Grande Caminhada de Fé, em Trindade. Já pensou bem? Um
quarto de século que, mais ou menos, os mesmos caras estão aí
nessa peleja todo ano. Se tem mais apoio, sobretudo financeiro, do
poder público (Prefeitura à frente e órgãos do Governo do Estado
também), eles vão lá e fazem o espetáculo. Se o apoio é pequeno
e a grana, como sempre, fica curta, não importa, eles buscam força
uns nos outros e mantêm em cartaz o trabalho deles. É gente que faz
acontecer a cultura na “Capital da fé”.
A
encenação da “Vida, Paixão e Morte de Cristo” é uma peça com
roteiro de Amarildo Jacinto, toda pensada para ser apresentada ao ar
livre mesmo, e como palco as Estações da Via-Sacra pintadas pelo
artista plástico goiano Omar Souto, à margem esquerda (sentido
Goiânia-Trindade) da Rodovia dos Romeiros (GO 060). No total, mais
de 500 pessoas têm algum tipo de atuação para que o espetáculo
aconteça. E os atores são todos amadores, não há nenhuma grande
figura conhecida do grande público, vale dizer.
Faz
um tempinho que venho observando como é difícil para o Grupo
Desencanto continuar realizando este espetáculo de fé. A ajuda
financeira sempre aparece na undécima hora, tornando as coisas ainda
mais difíceis do que normalmente já são. Sinceramente, não
entendo muito bem o porquê da cidade, falo aqui, evidentemente, das
empresas mesmo, que não se propõem em fazer parcerias para
viabilizar financeiramente este evento.
As
Pousadas, Hotéis, Restaurantes, Pizzarias, ficam lotadas de turistas
nestes dias da Semana Santa e em Trindade não há nada acontecendo,
além das missas normais do dia à dia, para que os visitantes possam
fazer contato com, digamos, as coisas produzidas pelos trindadenses.
Esses empreendimentos, claro, juntamente com a Prefeitura da cidade,
bem que poderiam se tornar agentes financiadores da produção
cultural do município. Afinal, eles também ganham com a maior
visitação à cidade, que só tem feito crescer, e deixar de ganhar
no caso do fluxo de turistas recuar.
Ah,
mas se os turistas religiosos, católicos em sua esmagadora maioria,
estão vindo sem que se realize eventos para tanto, por quê se
preocupar? De fato, as coisas estão acontecendo assim, mas há um
limite que certamente já deve ter sido atingido. Os turistas têm
chegado à cidade e só encontram as missas e nada mais. Um
espetáculo como a Grande Caminhada de Fé segura os turistas por
aqui, além de atrair milhares de outras pessoas o que pode inclusive
ter reflexo lá no comércio e no segmento de prestação de serviços
de Trindade.
De
qualquer forma, acho que é necessário mais uma vez cumprimentar a
todos que participaram de mais esta Grande Caminhada de Fé. É tempo
também para se parabenizar os líderes da Sociedade Desencanto, o
Rodrigo Cunha a Ivone e, é claro, o Amarildo Jacinto, pela dedicação
ao longo deste meio quarto de século encenando a “Vida, Paixão e
Morte de Cristo”. Vida longa ao Grupo Desencanto!
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