Prefeitos fazem caminhada no centro de Goiânia por mais dinheiro da União e do Estado.
Prefeitos na Av. Goiás: Mais dinheiro para as Prefeituras. |
A
tarde desta sexta-feira (11) foi de trânsito complicado na Avenida
Goiás, no centro de Goiânia. Prefeitos, vereadores e gente ligada
às administrações de diversos municípios goianos, fizeram
caminhada da Praça do Trabalhador até a Praça Cívica. Quando a
gente pensa em manifestações já vem logo na cabeça estudantes,
black bloks, professores ou trabalhadores sem-terra, mas dessa vez os
chefes de Executivos de cidades deste Goiás de meu Deus foram para a
rua tentando sensibilizar o pessoal de Brasília e também o Governo
estadual a abrir mais os respectivos cofres e aumentar a receita
municipal. Grosso modo é isso aí mesmo.
Entidades
compostas pelos prefeitos, casos da Associação Goiana dos
Municípios (AGM) e Federação Goiana de Municípios (FGM), foram as
organizadoras desta manifestação que, segundo esse pessoal, deve
acontecer em diversas cidades de 16 estados brasileiros. Os gestores
municipais estão preocupados demais da conta porque os municípios
goianos estão vivendo um período de crise financeira “como nunca
antes neste país”. A saída, entendem os prefeitos, é promover
uma mudança na relação financeira entre Municípios, Estados e a
União.
Definitivamente,
a vida não está fácil, parece, que é para seu ninguém. Os
prefeitos cuidam de uma dinheirama pública muitas vezes passando a
impressão de que na verdade estão administrando as contas pessoais
ou de uma empresa da qual se acham donos pelo período do mandato.
Basta notar a prática comum dos caras tomarem posse e encher a
prefeitura em questão de um monte de gente nos tais de cargos
comissionados. Daí aquela expressão pejorativa sobre os “Aspones”,
os assessores de porra nenhuma, tão presentes em diversas
repartições públicas nos municípios deste Brasil “em que se
plantando tudo dá”. É pouco serviço para tanto empregado.
Todo
mundo concorda que realmente é no município que se trabalha, se
vive enfim. Logo, é neste lugar onde devem existir serviços
públicos de Educação, Segurança, Saúde, Lazer, Cultura,
Mobilidade Urbana, Transporte, dentre outras, com qualidade e a
universalidade que a população precisa. Para tanto, é necessário
ter dinheiro para pagar a conta, não é verdade? Não dá para ser
contra isso, sabendo que a União acaba ficando com a maior parte das
receitas tributárias. Mudar um pouco essa lógica tem a ver com a
discussão do pacto federativo que faz tempo a gente ouve dizer que
tem que ser adaptado à nova realidade. Na prática, contudo, não se
faz absolutamente nada neste sentido.
Todavia
é bom lembrar: se com a grana curta para as Prefeituras, conforme os
manifestantes têm afirmado, a gente já toma conhecimento pela
imprensa de tanto desvio de recursos públicos com o dedo de prefeito
ou gente sob sua responsabilidade, é de se pensar sobre a
conveniência de se aumentar ainda mais o volume de dinheiro para ser
gerido por esse pessoal. Mas sinceramente, acho que não é este o
xis da questão. A demanda por serviços é grande e precisa ser
atendida, e ponto. Ademais, tem muito órgão de controle (Tribunais
de Contas da União, dos Estados e dos Municípios; Controladorias da
União e dos Estados; além disso, há o Ministério Público Federal
e Estadual... ops! Tem a imprensa, né?) neste país que deve passar
a cuidar melhor do acompanhamento dos gastos públicos. Ah, a
estrutura existente hoje em dia é pequena para isso! Uái, contrate
mais gente, amplie a estrutura e vamos cuidar do dindin desta “gente
bronzeada”.
Neste
ano de eleições, certamente os prefeitos vão ser chamados para
apoiar e até irão lançar os seus preferidos candidatos a deputado
estadual, federal e senador. Quer melhor momento do que este para
fazer compromissos com políticos mais preocupados com a situação
dos municípios? Mas os caras lançam candidatos a assentos nos
Parlamentos que muito pouco ou quase nada entendem de política ou de
finanças públicas. Aí as bancadas eleitas geralmente não contam
com gente preparada e/ou disposta a defender uma nova pactuação nos
repasses financeiros entre União, Estados e municípios.
Agora
um ponto também muito interessante. Os prefeitos enquanto candidatos
fazem promessas a torto e a direito, dando a impressão de quem
descobriram o mapa da mina para solucionar todos os problemas da
comunidade. Alguns é porque não sabem de nada mesmo, mas tem gente
no meio dos mais de 5,5 mil prefeitos brasileiros que são mesmo
melhor preparados e deviam mudar o discurso fácil de falar que tudo
o que foi feito até então não vale nada e que, “se eleito”, a
sucursal do paraíso estará instalada em sua cidade. Ou seja, é
preciso ter mais seriedade durante a campanha eleitoral, ouso
acreditar.
Sabe
porque eu penso assim, internauta? Se o candidato falasse a verdade,
olho no olho do eleitor, talvez a credibilidade do político, de uma
maneira geral, pudesse sair do baixíssimo nível em que se encontra
atualmente. E a população também entraria nessa manifestação
engrossando a grita geral por mais dinheiro nos municípios. Mas quem
anda por aí acreditando em conversa de político? Por esse motivo,
eis que surge outra questão: o povo quer mesmo ouvir uma proposta
verdadeira ou apenas também tentar levar uma vantagem? Bem, aí já
é uma outra história...
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