Sobre radar e buracos na pista de rodovias, ruas e avenidas do Brasil.


Na sexta-feira (9) fiz uma viagem rápida de Goiânia a Palmeiras de Goiás, passando por Trindade e Campestre de Goiás. Lá pelas tantas, percorrendo a Rodovia GO 050, logo após um Córrego, eis que demos de cara com um radar quase camuflado à margem da estrada, depois da ponte. Os caras responsáveis pelo monitoramento da velocidade dos motoristas estacionaram o carro deles na margem oposta.

Sabe a sensação de se estar assistindo à preparação do cenário para a filmagem de uma pegadinha igual àquela dos programas de televisão? Pois então, foi justamente isso que senti ao me deparar com o radar surgido assim do nada. Coisa parecida a gente vê também quase que dia sim e outro também na Rodovia GO 060, a Rodovia dos Romeiros, entre Goiânia e Trindade. Os caras costumam colocar o radar ao lado de um coqueiro ou na base da passarela no Vera Cruz, enfim geralmente o aparelho fica meio que na moita, como se diz.

E a gente sabe que não há de ilegal nisso aí não. A legislação vigente não obriga mais que se faça qualquer indicação a respeito do radar móvel, como há um tempo era feito. Tem gente achando esse tipo de prática oficial algo bacana, pois do contrário não teriam botado semelhante modo de agir em conformidade com a legislação em vigor. Não acho recomendável que o Estado, mesmo que por terceiros, haja dessa forma, ainda que a pretexto de “salvar vidas no trânsito” ao coibir o excesso de velocidade nas pistas.

Penso que o jogo aí deve ser mais às claras, sem se usar quaisquer artimanhas como um dia instalar o radar num ponto, depois colocar o equipamento em outro lugar, sempre buscando flagrar o condutor trafegando em velocidade acima da permitida para o local específico. Tudo bem que isso é bacana, pode até prevenir a ocorrência de acidentes, poupando vidas inclusive, o que por si só já seria algo extremamente bem-vindo.

Será, no entanto, que o poder público realmente se preocupa com a segurança de motoristas e passageiros seja nas rodovias federais, estaduais, nas ruas e avenidas das cidades? Por exemplo, por quê o uso do cinto de segurança é obrigatório mas autoridade nenhuma se preocupa com as pessoas que viajam espremidas nos ônibus do transporte coletivo das cidades brasileiras? Quantos milhões de pessoas são transportadas diariamente em pé dentro de ônibus e o poder público nem tchum...

E a buraqueira nas pistas de rodovias, ruas e avenidas dos municípios deste “país em que se plantando tudo dá” nos mostra indisfarçavelmente que o poder público, nas três esferas (União, Estados e Municípios), está longe de cuidar bem dos caminhos por onde circulam pessoas e a riqueza nacional vista como mercadorias. Basta sair de casa um tantinho desatento ao volante do seu possante para o sujeito cair em algum buraco nas ruas seja em Trindade, Goiânia ou qualquer outro local aqui da “terra brasilis”.

Claro que asfaltar e fazer a manutenção das pistas é coisa cara, mas os impostos (IPVA, ICMS, IPI, CIDE...) igualmente não custam barato para os contribuintes. Houvesse grande preocupação, imagino, com a segurança dos viajantes tupiniquins por parte das autoridades do setor de transportes, teríamos pistas menos esburacadas, melhor cuidadas, com toda a certeza. Mas justifica-se a buraqueira pelas chuvas, pela falta de dinheiro e a coisa fica assim mesmo. E pensando bem, a gente fica até achando que a lógica disso tudo está mesmo em obter receita mediante a aplicação de multas. Será?


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