Será que as instituições perderam legitimidade para representar o povo brasileiro?


Postei o artigo “Nó difícil de desatar”, da jornalista Cileide Alves, editora-chefe do jornal O Popular, publicado no domingo (1º), porque gostei do texto e da argumentação que a articulista apresentou a respeito dessas manifestações populares que pululam nas cidades brasileiras desde o mês de junho do ano passado. É, gente amiga, e já estamos aí completando 1 ano inteirinho assistindo a toda essa movimentação.

A jornalista afirma que a “A rejeição à normalidade institucional costuma ocorrer quando as instituições públicas perdem a legitimidade junto à população, como ocorre atualmente no País. As pessoas não se veem representadas pelas Câmaras municipais, pelas Assembleias, pelo Congresso Nacional, nem mesmo pelos Executivos”. Sinceramente, não sei se é para tanto o que temos assistido não.

Será mesmo que as instituições públicas do país não têm mais legitimidade para representar a população? As manifestações estão ocorrendo por causa dessa suposta perda de legitimidade institucional? Ah, não concordo com isso. Que há um descompasso forte entre muita coisa que os políticos fazem, não se discute, mas daí a dizer que as instituições, sobretudo o Parlamento e o Executivo, vai uma distância considerável. Só que os caras têm ido para as ruas criticando a realização da Copa do Mundo no Brasil, penso, porque esse assunto garante espaço certo na tal da mídia.

As pessoas ficam muito alheias ao funcionamento do Legislativo, nos três níveis de poder, e as coisas vão acontecendo algo divorciadas da vontade até da maioria da população. Dia desses, por exemplo, aprovou-se uma tal de “Lei da Palmada” que, a meu ver, é um equívoco pois o Estado doravante se intrometerá como nunca no modo das famílias criarem seus filhos. Violência contra menores, maus tratos, tortura, sei lá o que mais, é outra aberração com penalidades já prevista em outras leis. E, digamos, o povo falou muito pouco a respeito da aprovação disso aí.

Há outros exemplos, claro, a demonstrar como o Legislativo é pródigo em gastar tempo e outros recursos em assuntos com os quais a maioria das pessoas se preocupa pouco. Mas permaneço com as manifestações. Cadê o povo nas ruas lutando por um serviço público de Saúde melhor? Hoje em dia até mesmo quem compra planos de saúde anda às voltas com uma série de problemas de atendimento. O que dizer então do funcionamento de hospitais e postos de saúde deste Brasil de meu deus. A imprensa noticia este tipo de coisa dia sim e outro também. Insisto, cadê os manifestantes nas ruas?

Coisa semelhante pode ser dita a respeito da Educação e, nos últimos anos, sobre a Segurança Pública em todo o país. A Educação tem problemas e faz tempo, mas os caras instituíram um sistema no qual o aluno vai passando de ano mesmo sem saber grande coisa. Os professores e demais profissionais continuam sendo mal remunerados também. Cadê o povo nas ruas por isso? E falo de povo e não de vândalos mascarados ou não. Falar em Segurança Pública no Brasil enquanto se cometem mais de 50 mil assassinatos por ano, caso de 2012, como divulgado recentemente, sinaliza que algo está fora do eixo por aqui. Outra vez, cadê os manifestantes de cara limpa nas ruas exigindo um País mais seguro que pune aqueles que atentam contra a vida humana?

Talvez os políticos estejam muito ligados a questões corporativas, não se pode negar isso, mas os caras estão lá onde estão porque, no mínimo receberam votos do eleitorado para tanto. Se a gente se julga não representada pelos políticos atuais convém incentivar o surgimento de outras caras. Aí a porca torce o rabo porque falar é fácil, querer que alguém faça o que a gente quer, idem. Agora, dar a cara a tapa, filiar-se num partido, militar ali, defender suas e as ideias de uma legenda qualquer, não é brincadeira não.


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