Caminhando em romaria para Trindade e pensando na vida...
Nesta quinta-feira
(5), por volta das 17h25, iniciei a caminhada dos 17 quilômetros que
separam Goiânia de Trindade, ali na pista dos Romeiros, à margem da
GO-060. Estava acompanhado da Cristina, minha cunhada, e mais uma
monte de gente desconhecida por mim, é claro, que também
peregrinaram pelo mesmo trajeto. Nos últimos dias milhares e
milhares de pessoas têm caminhado diariamente rumo à “Capital da
fé”, cada uma delas certamente com seus motivos para estar ali.
No meu caso é mesmo
porque tenho muito mais coisas a agradecer do que para pedir a Deus.
Vendo a loucura do mundo de hoje em dia, as incríveis possibilidades
das coisas darem errado, isso por si só já seria motivo mais do que
suficiente para me dar por satisfeito por estar “vivo e com o
coração batendo”, como diz aquele outro lá. E como estamos
vivendo os dias da Romaria do Divino Pai Eterno, é sempre bom
aproveitar essa energia positiva do momento e dar graças ao Criador
pela vida e tudo o mais.
Ao longo do caminho
não tive como não observar algumas coisas. Como as pessoas se
esforçam mesmo para tentar obter alguns trocados dos romeiros. Puxa
vida! À margem da pista dos romeiros funciona um verdadeiro mercado
oferecendo os mais diversos produtos. A hegemonia é de alimentos,
evidentemente. No entanto, vendem-se roupas, chinelos, bijuterias com
motivos religiosos, além de rosários, terços, escapulários e
coisa e tal. Até certificado de participação na Romaria o sujeito
pode arranjar enquanto caminha pra Trindade.
O que me deixou mais
curioso foi a questão da comida. Tem gente vendendo pamonha, milho
cozido, cural, além de salgados e biscoitos. Do jeito que pamonha é
uma iguaria, digamos, que necessita de um certo tempo para a
digestão, como é que alguém, caminhando, vai dar um tempo, traçar
uma pamonha e seguir andando numa boa? Essa eu gostaria de ver.
Porém, como tem gente vendendo é porque deve haver quem compre, ora
pois. Regrinha de economia, né? A oferta cria a própria demanda.
Será?
Achei esquisito
também ter jantinha à venda. Aqueles pratos, geralmente, com arroz,
feijão tropeiro, salada e espetinho. Pensa na situação. O
peregrino sai de casa dizendo que estará em Romaria à Trindade,
começa sua caminhada, mas dá uma parada numa barraquinha, compra
uma jantinha, “passa no papo” e segue andando. Também gostaria
de ver isso aí acontecendo. Mas o que eu vi de gente comendo
espetinho, bolo de polvilho, salgados, foi uma grandeza, vale
registrar.
E o que dizer das
bebidas? Não é que tem “romeiro” que enquanto caminha rumo à
Basílica de Trindade encontra um jeito de beber cerveja ao longo da
caminhada? E igualmente estranho, a meu ver, enxerguei pessoas
caminhando e bebendo energético. Pensa bem na saúde cardíaca de um
irmão desses, hein? Já fazendo esforço da caminhada ainda ingere
energético que deve dar um “up” nos batimentos do coração. É
perigoso o sujeito ter vindo pagar uma promessa qualquer, mas logo
deverá voltar para cumprir outra, desta feita para pedir a graça de
sua recuperação da saúde do coração.
Vi muito poucas
pessoas dando um tempo e orando ao longo do percurso. Acho até que
os painéis da Via-Sacra na Rodovia dos Romeiros deviam estar
preparados justamente para esse tipo de momento e não quase que
exclusivamente como ponto de parada para ir ao banheiro. É minha
opinião, né? No geral, o que mais a gente ouve mesmo durante a
caminhada é o barulho dos carros e o prosório entre as pessoas que
vêm em grupo para a Romaria de Trindade. Mas é claro, cada um sabe
de si e deve cuidar de sua consciência lá com Deus. É isso o que
realmente interessa.
Para terminar,
registre-se, a caminhada foi tranquila. Por volta das 20h30 já
estava em Trindade e digo que não fiz nada além do que cumprir uma
obrigação da minha consciência com Deus. É isso aí!
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