Coisas com as quais o eleitor parece não se importar na escolha de candidatos
E
daí o incauto eleitor sai pela cidade e se depara com uma quantidade
enorme de carros “adesivados” com material de campanha daquele
candidato até então absolutamente desconhecido. Bom, pelo menos,
não tão conhecido assim. De repente, uma cara nova pinta em todos
os espaços, tornando-se uma imagem presente para onde quer que se
olhe. E a gente se pergunta: “Onde este sujeito estava até agora,
o que estaria fazendo, que ninguém falava nele?”
Logo
não tarda alguém trazendo uma informação esclarecedora. Dizem que
tem candidato que paga, coisa de 10 litros de gasolina por semana,
para quem se dispõe a “adesivar” o carro e assim permanecer,
evidentemente durante todo este período de caça ao voto. Sabendo
que o povo brasileiro, o goiano também, especialmente o trindadense,
é muito rigoroso com essas questões, penso que está havendo um
equívoco. Não acredito nessa história de gente recebendo dinheiro
ou combustível em troca de transformar seu carro, digamos, em
outdoor ambulante. Ou será que estou viajando na maionese?
Mas
há, também, outro aspecto a ser considerado. É, meus amigos, o
berço, o sobrenome, ajudam demais a alavancar uma candidatura por
essas bandas. Como negar isso, né? O distinto eleitor brasileiro não
dá muita importância, parece, a história pessoal do camarada que
decide disputar eleições. Se o pai ou marido é bom de voto, fácil,
fácil, ele consegue transferir o, como direi, “patrimônio
eleitoral” para o filho ou esposa. Exemplos estão aí aos montes,
sequer é preciso fazer qualquer menção.
E
para falar a verdade, quem sou eu para jogar pedra na forma dessa
“gente bronzeada” encarar a política? Como eleitor sei muito bem
o que fazer na hora em que fico frente a frente com aqueles botões
da urna eletrônica. Eu e minha consciência nos entendemos bem. Mas
para o povo, esse coletivo no qual todos enxergam só virtudes, se o
cabra faz uma campanha vistosa, com estrutura dispendiosa, muita
movimentação de gente em carros, bandeiras, foguetes, uma zoeira
sem fim, termina desaguando ali uma votação capaz de eleger até
mesmo um “poste” para qualquer cargo público. Daí, melhor não
se aborrecer com isso não.
Espichando
só mais um tiquinho essa conversa. Seria razoável, no mínimo, o
eleitor querer se inteirar das realizações passadas do candidato.
Afinal, o que será que o fulano fez que o credencia a postular um
mandato de deputado estadual, federal ou senador? “Ah, o cara já é
deputado estadual e quer agora passar para o âmbito federal!” Tudo
bem, mas na Assembleia Legislativa de Goiás, qual foi mesmo o
trabalho realizado capaz de fazer com que o eleitor enxergue nele
alguém talhado para representar os goianos na Câmara dos Deputados,
lá em Brasília?
Questões
simples como essa em destaque acima são relegadas principalmente
pelo público votante que não dá sinais de muita preocupação com
essa realidade. Daí, quem entra para a política se sente mesmo à
vontade para fazer o que lhe vai na cabeça enquanto exerce o mandato
conquistado em campanhas mais parecidas com um grande mercado no qual
os votos acabam sendo rebaixados quase que à condição de
mercadoria. Será que estou exagerando? Vai saber, né?
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