Eleição

Com o slogan "Vem pra urna" incessantemente veiculado nas emissoras de rádio e TV, a Justiça Eleitoral aquilata o eleitor como um cidadão néscio e o exorta a cumprir uma obrigação constitucional, votar. O Brasil é um dosarmos países democratas, onde ir às urnas não é direito de decisão do cidadão - a exceção fica por conta dos que possuem 16 a  17 anos. A princípio, está campanha está intrinsecamente voltada a esses jovens. Ledo engano, seu contexto tem maior amplitude, visa todos os que estão apáticos - a grande maioria dos eleitores -, ante o momento mais marcante da democracia: a eleição, a hora de se manifestar, ser ouvido e respeitado.

O notório desinteresse da população em relação às próximas eleições e fruto de um profundo descrédito nas instituições democráticas. Já há algum tempo, a tríade Legislativo, Judiciário e Executivo não leva a sociedade à conclusão óbvia de viver num Estado democrático de direito. Não há efetivamente a participação do povo na administração da coisa pública nem todos são iguais perante a lei.

Não se pratica democracia com imunidade parlamentar e foro privilegiado. Não e democrático "punir" com aposentadoria compulsória atos criminosos de magistrados. No pais, a subserviência e a troca e favores, lamentavelmente, norteiam os poderes basilares do Estado de direito. Democracia vai muito além de exercitar a cidadania escolhendo os representantes de um povo, é, acima de tudo, uma forma de governo alicerçada na soberania do cidadão. Nossas autoridades deveriam se dar conta desse obviedade.

Muito se fala acerca de voto consciente; da escolha de políticos proficientes. Altruístas, íntegros e despojados de pretensões pessoais. Com projetos e ideias factíveis que visem melhorar a qualidade de Buda das pessoas. Contudo, o que se vê no horário eleitoral gratuito, são verdadeiros esquentes, onde os que almejam cargos eletivos, com astúcia e propostas mirabolantes, tentam ludibriar o eleitor. Raros são os que se enquadram neste obtuso cenário.

Nestes dias que antecedem o grande instante, assistimos à bolsa de valores, termômetro da atividade econômica, entrar em curva ascendente quando as pesquisas eleitorais mostram a presidente Dilma em movimento oposto. Essa tendência do mercado, cristalizada em importantes setores da economia, sinaliza a necessidade de mudanças, dia de forma inconteste que o Pais precisa urgentemente encontrará novos caminhos, timoneiro e tripulação.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acaba de constatar que estamos em recessão técnica, isso significa dizer que o Produto Interno Bruto (PIB) recuou nos últimos dois trimestres do ano. Outro anúncio desencorajados diz respeito às contas públicas, a receita não anda acompanhando a evolução das despesas, ou seja, o governo anda gastando mais do que devia. Como se não bastasse, nossa balança comercial registrou um novo deficit, isso implica dizer que nossas compras estão maiores que as vendas. Acrescente-se nesses nebulosos indicadores, uma inflação alta, com viés de alta, pois encontra-se artificialmente represada, além de juros altos inibindo o crescimento. Dois ingredientes explosivos. Estamos em estagflação, é fato. A célebre frase do presidente John F. Mendes é oportuna para o atual momento do Brasil: "Não pergunte o que seu pais pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer pelo seu pais".


João Bosco Costa Lima é empresário e fotógrafo, além de cidadão indignado com a situação geral da política nacional e o funcionamento da máquina do Estado. Texto foi publicado na seção de Cartas dos Leitores do jornal O Popular, de 01/09/2014.


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