Acidente que me fez pensar no individualismo de hoje em dia.
Mesmo
diante de alguém machucado, na emergência de hum hospital,
encontramos pessoas que pensam em si, “eu primeiro”, depois pode
vir o mundo inteiro.
Segunda-feira
(27), por volta das 20h, depois de tomar um banho revigorante. A
porta do box em vidro blindex estava pegando demais no piso e tive
que fazer uma certa força a mais para abrir. Ouvi um estampido muito
forte e o vidro espatifou em incontáveis pedacinhos. Que susto! Não
sabia que aquele material se quebrava daquele jeito não. Na hora a
coisa é assustadora e o potencial para machucar alguém é enorme
também, diga-se de passagem.
Agora
pense bem a situação do camarada, internauta curioso. Você acaba
de se banhar em água quente, as veias dilatadas, a porta de vidro do
box se quebra. É evidente que um corte aqui e acolá no corpo do
sujeito vai ser provocado mesmo. Só por uma sorte muito grande para
sair ileso de um episódio desse tipo, vale dizer.
Mas
a imagem de um
acidente
doméstico desses
é
forte demais. Afinal, nessa situação o cabra sangra muito por causa
de qualquer machucado pequenino que seja. E no meio daquela
enormidade de pequenos cacos de vidro enxergar uma poça de sangue da
gente, não é brinquedo não, minha gente querida. Mas no frigir dos
ovos, os ferimentos foram simples, graças ao Divino Pai Eterno.
Tive
sorte, é claro, mas me machuquei sim. Pequenos cortes na mão
esquerda e na canela da perna direita. Alguns pontos bem-feitos pelo
Dr. Petrônio Gentil e a coisa até que acabou bem, graças a Deus.
Ah, sim! Foi conveniente também tomar uma dose de vacina
antitetânica. Vai que... Afinal de contas, nem me lembrava mais se
já havia tomado aquela vacina.
Mas
neste episódio todo o que me deixou cabreiro mesmo, sabe o que foi?
É o seguinte. No hospital eu ainda estava com o chinelo encharcado
de sangue por causa do ferimento na perna e, é lógico, sentia dores
na mão. Coisa mais estranha é como doem alguns cortes pequenos, de
nada. Esquisito isso, viu. Bem, mas enquanto eu aguardava
atendimento, o médico tinha alguns outros pacientes para serem
atendidos, o rapaz na recepção checou quantos haviam. Uma mulher se
apressou em dizer que a consulta dela estava agendada. Foi mais ou
menos assim que entendi a manifestação daquela senhora, “dane-se,
eu sou a próxima”.
É
um comportamento estranho demais da conta, penso eu. A pessoa está
aguardando atendimento no hospital e vê chegar alguém ferido,
sangrando, e nem se importa em saber se aquela criatura necessita de
cuidados mais rápidos do que ela própria. Pelo contrário, deixa
claro que quer ser atendida conforme agendado, pronto e acabou.
Qualquer um sabe que estando num hospital há sempre a possibilidade
de aparecer outra pessoa
necessitando de um tratamento mais urgente. Felizmente não era esse
o meu caso. O que me “assustou”, digamos, foi a indiferença da
senhora
que foi atendida na ordem que a coisa estava programada em relação
a ver um outro sujeito
machucado e permanecer firme em seu propósito: Eu primeiro, depois
os outros.
Neste
caso, sinceramente, podia ser por gentileza apenas, saber se o
elemento machucado suportava esperar mais um pouquinho. Confesso que
fiquei pensando nas atividades importantíssimas que deveriam estar
aguardando pela atenção e providência daquela mulher em algum
outro lugar neste plano material, digamos assim. Lógico que este é
apenas um exemplo, mas os dias de hoje realmente estão marcados por
esse tipo de conduta muito individualista. Todavia, o importante é
que fui atendido e nada passou da hora. Ah, sim! Box de blindex,
nunca mais!
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