Tem gente dormindo nas calçadas e a gente até acha normal.
Retirar
pessoas das ruas parece que não é lá uma prioridade para o público
em geral.
Cena urbana muito comum: Gente dormindo na calçada. |
Batendo
pernas pelo centro de Goiânia hoje cedo, me deparei com uma mulher
dormindo na calçada em frente a uma loja na Avenida Goiás, quase
esquina com a Rua 3. Lugar movimentado demais, gente indo e vindo a
todo momento. E o sol já dava o ar da graça, apesar do dia de céu
nublado na capital goiana. Umas e outras pessoas davam uma rápida
espiada na mulher ali deitada e seguiam em frente que atrás sempre
vem gente. Afinal, hoje em dia todo mundo tem pressa e o tempo anda
tão curto.
Vendo
aquela cena fiquei pensando em como estamos ficando acostumados com
coisas assim. Na verdade, a gente nem se incomoda em ver uma pessoa
deitada no chão. Isso devia incomodar, mas já foi incorporada à
galeria de imagens disponíveis ao olho nu nas ruas, avenidas, praças
e calçadas das cidades desse Brasil de meu Deus e, portanto, nem
causa mais tanta inquietação nem mesmo nos cordiais homens
brasileiros. E nas mulheres também, evidentemente.
Devia
ser diferente, ouso acreditar. Uma autoridade qualquer bem que podia
se sentir meio angustiada com coisas assim e botar a estrutura
administrativa da respectiva área do que se chama assistência
social para funcionar melhor. Se não fosse se deixar mover por um
sentimento humanístico, com fulcro em convicções religiosas, mas
pelo simples fato de que paga-se impostos e com estes recursos foram
criados órgãos no Serviço Público para atuar em momentos assim.
Há
pessoas dormindo ao relento? Uái, que o poder público, seja no
nível federal, estadual ou municipal entre em ação e dê abrigo a
essa pessoa. Ah, não tem dinheiro para tanto. É sempre isso que
alguém aparece para justificar o injustificável que é o Estado
abandonar o cidadão ao deus-dará. Não se tem notícia de que os
juros da dívida pública não foram pagos por falta de dinheiro, não
é verdade? Então é uma questão de boa governança para que a
grana seja suficiente. Lógico, tem a ver com prioridades também.
A
questão toda, imagino, é que cuidar bem das pessoas, sobretudo
daquelas que mais precisam de cuidados, não é prioritário ao
distinto público. Claro que hoje em dia há bolsa disso e daquilo
sendo paga pelo governo federal e governos estaduais, mas existe
outro tipo de atenção que o sujeito precisa e não é uma quantia
qualquer em dinheiro que vai resolver. Estou falando de haver alguém
disposto a tirar a pessoa da rua para um lugar onde tenha condições
de se incentivar a sua recuperação de saúde, principalmente,
garantindo sua volta a uma vida com dignidade. Ah, sim! Sem dinheiro
não faz isso. Mas só com dinheiro também a coisa não anda.
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