A transação do PT
Em
1984, às vésperas da votação que derrubou a emenda constitucional
que restabelecia a eleição direta para a Presidência, o nome de Tancredo surgiu como uma alternativa para um governo de transição.
Lula,
grão-senhor do PT, fulminou a ideia: “A proposta de Tancredo Neves
não é de governo de transição coisa nenhuma. É uma proposta de
transação.”
Ele
atirou no que viu e acertou no que não viu. A brincadeira com as
duas palavras estava no título de uma grande livrinho publicado pela
primeira vez em 1855 e reeditado em 1956. Chamava-se Ação,
Reação, Transação, do jornalista Justiniano José da Rocha. É
quase certo que Tancredo o lera. À ação democrática dos primeiros
anos da independência, correspondera uma reação absolutista,
aplacada pela necessária transação da política de conciliação
do Marquês de Paraná. Tancredo era, queria ser e foi o homem da
transação que levou à restauração democrática.
A
memória petista tem o desconforto de lembrar que o partido ameaçou
expulsar os três deputados que votaram em Tancredo: Bete Mendes, Airton Soares e José Eudes. Para não serem expulsos,
desfiliaram-se. Em 2005, passados 20 anos, o PT informou que aceitava
reincorporá-los.
Delúbio Soares, o tesoureiro do PT à época do mensalão, teve sorte melhor.
Ele foi expulso do partido em 2006 e readmitido pelo Diretório
Nacional em 2011. Um ano depois Delúbio foi condenado a oito anos e
11 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal. Desde o ano
passado ele está em regime semiaberto e trabalha na CUT.
Elio
Gaspari, Jornalista (Coluna deste domingo publicada no jornal O Popular).
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