Sobre algumas dúvidas a respeito do papel do Estado em Goiás.
Vários
serviços típicos do Estado estão sendo geridos por Organizações
Sociais e a disposição governamental parece ser pela expansão
desse modelo.
Rodovia Goiana. Fonte: http://www.goias24horas.com.br |
Talvez
eu não esteja olhando onde deveria, mas o fato é que não tenho
conseguido enxergar um debate a respeito do tal do papel do Estado
hoje em dia em Goiás. O atual governo comandado por Marconi Perillo
(PSDB) parece estar buscando uma nova configuração para a atuação
estatal na economia em terras goianas. Se tem gente debatendo essa
coisa toda sou obrigado a dizer que estou mesmo passando batido, pois
ainda não vislumbrei nada neste sentido.
O
Governo de Goiás abriu mão da produção de energia elétrica lá
no final da década de 1990, ainda na última gestão peemedebista
sob a batuta de Maguito Vilela, hoje em dia prefeito de Aparecida de
Goiânia. Vendida a Usina Hidrelétrica de Cachoeira Dourada restou
apenas a Companhia Energética de Goiás S/A como distribuidora,
função que, pelo que vemos no noticiário, vem desempenhando de
forma capenga, vale dizer.
Os
esforços das gestões comandadas por Perillo à frente do Governo de
Goiás tem inegavelmente o objetivo de se livrar desse grande abacaxi
em que se transformou a Celg como distribuidora de energia elétrica.
A qualidade dos serviços é sempre questionável, investimentos
necessários parece que nunca saem dos projetos e a federalização
plena e total da estatal dá ares de que a coisa é o sonho de
consumo dos atuais gestores públicos do setor energético “do”
Goiás.
A
gestão do serviço público de Saúde passou a ser executada mesmo
por umas tais de Organizações Sociais (OS). Unidades como o
Hospital de Urgência de Goiânia (HUGO), cuja gestão está a cargo
de uma OS, recebe elogios, claro, de quem implantou o modelo mas o
noticiário de que a qualidade do serviço ainda precisa melhorar é
uma constante. Todavia, a situação por lá era ruim demais e
qualquer sinal de melhoria foi logo percebida e bem recebida. E esse
negócio de OS gerir a Saúde em Goiás segue em ritmo de expansão.
Os
atuais detentores do poder aqui nas terras goianas não param de
pensar em aumentar a participação das OS na gestão de serviços
públicos. O alvo agora parece ser a Educação. Dia desses estava
lendo notícias e artigos de gente do governo elogiando a disposição
governamental em colocar a administração da Educação a cargo de
OS, mas, simultaneamente, representantes de servidores e professores
discordam da medida em gestação no núcleo do quarto governo de
Perillo.
Segundo
a gente leu demais da conta e ouviu falar bastante, a quarta gestão
de Marconi Perillo tem uma vontade forte de passar a gestão das
estradas estaduais para a iniciativa privada e assim, evidentemente,
os empresários poderão cobrar pedágios aos motoristas. A
propósito, muita coisa já estaria bem adiantada na direção de se
licitar os trechos das principais rodovias goianas que serão
cuidadas, geridas, administradas, por empresas privadas. É lógico,
o filé mignon das rodovias estaduais, aquelas onde o vai e vem de
carros é intenso.
Falando
nisso, é interessante este modelo, né? O Estado pavimenta uma
rodovia, convoca os empresários para assumir a manutenção da dita
e, em troca, os usuários arcam com as contas. O sistema é bruto
mesmo! Espichando um tantinho mais a conversa, penso que as empresas
deveriam participar também da construção, pavimentação das
rodovias. Afinal de contas, a iniciativa privada está assumindo
rodovias já prontinhas da Silva, vão poder instalar as máquinas ou
trincheiras, sei lá o nome correto, e começar a cobrar da gente que
precisa constantemente se movimentar daqui pra lá e lá pra cá o
tempo todo. Na minha opinião, a forma como isso se dá é mamão com
açúcar para as empresas.
Acho
que vale a pena notar que trechos de rodovias federais que cortam
Goiás, casos das BR-153 e BR-070, já foram leiloados e a construção
dos respectivos pontos de pedágio já se encontram em andamento. Que
ver um pouquinho mais a respeito? Uái, é só dar um clique aqui.
Na
base dessas decisões, posso estar enganado, mas aparece que existe
uma espécie de certeza dos atuais gestores de que o poder público
estadual não tem competência para gerir sequer aqueles serviços
considerados típicos do Estado. Em tempo, estamos falando de Saúde,
Educação e Transportes. Se considerarmos Segurança Pública,
estaremos então falando das mais tradicionais áreas de atuação
estatal. Ah, sim! Quase ia me esquecendo que estuda-se transferir a
gestão dos presídios goianos também para as OS. Isso está virando
uma espécie de panacéia para as deficiências da atuação dos
serviços públicos em terras goianas. Mas e o quê mesmo ficará
para o Estado tomar conta, atuar diretamente?
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