E a dengue segue matando gente no Brasil e em Goiás também

Ainda não consegui enxergar a guerra que estaria sendo travada contra o transmissor da dengue



A capa do jornal O Popular, edição de sexta-feira (22), mostra que os goianos estão levando a pior na queda de braço com o mosquito Aedes Aegypti, o transmissor do vírus da dengue. Na verdade, a mosquita, porque é a fêmea que ferroa o indivíduo e passa adiante o agente causador da doença cujos sintomas se confundem com uma gripe mais forte, porém a moléstia tem a capacidade de matar a gente. Incrível, e isso acontecendo em pleno Século XXI, a Era do Conhecimento.

A manchete do periódico da família Câmara parece ser uma tentativa, que se pretende bem-sucedida, de esclarecer o motivo da derrota no que o jornal chama de “guerra”. Achei meio exagerado. Afinal, a população está de verdade em guerra contra o transmissor da dengue? Sei não. É tanto lixo onde quer que se vá, lotes baldios demais, ruas e avenidas sem os cuidados básicos com saneamento ou o simples escoamento da água da chuva, as enxurradas. Quantas bocas de lobo permanentemente entupidas com que o cabra se depara no dia a dia? E isso todo mundo sabe que são as condições ideais para a proliferação daquele bichinho terrível.

E do lado das autoridades da área da Saúde Pública, os gestores dos serviços públicos que cuidam da rede pública de atendimento à população? Claro que há os caras que trabalham nos serviços de Vigilância. O quê acontece que entra ano e sai ano mas a dengue continua firme e forte nessas “terras em que se plantando tudo dá?” O pessoal aí está trabalhando bem mesmo, mas não consegue dizimar essa transmissão do vírus da dengue? Onde é que está o nó-cego da questão?

É claro que havendo colaboração das pessoas, todas elas preferencialmente, as coisas têm tudo para dar certo, em se tratando de algo do interesse público, como é o caso de se tentar por fim ao reinado do mosquitinho, mosquitinha, que transmite a dengue indiscriminadamente. Mas falando com sinceridade não percebo grande preocupação do povo em relação a isso não. A aflição bate forte mesmo onde o problema acontece, enquanto os demais permanecem, digamos, “deitados em berço esplêndido”. Talvez eu esteja enganado ou muito cético ou descrente das coisas, mas é assim que tenho observado nosso panorama.

Ah, sim! Claro que é sempre triste a notícia de que alguém tenha morrido por causa da dengue, como a edição do jornal em questão traz estampada na capa. Dá um sentimento de impotência, uma indignação em qualquer pessoa, mas só indignar-se não anda adiantando nada não. Daí a pouco a gente vê o noticiário informando mais mortes pelo mesmo motivo e as pessoas vão se tornando números na estatística oficial e a vida segue o ritmo de sempre, as coisas vão se sucedendo e a dengue cada vez mais presente no cotidiano desse homem “cordial”, o brasileiro e a brasileira também, ora pois.

O Popular nos conta da morte de Tatyany Oliveira, diretora da Secretaria Municipal de Saúde, em Goiânia, que estava grávida de oito meses. A suspeita é de que o óbito tenha sido decorrência de quê? Da dengue, ora essa! A filhinha da Tatyany sobreviveu à cesariana de emergência. Pense bem. Que situação horrível, uma verdadeira tragédia familiar. Muito triste tudo isso.

É por essas e outras que achei a manchete exagerada. Se estivéssemos verdadeiramente em guerra contra a dengue, digo, com o transmissor da dita cuja, poderíamos estar agora esperançosos de que a vitória estava por um fio. Mas qual o quê? Torço para que as causas desse meu desânimo sejam o mais rapidamente possível desautorizadas pelo fatos. E a torcida aqui é sincera, caríssimos e caríssimas.





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