Governo de Goiás amplia a participação militar na rede de ensino estadual

E o jornal O Hoje, em sua edição desta quarta-feira (29), estampou no alto na página 3 um interessante e oportuno Editorial sobre os colégios militares bancados pelo Governo de Goiás. Vale a pena ler e refletir sobre o tema. Boa leitura, ora pois!





Nenhum governante, por mais bem intencionado que seja, está dispensado de levar em consideração o peso da opinião pública para tomar decisões em setores de vital importância para a sociedade. Tratando-se de escolas públicas, tudo se torna ainda mais complexo e exige maior sensibilidade do poder público na hora de adotar medidas que envolvam ponderável parte da população, cujas famílias precisam de boas escolas para que seus filhos encontrem ali ambiente adequado para a sua formação sociocultural.

O que se viu na semana passada foi a prova cabal de que a população foi dispensada de dar a sua opinião, respaldando ou rejeitando a decisão do governo de ampliar o número de colégios militares.

Tão logo o governo publicou lei que transfere a gestão de sete novas unidades escolares para a Polícia Militar o sentimento de insegurança e insatisfação se projetou no protesto de servidores, pais e estudantes que serão diretamente afetados com as mudanças.

Não se quer aqui desmerecer a corporação militar, muito menos tirar o mérito dos Colégios Militares, cujos índices de aproveitamento e rendimento dos estudantes já são notórios.

Por adotar rígidas normas disciplinares, garante-se um maior padrão de produção dos alunos, tornando-os beneficiários de um sistema que se diferencia das normas e disciplina das demais escolas. Há também o fato de que os pais dos alunos que frequentaram e frequentam os colégios militares se dão por satisfeitos. Constata-se, por consenso, que o índice de aproveitamento dos estudantes é satisfatório, alcançando níveis bem acima do que se obtém na maioria das demais escolas.

O que se sabe, também, é que nestes estabelecimentos de ensino o governo vem investindo mais recursos, o que, certamente, explicaria a redução no índice de aproveitamento das escolas públicas, sempre carentes. A conclusão aí é que se pratica a discriminação, privilegiando um lado e prejudicando a outra parte – a escola pública a cargo da Secretaria da Educação.

O tratamento discricionário seria um fator de desestímulo aos professores e servidores das unidades não contempladas com mais recursos.

Também é fundamental levar em conta a opinião de diversos educadores que fazem ressalvas aos Colégios Militares, cujo modelo hierárquico limitaria a interação entre professores e alunos, por conter normas e diretrizes adotadas em quartéis.

Enfim, constata-se que há dois conceitos, expondo o antagonismo entre adeptos e adversários da militarização do ensino. Todas as partes devem ser exortadas a se manifestar diante uma questão que afeta diretamente a juventude, para quem as unidades escolares, públicas ou privadas, se voltam com a finalidade de servir, contribuindo efetivamente para a boa formação do cidadão e da cidadã de amanhã.

A polícia deve cuidar da segurança; professores, da educação”. A declaração da vice-presidente do Conselho Estadual de Educação, Miriam Fábia, é, por si só, um dado revelador de que a questão recomenda um amplo debate entre educadores, servidores da Educação, alunos e pais de alunos. Um debate, sem ideias e conceitos preconcebidos, é fundamental para se perceber, com clareza, a distinção entre vantagens do método tradicional e as vantagens da militarização do ensino.


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