As OSs na Educação e a vontade do governador de Goiás, na visão de Raquel Teixeira

Autoridade tem direito de dizer o que devemos discutir? Discordo e falo meu motivo.



Na Coluna Giro (O Popular, de Sábado, 1/8/2015), perguntaram a Raquel Teixeira, secretária estadual da Educação: A discussão sobre OSs na Educação movimenta o governo. O projeto vai ser mesmo implantado? A secretária respondeu assim: “Essa discussão é equivocada. Vamos ter OSs. O governador foi eleito com milhões de votos e quer o projeto. No ano que vem teremos OSs em Águas Lindas e, dependendo de questões financeiras, em outros locais. O que devemos discutir são as vantagens e os riscos do modelo. É um caminho não percorrido no Brasil e muito pouco percorrido no mundo. Não me dou o direito de errar”.

Comentário
Para Raquel Teixeira o governador Marconi Perillo (PSDB), por ter sido eleito “com milhões de votos” pode muito. Já que Perillo “quer o projeto” de Organizações Sociais (OS) tomando conta de serviços típicos do Estado, ele pode. E Teixeira aponta ainda ser um “equívoco” discutir isso. Os caras estudam, entram para a política, ganham eleições e passam a poder tudo, retirando ao povo o direito de debater o que quiser, mas sim aquilo que aos poderosos da ocasião interessam.

Eita, vontade de repetir Bussunda: Fala Sério, Raquel Teixeira! A gente discute o que quiser e pronto acabou. Não há lei garantindo exclusividade para as autoridades definirem a pauta de temas a serem debatidos por quem tenha o desejo, conhecimento e disposição de discutir as questões relacionadas às políticas públicas. É até de muito bom tom que as autoridades, sim, tenham a sensibilidade ou o desconfiômetro ligado para perceber aquilo que realmente interessa à população, ouvindo as pessoas, debatendo, mostrando argumentos precisos, intelegíveis, com dados também, para haver o convencimento de todos, e dessa maneira, tomar medidas de governo para atender melhor à população.

A respeito desse negócio de passar a gestão de hospitais públicos, de escolas e, pelo andar da carruagem, em breve de presídios goianos também, a OSs é discutível sim, ora pois. Por quê não? Afinal de contas, quem paga a conta de toda e qualquer decisão governamental é o povo, no papel de contribuinte. Estou enganado? E mais ainda é que esse tipo de decisão, nas palavras da própria secretária, “é um caminho não percorrido no Brasil e muito pouco percorrido no mundo”. Quer dizer então que os atuais gestores tucanos daqui “do” Goiás descobriram a “verdade” que libertará os goianos de serviços de qualidade criticável?

Podemos e devemos discutir as vontades do governador de Goiás, sobretudo no caso de algum dos quereres de Sua Excelência ter a ver com a adoção de políticas públicas a serem pagas com o dinheiro dos distintos pagadores de impostos. Transferir a gestão de hospitais, escolas, presídios e mais o que possa vir a querer os atuais gestores goianos a Organizações Sociais talvez seja algo interessante para a sociedade, porém, mesmo assim, o direito de se discutir esse novo modelo de gestão da coisa pública não está afastado. Estamos vivendo num regime democrático de direito ou não?

A secretária Raquel Teixeira ainda afirmou ao Giro: “Não me dou o direito de errar”. Isso deve querer passar uma ideia aos leitores de que a gestora da rede de ensino público de Goiás, quando decide algo, jamais está errada. Isso, se eu entendi bem. Ah, tá! Bom ela pensar assim, mas só pra ela mesma. Não é porque a professora Raquel tenha essa certeza toda a respeito de si que vamos daqui concordar com tudo o que ela faz ou apoia no governo. Ao menos para mim, percebi foi uma generosa dose de arrogância nisso de “Não me dou o direito de errar”.

No segundo turno das eleições estaduais de 2014, Marconi Perillo foi reeleito governador, para o quarto mandato, ao receber 57,44% dos votos válidos, coisa de 1.750.977 votos, enquanto que o opositor Iris Rezende (PMDB), obteve 42,56% dos votos válidos, ou seja, 1.297.592 votos. Essa votação conferiu autoridade a Marconi para administrar a “máquina do Estado”, segundo as leis e isso não tem nada a ver com “cheque em branco” para fazer e acontecer no comando do Governo de Goiás.

Não é feio nem demérito, imagino, para governo algum, se propor a ouvir críticas, debater seus projetos com segmentos da sociedade dispostos a tanto. Adotar a postura de quem, por ter sido vencedor da disputa eleitoral, está sempre certo e sua opinião e ponto de vista sobre os assuntos, qualquer assunto, seja o correto é menosprezar os outros, sejam eles adversários ou não.

Por fim, terminando em grande estilo, com uma argumentação assaz poderosa, quero dizer que “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”, senhora secretária da Educação de Goiás. E sei que Raquel Teixeira sabe muito bem disso também. Ah, sabe sim!


Comentários

Unknown disse…
Muito bom o comentário sobre a entrevista da professora Raquel, Secretária Estadual de Educação, sobre as OSs na Educação e a vontade do governador de Goiás.
O governo de Goiás esta tirando sua responsabilidade de administrar a coisa pública e passando para terceiros, isso claro com muito dinheiro público.
Governador por favor, tire a mão dos recursos da educação.