Corte no Orçamento da União toca nos salários dos servidores

E como sempre os trabalhadores do Serviço Público ajudam a pagar o pato



Talvez eu esteja enganado, mas o “pacote de maldades”, segundo afirmou o senador Lindbergh Farias (PT), no congresso nacional, a propósito dos cortes no orçamento da União, anunciados na tarde de segunda-feira (14), pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nélson Barbosa (Planejamento), repetem a velha e manjada fórmula de se buscar nos salários dos servidores públicos boa parte da grana que falta para tapar rombos orçamentários.

O governo federal está às voltas com greve de servidores em diversos órgãos sob sua responsabilidade, todo mundo sabe disso. Professores de Universidades Federais e servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), por exemplo, estão paralisados faz tempo e nada de se chegar a um acordo para que os serviços possam ser retomados. Agora então é que a coisa deve se complicar um tantinho mais.

Bem, o fato é que o funcionalismo público está vendo e sentindo o poder de compra dos salários esvaindo-se dia a dia, não há como negar. O governo federal propôs aí um reajuste de 10,8%, a partir de janeiro de 2016, em duas parcelas. A oferta, na verdade, não deixou o pessoal que está de braços cruzados com vontade de voltar ao batente diante da proposta. Neste novo contexto em que foi proposto o adiamento do reajuste salarial com vistas a se poupar algo como R$ 7 bilhões, as negociações com os trabalhadores em greve devem voltar à estaca zero.

E nessa história toda os “barnabés” do Serviço Público Federal acabaram é ficando no mato sem cachorro. Afinal de contas, vingando a proposta dos mestres da área econômica da equipe da presidente Dilma Rousseff (PT), os servidores não terão nenhum reajuste salarial agora, vão ficar sem o abono permanência em serviço, chamado de “pé na cova”, e poderão vir a pagar, como todos os demais “brasileiros e brasileiras”, a famigerada Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Papagaio!

Mas vale lembrar que no final do ano passado ficamos sabendo aqui de reajustes nos vencimentos daquele pessoal lá no topo dos poderes da República. Vai daí que o reajuste nos contracheques das principais autoridades do país foi calibrado para gerar um impacto do tamanho de R$ 3,8 bilhões agora em 2015 nos cofres da “Viúva” que é sempre generosa com o pessoal instalado ali no alto da pirâmide do Serviço Público, nos três poderes.

Nessas horas é que entendemos direitinho o real significado do ditado que diz assim: “Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é bobo ou não entende da arte”. Bom, tem gente por aí que sabe muito bem dessa arte de garantir os seus direitos. É desse jeitinho!

Fim do Abono Permanência em Serviço (Pé na cova), R$ 1,2 bilhão.
Adiamento do reajuste salarial dos servidores: R$ 7 bilhões
Suspensão de concurso público: R$ 1,5 bilhão
Recriação da CPMF: R$ 32 bilhões
Aumento do imposto de renda sobre a venda de bens: R$ 1,8 bilhão



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