Presidente da Câmara dos Deputados aceita pedido de impeachment contra presidente Dilma Rousseff
Crise política se agrava no Planalto Central
Não
costumo tratar de assuntos da política nacional, até porque tem
gente demais se ocupando disso e com muita competência e informações
obtidas diretamente da fonte, no caso, Brasília. Entendo que mais
interessante cuidar da temática daqui da nossa terrinha mesmo,
falando das coisas que nos afetam diariamente, decisões do governo
estadual e, sobretudo, ações da Prefeitura de Trindade, de cidades
vizinhas e dos vereadores. Pois é.
Ocorre
que o fato político do momento é relevante demais da conta. Depois
que o presidente Collor de Mello sofreu processo de impeachment pelos
motivos todos aí registrados pela imprensa, com farto material
disponível a quem se interessa pelo assunto, pensava que não
veríamos algo semelhante em tão pouco tempo assim, dentro da
perspectiva histórica, claro. Por isso mesmo é que a decisão do
presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), anunciada
hoje, surpreende e causa incerteza em relação ao que vem por aí.
Veja uma das diversas matérias sobre o tema.
Do
portal UOL, reportagem de Felipe Amorim e Marina
Motomura, Brasília:
Eduardo Cunha aceita pedido de impeachment da oposição contra Dilma
O
presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acolheu o
principal pricipal pedido de impeachment protocolado na Câmara
por
partidos da oposição
contra a presidente Dilma Rousseff (PT). "Proferi a decisão com
o acolhimento da denúncia", disse em entrevista coletiva na
tarde desta quarta-feira (2).
Os
deputados da oposição entregaram no dia 21 de outubro à
presidência da Câmara um novo pedido de impeachment contra a
presidente Dilma elaborado pelos juristas Hélio Bicudo, um dos
pioneiros do PT, Miguel Reale Júnior, ex-ministro da Justiça do
governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e Janaína Conceição
Paschoal, advogada.
Segundo
Cunha, a decisão de acatar o pedido foi de natureza "técnica"
e não "política". Cunha afirmou que aceitou o argumento
da denúncia dos juristas contra os decretos publicados pelo governo
em 2015 que aumentaram despesas sem autorização do Legislativo, as
chamadas pedaladas.
"A
mim não tem nenhuma felicidade em praticar esse ato. Não o faço em
natureza política", declarou o presidente da Câmara. "[Aceito
o pedido] Lamentando profundamente o que está ocorrendo. Que nosso
país possa passar por esse processo, superar esse processo."
Segundo Cunha, "nunca na história de um mandato [de um
presidente] houve tantos pedidos de impeachment".
O
presidente da Câmara disse ainda que não conversou "com
ninguém do Planalto" e negou que seja uma retaliação. A
abertura do processo de impeachment, no entanto, ocorre no mesmo dia
em que deputados
do PT anunciaram que votarão contra o peemedebista no Conselho de
Ética da Câmara, onde ele é investigado
por
suposta participação no escândalo da Lava Jato. Segundo o líder
do PT na Câmara, deputado Sibá Machado (AC), houve uma pressão
externa para que os petistas votassem contra o peemedebista.
O
presidente da Câmara disse que, apesar de haver dúvidas sobre esse
ponto entre juristas, ele manteve o entendimento de que não seria
possível abrir um processo de impeachment com base em fatos do
primeiro mandato da presidente (2011-2014).
A
decisão de Cunha foi baseada nos decretos presidenciais deste ano
que autorizaram um aumento de gastos do governo apesar de já haver a
previsão de que a meta de superávit (economia para pagar juros da
dívida) poderia não ser atingida.
A
decisão de Cunha foi anunciada no mesmo dia em que o Congresso
Nacional vota o projeto de lei que autoriza o governo a fechar o ano
com deficit no Orçamento.
Mas, segundo o presidente da Câmara, mesmo que o projeto seja aprovado isso não isentaria a presidente de ter cometido irregularidades contra o Orçamento, pois os decretos foram editados quando não havia ainda a nova meta.
Mas, segundo o presidente da Câmara, mesmo que o projeto seja aprovado isso não isentaria a presidente de ter cometido irregularidades contra o Orçamento, pois os decretos foram editados quando não havia ainda a nova meta.
"Mesmo
a votação do PLN-5 [projeto que muda a meta] não supre a
irregularidade de ter sido editada a norma em afronta à lei
orçamentária", disse Cunha.
"Então o embasamento disso é única e exclusivamente de natureza técnica. E o juízio do presidente da Câmara é única e exclusivamente e autorizar a abertura, não de proferir o seu juízo de mérito [culpa]", afirmou. "O processo vai seguir seu curso normal com amplo direito de defesa", disse o peemedebista.
"Então o embasamento disso é única e exclusivamente de natureza técnica. E o juízio do presidente da Câmara é única e exclusivamente e autorizar a abertura, não de proferir o seu juízo de mérito [culpa]", afirmou. "O processo vai seguir seu curso normal com amplo direito de defesa", disse o peemedebista.
Cunha
afirmou que a decisão chega num momento de crise política e
econômica. "Sei que é um gesto delicado, num momento em que o
país atravessa uma situação difícil. A economia passa por uma
crise, o governo passa por muitas crises", disse.
O
peemedebista, que rompeu com o governo Dilma em julho, prometeu
isenção na condução do caso, e disse que o processo tramitará na
Câmara "sem eu fazer qualquer juízo de valor do mérito disso
e sem qualquer tipo de torcida", disse. "Minha posição
será a mais isenta possível", afirmou.
A
decisão deverá ser publicada ainda nesta quarta no Diário da
Câmara dos Deputados e deverá ser lida no plenário na quinta-feira
(3).
Em
seu Twitter, Cunha diz que acolheu o pedido devido à "voz das
ruas".
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