A bundinha do vagalume




Na virada de ano o otimismo toma conta de boa parte das pessoas, apesar da crise e da perspectiva ruim para 2016. Ser otimista, exercitar a fé e a esperança fazem parte do protocolo de virada de ano. Por mais que seja apenas uma simples mudança no calendário a gente sempre espera coisas melhores no ano que começa. E muitas pessoas me perguntaram nos dias finais de 2015 o que eu esperava, qual a minha expectativa para 2016 e se o Brasil iria melhorar.

Algumas pessoas que me conhecem costumam dizer que sou pessimista, meio azedo, crítico demais com as coisas. Eu prefiro dizer que sou realista, mas de qualquer forma, minha personalidade não é o tema deste comentário. O que quero dizer é que quem perguntou minha perspectiva para 2016 ouviu como resposta que o fundo do poço já está acima das nossas cabeças. Passamos do fundo do poço há muito tempo. Estamos no subsolo, ou pra quem acredita, no inferno. Sinto lhes dizer que o Brasil infelizmente não tem solução. É daqui pra pior. Pode até melhorar um pouco na área econômica, passarem um batom na atual realidade do país, mas de uma forma geral, o Brasil acabou. Não há salvação.

Senão vejamos: Em quantos por cento dos políticos você acredita? Qual a porcentagem de políticos honestos no Brasil? Você, amigo leitor, acredita na justiça? Saiba que pra mim a justiça é o mais corrupto e hipócrita dos poderes. Você acha que o Congresso, as Assembleias, Câmaras Municipais e correlatos são confiáveis? Cortando na própria carne, você acredita na imprensa? E o Ministério Público, que na maioria dos casos diz amém aos ricos e poderosos, você confia? Sindicatos, associações de bairro e entidades como a OAB estão mais próximos de gabinetes refrigerados do que do povo. Então eu volto a perguntar: quem vai salvar esse país? Em quem confiar se todos esses que acabei de dizer não merecem nossa confiança e o mais grave, não estão do nosso lado? Qual a saída então?

Vou desagradar a muitos mas tenho que dizer novamente, não há saída. Até por que a maioria das pessoas que está lendo este artigo vai dizer: se a gente votar certo podemos mudar o país. Podemos não. Se já é difícil subir alguns centímetros acima do fundo do poço com a mobilização popular, imagine se vamos transformar nossa pátria através do voto. Nunca. O voto é a maior enganação que a democracia já inventou. Calma. Explico. Nunca fui e nunca serei a favor de qualquer ditadura, de esquerda, direita ou centro. Sou pela democracia. Só não acredito que o voto seja a salvação como querem nos fazer acreditar.

Se há uma bundinha de vagalume acesa no fim do túnel é acabar com essa democracia representativa e implantar a democracia participativa. Ninguém me representa. Eu me represento, mas tenho que participar mais. Mas isso é processo para décadas, quem sabe séculos. Não estaremos por aqui quando isso acontecer, se é que um dia acontecerá. Por enquanto minha gente, a bundinha do vagalume que está distante, bem distante, lá no finzinho do túnel, vai continuar apagada.



Laerte Marques Póvoa Júnior é jornalista da Rádio Difusora de Goiânia

Crédito da Imagem: Goiás Real




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