O lado cruel da atual crise econômica brasileira
É
preciso que o governo comece logo a governar para ao menos atenuar o
desemprego
Já
estamos cansados de ouvir por aí que ao redor de 10 milhões de
trabalhadores estão desempregados no Brasil. É um número
assombroso! É um item da estatística do trabalho e emprego no País
a mostrar que a política econômica precisa mudar urgentemente. E a
pior notícia possível é saber que estes números se referem a
pessoas, homens e mulheres, não raras vezes mantenedores de
famílias. Como sustentar as necessidades familiares sem salário
todo santo mês?
Hoje
ouvi parte de uma conversa que me entristeceu bastante. Um rapaz
sobre um bicicleta se aproximou de um homem, ambos estavam diante da
construção de uma casa, em Trindade mesmo. Sem descer da bicicleta
o jovem perguntou ao outro se ali estavam precisando de gente para
trabalhar. “Qualquer coisa serve”, não pude deixar de ouvir.
Antes de receber qualquer reposta foi acrescentando que precisa
arranjar dinheiro para pagar o aluguel, já atrasado, e as contas de
água e energia elétrica, além de conseguir alimentos para um filho
recém-nascido. Lógico, à minha frente estava um trabalhador
desempregado e sem grana alguma.
Deixei
o local e não tive como acompanhar na hora toda a conversa, mas
fiquei sabendo depois que não havia vagas na obra, já na fase
final. Ou seja, o jovem pai de família certamente terá que andar
mais um outro tanto em busca de trabalho. Note bem que nem
mencionamos o termo emprego, pois isso dá uma ideia de trabalho
formal, com Carteira assinada e todos os demais direitos daí
decorrentes. No atual contexto, muita gente quer mesmo é trabalhar e
garantir algum dinheirinho para bancar aquelas despesas básicas do
cotidiano. E nem isso está fácil.
Nos
semáforos das ruas e avenidas das cidades, a todo instante a gente é
abordado por vendedores daquela infinidade de coisas (engenhocas
eletrônicas made in China, frutas, panos de prato, brinquedos
e por aí vai), além dos lavadores de para-brisas e malabaristas
também. Fazer o quê? Todo mundo tem contas a pagar e não há outra
opção a não ser ir à luta. A gravidade deste momento, todavia, é
que crise pegou de jeito tanto os trabalhadores da economia formal
como inclusive o pessoal já acostumado tirar o sustento nas
atividades informais. Dia desses escutei de um trabalhador nas
esquinas de Goiânia a versão dele a respeito da crise econômica em
cartaz: - “O bicho tá pegando geral, patrão”.
Concluindo,
ver assim, na vida real, alguém desempregado, tentando a sorte de
conseguir um trabalho sem êxito, é muito triste. Os caras ficam
falando pela imprensa em números, estatísticas, referindo-se
genericamente a empregados e desempregados e a gente perde a noção
de que, na verdade, estamos tratando é de gente de carne e osso. E
por essas e outras, imagino, não dá mais para deixar as coisas como
estão. É preciso que as autoridades comecem logo a governar de
fato, para ao menos arrefecer essa crise brava sentida pelos
trabalhadores na pele e nos bolsos.
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