O nascedouro do processo de impeachment da presidente Dilma

Quando líderes petistas decidiram rifar os peemedebistas do poder o terreno do impeachment tornou-se fértil



Se estamos nesta tarde de domingo (17) assistindo à Sessão de Votação do Impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), vale a pena refletir um pouquinho sobre a origem disso tudo. Por essa razão mesmo, recomendo a leitura de um texto do jornalista Elio Gaspari, intitulado "O comissariado quis fritar o PMDB", publicado nos principais jornais brasileiros deste final de semana. Depois de lida a matéria, cada um que tire suas conclusão, ora pois. Veja a seguir e em vermelho.



O comissariado quis fritar o PMDB
Elio Gaspari é jornalista (e dos bons)



No dia 7 passado, a melhor planilha de votos dos estrategistas da deposição de Dilma informava que, dos 342 votos necessários, tinham pelo menos 240 e, no máximo, 260.

No governo a situação era parecida. Contabilizavam-se 150 votos contra o impedimento, 22 abaixo do necessário.

Podem ter acontecido muitas coisas, mas certamente a capacidade de articulação de Michel Temer foi um dos principais fatores da virada.

Em abril do ano passado, Dilma Rousseff viu que marchava para um precipício e chamou Temer para assumir a coordenação política do governo. Foi uma conversa difícil, e ela argumentou: se você não aceitar, o meu governo acaba. (Essas não foram as palavras textuais, mas foi o sentido.)

Temer aceitou, e o comissariado petista começou a fritá-lo nas semanas seguintes. Seu “chef” era o então chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Em junho, no Encontro Nacional do PT, o comissário Tarso Genro condenou a aliança com o PMDB: “Não serve mais. (…) OPMDB tem zero de unidade ideológica e programática para comandar uma coalizão. Se o PT não refundar imediatamente seu sistema de alianças, dificilmente terá credibilidade para se apresentar com força política em 2018.”

A contrariedade com a aliança tinha origens fisiológicas e ideológicas, e Temer aguentou menos de quatro meses na função. À época, os comissários acharam que conseguiram fritá-lo.

Nos próximos meses surgirão revelações que permitirão o entendimento do que houve entre a eleição de Dilma Rousseff e o dia de hoje. Abundarão culpados, mas uma coisa é certa: no coração dessa história estarão os autores da ideia de fritar o PMDB. Isso aconteceu antes do segundo turno de 2014, quando o comissariado achou que derrotaria a candidatura de Eduardo Cunha à presidência da Câmara, elegendo o petista Arlindo Chinaglia.



Texto está publicado nos principais jornais brasileiros,
do jornalista Elio Gaspari




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