Os vereadores de Trindade se revezam na presidência da Câmara Municipal a cada seis meses
Período
curto à frente do Legislativo trindadense é um “sistema falho”
Deivid Oliveira, Erik Cotrim e Ucleide de Castro: Ponto em comum é que acham que o revezamento na presidência da Câmara de Trindade é falho. |
Dia
desses, conversando com Deivid Oliveira, servidor público, que mora
na região leste de Trindade há mais de 20 anos, falamos sobre a
prática dos vereadores da “Capital da Fé” que realizam uma
espécie de revezamento na presidência do Legislativo trindadense a
cada seis meses. Na opinião de Deivid Oliveira, trata-se de uma
espécie de “pré-acordo” dos vereadores e isso resvala na “falta
de decoro”, pois “não se está cumprindo a principal lei do
município”. No caso, a Lei Orgânica do Município.
A
rigor o mandato de presidente do Legislativo trindadense é de um
ano, mas a edilidade local deu um jeitinho nisso aí para inovar a
coisa de modo a ficar bom para eles próprios cuja maioria do
colegiado dar pinta de que tem uma vontade desmedida de presidir a
Casa de Leis do município. Afinal de contas, com essa sistemática
mais vereadores passam pelo comando do poder Legislativo, mas os
interesses eminentemente público parece não vir muito ao caso não.
Vale
salientar que esta prática teve início na Legislatura 2005-2008,
quando o vereador Ézio Bernardes (Sassá), esteve à frente da
presidência da Casa, no período de janeiro a junho de 2006. Naquela
oportunidade, Ézio Bernardes se afastou da direção da Mesa
Diretora da Câmara Municipal, cedendo o espaço para que o à época
vereador Ricardo Fortunato assumisse o posto e lá permanecesse de
julho a dezembro aquele mesmo ano. Daí então foi implantada essa
engenhosa maneira fazer com que mais vereadores ficassem aos menos
uns meses sentado à principal cadeira do Legislativo.
A
Lei Orgânica do Município e o Regimento Interno da Câmara
Municipal de Trindade estabelecem que a duração do mandato de
presidente do Legislativo é de um ano. Para viabilizar o rodízio de
vereadores à frente da Câmara Municipal a cada semestre, o ocupante
da vez costuma renunciar, abrindo espaço para o próximo. Suas
excelências fazem acordos e a maioria das vezes cumpre-se o
combinado, mas há exceções. No ano passado, o vereador Dyego
Marques (SDD), que não é bobo nem nada, era para ter ficado seis
meses na presidência da Casa, porém resolveu permanecer o ano
inteiro no comando do Legislativo, deixando o vereador Roni Ferreira
(PDT) que estava na fila para ascender à liderança da Mesa Diretora
no ora veja. Pois é, pois é, pois é...
Retomando
a conversa, na atual Legislatura, já passaram pela presidência do
Legislativo trindadense os vereadores Hélio Braz (PSDB), Ricardo
Marques (PROS), Raphael Gratão (PDT), Erik Cotrim (PMDB), Dyego
Marques e Agnelson Alves (PV), o atual presidente da Câmara
Municipal de Trindade, que deve permanecer no posto até o final
deste ano, o último da temporada. Lembrando, em tempo, que no dia 2
de outubro teremos eleições para vice, prefeito e vereadores dos
246 municípios goianos, Trindade inclusive, para o período de
2017-2020.
Esse
troca-troca de presidente da Câmara Municipal é algo bom para a
cidade? Isso tem feito do Legislativo trindade um poder mais
eficiente no cumprimento em sua finalidade precípua, fiscalizar os
atos do prefeito, discutir e votar as leis para o município?
Aparentemente, a resposta é um sonoro não. A edilidade local tem se
posicionado quase sempre conforme os desejos do chefe do poder
Executivo, aprovando todas as propostas originárias ali do prédio
situado na Praça Constantino Xavier, 330. Ainda que se ouçam
discursos recheados de críticas sobretudo a alguns secretários
municipais, o prefeito não encontra dificuldades para aprovar as
medidas do interesse de sua administração.
O
vereador Erik Cotrim entende que esta sistemática está longe de ser
a ideal, pois na verdade trata-se de “um sistema falho”, comenta
ele que um do ex-presidentes do Legislativo trindadense. E como o
tempo passa rápido, “seis meses é muito pouco para realizar um
bom trabalho, porque na verdade o presidente fica só 5 meses, pois
julho é mês de férias e janeiro também”, comenta Erik Cotrim.
Ucleide
de Castro, o Ferruja (PSDB), é outro ex-presidente da Câmara
Municipal de Trindade que entende o período de 6 meses na
presidência da Casa como um tempo “muito curto”. Ferruja vai
além e afirma que esta é uma ideia para se tornar um “projeto
para a próxima Legislatura, aumentando-se a duração do mandato de
presidente que hoje é de 1 ano, passando para 2 anos, como é em
outros lugares”, recomenda o vereador e atual líder do prefeito no
Legislativo trindadense.
Já
concluindo, é preciso que a população preste um pouco mais de
atenção ao funcionamento das instituições municipais e, neste
caso, se informe melhor sobre a forma como os vereadores estão
cuidando do poder Legislativo municipal. Até porque, presidir a
Câmara não pode ser encarado apenas como um favor entre aqueles que
foram eleitos para representar a sociedade, fiscalizando as ações
do prefeito, discutindo, votando, aprovando ou rejeitando as
propostas de leis para a cidade. Isso é coisa séria, senhoras e
senhores.
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