Discursos vazios... é o que se tem para a atual campanha eleitoral

O candidato diz o que quer e a audiência formada pelo eleitorado está nem aí



Confortavelmente instalado à mesa e digitando isso aqui, noto que estamos perdendo uma excelente oportunidade de discutir verdadeiramente coisas do maior interesse para a população trindadense, que somos nós todos. Campanha eleitoral, ingenuamente cheguei a pensar assim, havia sido “inventada” justamente para isso, oportunizar ao eleitorado condições para se conhecer candidatos a isso e aquilo, ouvir deles propostas, debatê-las, enfim, promovendo a máxima participação popular de forma mais ativa na política, mas me enganei redondamente.

Trindade está crescendo rapidamente e novos loteamentos surgem, apesar da existência de milhares de lotes baldios por todo o município; transporte coletivo urbano é ruim demais da conta e ninguém propõe melhoria alguma; teremos água para continuar abastecendo os, hoje, 117.454 habitantes da "Capital da fé", conforme estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) até quando? A Prefeitura continuará asfaltando ruas sem construir galerias de águas pluviais e/ou redes de esgoto? Vamos continuar negligentes com os poucos córregos e ribeirões do município? É possível criar mais parques ambientais no cidade, como ali na entrada de Trindade? O quê fazer para a economia local não ficar tanto na dependência quase que total do, digamos, "bom humor" do turismo religioso? Como melhorar a qualidade do atendimento aos cidadãos no Serviço Público Municipal de Saúde? Os servidores municipais ainda terão plano de cargos, salários, de carreira enfim, quando mesmo? E a Prefeitura permanecerá funcionando espalhada por imóveis alugados por todo o sempre? Claro que há muito mais questões a serem debatidas, mas nem essas vão merecer a atenção dos candidatos do pleito que se avizinha.

Enquanto segue a temporada de caça ao voto, isso mesmo, esse negócio de campanha eleitoral é mero eufemismo, o tempo voa e só ouvimos, ou lemos, ou alguém nos conta, quase que só bobagens puras e simples, ditas por candidatos a prefeito e a vereador. Data venia, internautas, acho mais apropriado mesmo falarmos em caça ao voto. Os candidatos dão pinta de que estão a fim de qualquer coisa para vencer a disputa, menos apresentar propostas de trabalho, plano de governo digno do nome, eis a impressão deste blogueiro algo desconfiado.

O que temos assistido não passa de algo como um desfile de candidatos. Os caras andam pelas ruas, fazem discursos sem graça, ao gosto mesmo de suas próprias turmas, recheados de “se eleito, vou fazer isso, aquilo e aquilo outro”... “vamos construir juntos a Trindade que queremos”... e platitudes do tipo que dão uma preguiça danada só de ouvir. Falando sério, a realidade é complicada demais para que alguém consiga, de verdade, encontrar soluções simplistas como essas ditas por candidatos a prefeito e a vereador.

Lógico, é mais cômodo para o político, numa disputa por votos, fazer de qualquer oportunidade um palanque e deitar falação sem se aprofundar em nenhum assunto. O sujeito diz que, se eleito, vai conceder um benefício tal em dinheiro para algumas pessoas; o camarada pede voto anunciando o fim da cobrança de tributos; quem já está no poder se compromete a fazer mais do que já fez; quem esteve no poder até pouco tempo fala em mudanças na gestão pública, e por aí vai. A audiência formada pelo eleitorado nem liga para o que estão dizendo, parece. E tudo pode ser resumido a uma espécie de jogo de palavras, expressões sopradas pelos indefectíveis e sempre bem remunerados marqueteiros aos candidatos que as repetem à exaustão.

Sem qualquer exagero o cabra, no papel de candidato, diz o que quer, o distinto público votante fica na sua, os 45 dias da campanha eleitoral em curso passam rápido, o eleitorado docilmente comparece às urnas e costuma eleger pessoas muito comprometidas, sim, com os respectivos interesses pessoais ou de seus grupos políticos. Apurada a votação, conhecidos os eleitos, muito pouca gente consegue dizer claramente por que o fulano que ganhou é melhor do que o sicrano que perdeu. E é desse jeito que a banda tem tocado por aqui e em diversos outros lugares também.

Gostaria de ter respostas para algumas perguntas relacionadas às eleições em Trindade, que são simples. Vou reeleger o atual prefeito, por quê mesmo? Estou pensando em eleger um novo prefeito, por que cargas d'água? E quanto aos vereadores aplico as mesmíssimas questões. Pior de tudo é que, prestando um pouquinho de atenção às mensagens dos atuais 4 candidatos a prefeito, dos 4 candidatos a vice-prefeito e dos 280 candidatos a vereador, não consigo responder a nenhuma dessas questões. Quem sabe até o dia 2 de outubro, né?


Comentários