E de novo falando aqui da venda de áreas públicas em Trindade
Ainda
que a intenção seja boa, “fazer caixa” para financiar
investimentos em infraestrutura ou atrair empresas para o município,
doar ou vender terrenos públicos deve ser uma excepcionalidade
Ah,
sim! Estava me esquecendo de voltar a falar daquele projeto já
aprovado pela Câmara Municipal, apresentado pelo o prefeito Jânio
Darrot (PSDB), cujo objetivo é vender duas áreas públicas lá no
setor Cristina Expansão. A justificativa seria, em linguagem simples
e direta, fazer caixa para pagar despesas com obras de
infraestrutura, principalmente asfalto.
Já
disse em post anterior a respeito desse assunto que sou contra isso,
mas não custa discorrer mais um pouquinho sobre esse negócio. Não
penso que Prefeitura Municipal deva atuar algo parecido com uma
imobiliária ou incorporadora para ficar no mercado transacionando
áreas, em especial terrenos que poderão fazer falta para o poder
público no futuro. Vai que daqui alguns anos seja preciso construir
um prédio público, fazer um parque ou uma praça e pode ser que a
municipalidade tenha que espernear para arranjar terreno.
De
mais a mais, como é isso de vender um pedaço do patrimônio público
para conseguir dinheiro a fim de custear investimentos em
infraestrutura? Existem organismos, inclusive internacionais, que
financiam semelhantes atividades. Além dos órgãos governamentais
federais e estaduais criados justamente para atuar como agentes
financiadores de ações em diversas áreas, como pavimentação e
saneamento básico, todo mundo sabe disso. É fácil firmar convênios
ou obter financiamentos deste tipo? Evidentemente que dá trabalho,
tem que ter projetos tecnicamente bem-feitos, desenvolver bom
relacionamento político nas esferas diferentes esferas de poder.
Se o
gestor atual encontrou na venda de área pública a saída para
implantar mais asfalto na cidade, além de outros benefícios
urbanos, daqui a pouco um outro administrador poderá ver nisso aí a
saída para a quitação de débitos nos apertos financeiros, que são
frequentes, sobretudo no atual contexto de forte crise econômica.
Uma suposição absurda, quanto, em dinheiro, seria obtido com a
venda da área onde hoje está a Praça Constantino Xavier, por
exemplo? Uái, já que se está vendendo um terreno distante, por que
não negociar uma área melhor localizada e “fazer caixa” para
mais investimentos na infraestrutura do município? Forçando a
barra, alguém poderá pensar nessa direção a partir de agora.
É
importante salientar que há por aí quem justifique a medida porque
existe uma prática um tanto antiga dos prefeitos fazerem doações
de terrenos públicos para entidades representativas de determinados
segmentos da sociedade ou como instrumento de atração de empresas
para o município. O pessoal quer construir uma igreja ou a sede de
alguma associação, não é de todo impossível conseguir uma área
doada pelo poder público, desde que se trate de gente bem
relacionada com os “donos do poder” da ocasião.
Grandes
empreendimentos que estão em funcionamento no município, gerando
emprego e renda, conforme as expectativas, receberam semelhante
“empurrãozinho” do poder Executivo municipal. Quer dizer, a
Prefeitura de Trindade tem sido uma “mãezona” para alguns.
Pensando bem a respeito desse assunto, imaginamos que é preciso usar
este tipo de medida com certa parcimônia, pois às vezes quem recebe
a doação acaba tendo um reforço patrimonial e a área sequer passa
a ser servir a destinação a que se imaginava. Como assim? Alguém
recebe uma área para construir um hospital, não o faz, a
Administração permanece “deitada em berço esplêndido” e lá
se foi embora um pedaço do patrimônio público.
Por
essas e outras é que a doação de áreas públicas precisa ser uma
excepcionalidade e não uma quase regra ainda que a intenção seja
as melhores, como sempre acontece. É isso aí!
Especificações das áreas em questão
ÁREA
PÚBLICA MUNICIPAL – “D” - Endereço: situada entre a Rua João
Alves da Silveira, Rua Olímpio Cassiano Lopes e Rua Tertulino da
Silva Barreto, no loteamento Setor Cristina II – Expansão em
Trindade/GO.
Área
total: 13.156,92 m²
Preço
mínimo de venda: R$ 1.636.325,99 (um milhão, seiscentos e trinta
seis mil, trezentos e vinte cinco reais e noventa e nove centavos ).
ÁREA
PÚBLICA MUNICIPAL – “G” - Endereço: situada entre a Rua
Aladim Leite Santana, Rua João Alves Forte, Roa José Vicente Borges
e Rua José Mariano de Souza, no loteamento Setor Cristina II –
Expansão em Trindade/GO.
Área
total: 14.560,00 m²
Preço
mínimo de venda: R$ 1.957.225.37 (um milhão, novecentos e cinquenta
sete mil, duzentos e vinte cinco reais e trinta sete centavos).
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