Algumas considerações a respeito dos candidatos a vereador
O
vereador tem como função fiscalizar as contas do prefeito, analisar, debater e votar os projetos que chegam ao Legislativo
Chegamos
à última semana da campanha eleitoral deste ano em que elegeremos
vereadores, vice-prefeito e prefeito dos mais de 5,5 mil municípios
brasileiros, no meio destes os 246 municípios goianos e, claro,
Trindade faz parte do bolo. A temporada de caça ao voto terminará
na sexta-feira (30), vale lembrar. No próximo domingo (2), será o
dia da votação, a hora da “onça beber água”. Quem ganhar,
ganhou, que não ganhar, terá que esperar mais 4 anos para tentar a
sorte ou o mandato outra vez.
A
disputa pelo cargo de prefeito desperta mais atenção das pessoas,
mobiliza mais gente em torno dessa disputa em particular. E assim o
eleitorado vai deixando meio que de lado outra importante peleja que
a eleição para a Câmara Municipal. No caso de Trindade, estão em
jogo 17 vagas de vereador e nesta corrida há 282 candidatos, ou
seja, 16,5 candidatos por cada uma das cadeiras existentes no
Legislativo municipal.
A
impressão que se tem de vários concorrentes ao cargo de vereador
não é lá muito boa não. Observando um pouquinho melhor o que
vários candidatos à edilidade dizem por aí, ficamos assustados,
especialmente pela sensação incômoda de que ali no meio dos
camaradas que querem entrar para o poder Legislativo, predomina o
desconhecimento básico das funções que o vereador terá de
desempenhar no exercício do mandato, a partir do primeiro dia de
janeiro de 2017 até o dia 31 de dezembro de 2020.
Há
candidato falando como se estivesse pedindo voto para ser eleito para
um cargo meio parecido com “despachante” nos serviços
municipais. Ou seja, uma espécie de agente que estará “às
ordens” para fazer andar uma demanda qualquer nas repartições e
órgaõs municipais. Tem também os camaradas que se apresentam como
uma espécie de “assistente social” que darão expediente na
Câmara Municipal. Isso tem a sua importante, claro, mas a função
do nobre edil é outra.
Simplificando
bem a conversa, ao vereador compete analisar, fiscalizar, debater e
votar as contas do prefeito, além de fazer coisa bem parecida em
relação aos projetos de lei encaminhados à Câmara Municipal pelo
chefe do poder Executivo. Detalhe, vereador nem pode apresentar
projeto que resulte em gastos, pois esta iniciativa cabe apenas ao
prefeito. É isso aí que cabe mesmo a cada um dos nobres edis
realizar enquanto comparecem às 5 reuniões mensais que acontecem
nas noites das terças-feiras, isso no caso de Trindade, bem
entendido. E para fazer isso aí os contribuintes pagam salários de
mais de R$ 10 mil, mais assessores e despesas de expediente nos
gabinetes de cada uma das 17 excelências que integram o Legislativo
da “Capital da Fé”.
Para
ganhar os votos necessários para conquistar uma das vagas
referenciadas acima, tem candidato a vereador propagandeando a
intenção de lutar por isso e aquilo, com destaque para o “social”.
Pode até ser, mas, antes, é preciso cumprir a obrigação principal
que está dita no parágrafo anterior. Feito aquilo ali, vá lá, que
trabalhem para expandir os horizontes da atuação parlamentar. Tudo
bem, os trindadenses pagam muito bem aos vereadores e eles podem ou
devem devolver mais trabalho à comunidade mesmo.
O
problema é que os vereadores costumam atuar como “parceiros” dos
prefeitos, enquanto o povo, dizendo de outro modo, os interesses
eminentemente públicos, acabam ficando em segundo plano. A bancada
de sustentação ao chefe do Executivo no mais das vezes nem fica
vermelha ao apoiar e aprovar, com votos no plenário, todas as
medidas que “Sua Excelência” o prefeito envia ao Legislativo. É
a tal da bancada do “sim, senhor”. Por outro lado, a oposição
faz discursos inflamados na tribuna, mas na prática pouco consegue
além disso mesmo, fazer barulho.
Vejamos
o que nos reservará os novos integrantes da legislatura que sairá
das urnas eletrônicas da Justiça Eleitoral, na noite do dia 2 de
outubro próximo vindouro. Tomara que tenhamos lá no plenário
Hilton Monteiro da Rocha, na sede da Câmara Municipal, no Jardim
Primavera, homens e mulheres verdadeiramente comprometidos com o
exercício do mandato na defesa dos interesses da população,
fiscalizando seriamente a gestão dos recursos públicos que são
escassos e precisam estar a serviço da promoção do desenvolvimento
da cidade como um todo.
Ajuda
na campanha
Como
a atual campanha eleitoral tem sido marcada pela escassez de recursos
financeiros disponíveis, já vimos candidatos a vereador reclamando
da falta de apoio dos candidatos a prefeito. Em tempo de “vacas
gordas” os candidatos a prefeito bancavam mais as candidaturas de
vereador. E isso aí já deforma o resultado. Será que um vereador
eleito com a ajuda do candidato a prefeito terá isenção,
independência, para fiscalizar as contas do chefe do Executivo
depois, no período em que ambos estiverem no poder? É de duvidar,
não é verdade?
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