Trânsito: entre a impunidade e a inconsequência
São
atitudes simples que deixamos de tomar que acabam ceifando nossas
vidas e a de terceiros
Cezar Laureano: O trânsito em questão. |
“Morrem
atualmente no mundo, dados da Organização Mundial de Saúde (OMS),
cerca de 1.300.000 pessoa/ano, deixando ainda um rastro de mais de 50
milhões de feridos, a um custo aproximado de US$ 518 bilhões/ano!
Neste
trágico cenário, o Brasil contribui com mais de 60.000 mortes/ano,
quase 600.000 feridos, além de um verdadeiro exército de mutilados
formado por 150.000 pessoas com lesões irreversíveis. É
o equivalente a 165 mortes/dia, sete a cada hora.
Considerando
os dados apresentados, é hora de refletir sobre a situação caótica
do trânsito em nosso País, especialmente por considerar que os
acidentes de trânsito ocupam o 7° lugar no ranking das causas de
mortes no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Diante disso, não
precisamos ir muito longe para começar a apontar os erros.
Vejamos
em Trindade: em 2.005, contávamos com 13.610 veículos emplacados.
Em 2.010, esse número subiu para 29.127 e, em 2.016 – pasmem! - já
foram contabilizados 51.722 automóveis. Nesse mesmo período, a
população teve um aumento de 15,3%, enquanto que o aumento de
veículos foi de 280%.
Se
analisarmos o crescimento de veículos de duas rodas isoladamente,
ficaremos ainda mais assustados com os resultados. Em 2005, eram
3.857; em 2010, subiu para 11.753 e, em 2015, chegamos a 18.901
veículos. Isso representa um aumento de 490%.
Precisamos
repensar o trânsito
em Trindade. Não
podemos mais tomar atitudes isoladas. É necessário
planejar o todo e ir aplicando esse planejamento na medida do
necessário. Não
podemos simplesmente colocar uma placa de contramão
em determinada rua e não
conhecer os impactos que essa medida vai provocar nas outras vias.
Diante
do crescimento exponencial de veículos automotivos, cresce também,
proporcionalmente, o número de acidentes, muitas vezes evitáveis,
não fosse a imprudência dos condutores.
Fechar
os olhos para esta realidade é condenação à morte! São atitudes
simples que deixamos de tomar que acabam ceifando nossas vidas e a de
terceiros.
Trindadenses,
sejamos cidadãos de exemplo! Vamos respeitar as leis de trânsito!
Façamos de nossas vias um lugar seguro para nossas crianças, para
nossos visitantes e para nós! Vamos contribuir com o equilíbrio e
segurança no trânsito em nossa cidade.
Aos
cidadãos, motoristas, ciclistas e pedestres, é importante ter
consciência de que estamos compartilhando um espaço público, no
qual existem regras de convivência que precisam ser respeitadas,
tais como: ligar a seta, manter-se do lado correto para realizar
conversões, respeitar a velocidade e a faixa de pedestre, usar o
cinto de segurança, dentre outras.
Vale
destacar ainda o uso de celulares e a direção sob influência de
álcool ou entorpecentes. Atitudes essas que, embora combatidas pelo
Estado, são desafiadas pelos condutores diante da impunidade
garantida pelas lacunas da lei.
Muito
além do número de mortes, devemos reconhecer também a ausência de
cidadania e sociabilidade nas vias públicas e a fragilidade dos
meios de fiscalização e controle do trânsito brasileiro.
Impunidade
e falta de cidadania! Institutos estes que devem ser combatidos de
modo a assegurar a “ordem e progresso” de uma sociedade. Aquele
que coloca não só a sua vida em risco, mas também a de terceiros,
deve assumir as consequências pelos seus atos. Aqui falo das
consequências pecuniárias. Estas devem ser aplicadas sempre de modo
a penalizar aquele que, mesmo conhecendo a lei, prefere agir de modo
diferente para se beneficiar de algumas situações.
Aproveitando
a ocasião gostaria de deixar alguns pontos para refletirmos:
-
A GO-060, que liga Goiânia a Trindade, é a mais perigosa rodovia de
todo o Estado.
-
No Brasil, metade dos acidentes acontecem a menos de 10 km da
residência do motorista.
-
No Brasil, a cada 690 veículos, morre uma pessoa por ano. Nos Estados
Unidos, um a cada 5.300 veículos e , na Suécia, um a cada 6.900
veículos.
Para
finalizar:
“Os
dados não registram apenas números, cada pessoa que morre tem um
rosto, uma história, uma família. O brasileiro precisa mudar o seu
COMPORTAMENTO diante do trânsito, se não essa tragédia continuará
aumentando.” (Elaine Sizilo)
Cezar
Luiz Laureano é Prof. Examinador da UEG/Detran
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