Singelo comentário sobre uma notinha do jornalista Elio Gaspari

Ninguém foi obrigado a meter a mão na bolsa da Viúva mas muitos empresários aproveitaram a oportunidade de assaltar os cofres da Petrobras



Ultrassabedoria
Com grandes empresas abaladas pela Lava Jato, é bom mostrar que as coisas não são sempre como parecem. Veja-se o caso de Paulo Cunha, presidente do conselho do grupo Ultra, a quarta maior empresa do Brasil.

No primeiro governo de Lula ele foi chamado para a construção de uma refinaria no Estado do Rio. Apresentou um projeto com a estimativa de custo de US$ 3,5 bilhões. A papelada rodou e voltou às suas mãos com outra estimativa, de US$ 7 bilhões.

Cunha caiu fora. Posteriormente Lula e José Dirceu, então chefe da Casa Civil, ofereceram-lhe a liderança do projeto. Recusou na hora.

Cunha ouviria que um serviço de terraplenagem que valia R$ 300 milhões fora contratado por R$ 600 milhões e estava custando R$ 840 milhões. (Uma terraplenagem do Comperj gerou uma propina de R$ 2,7 milhões.)

Ninguém foi obrigado a meter a mão na bolsa da Viúva.

Elio Gaspari, jornalista e escritor ítalo-brasileiro.



Um comentário
A notinha acima saiu em alguns dos principais jornais brasileiros, também no O Popular de domingo (18), na página 8.

Lemos que entidades empresariais cobram ao governo federal medidas capazes de reverter a crise econômica brasileira no menor lapso de tempo possível. De fato, todo mundo quer de volta algo semelhante à normalidade de condições para a economia iniciar a recuperação dos efeitos nefastos desta que, segundo os entendidos, “se trata da maior crise econômica dos últimos 30 anos”.

Ao mesmo tempo, ainda não consegui enxergar na fala dos líderes dos empresários, crítica contundente à atuação dos homens de negócios que se meteram em transações nebulosas, criminosas mesmo, feito aquelas trazidas à luz no famigerado “Mensalão” e agora neste “Petrolão”, que a Operação Lava-jato vem revelando as traquinagens de executivos e políticos unidos no assalto aos cofres da Petrobras.

Vários integrantes do primeiro time do empresariado verde e amarelo foram parar atrás das grades em Curitiba, muitos deles estão por aí usando tornozeleiras eletrônicas, enquanto que outros permanecem engaiolados e devem “cantar” a música que os delegados, procuradores federais e o juiz Sérgio Moro vão ouvir para botar no papel que integrará mais processos judiciais cuja consequência talvez seja mais homens de negócios e políticos aboletados nas celas de presídios deste “país tropical”.

A impressão que eventos assim deixa numa criatura de vida normal é a pior possível. É de se imaginar que para se dar bem na vida, empreender e fazer crescer um negócio qualquer aqui no “lado de baixo do Equador” é preciso se valer daquele manjado “jeitinho” cujo pilar é a corrupção de valores como regra de conduta ou quase isso.

No modesto entendimento deste blogueiro, está faltando aos líderes do mundo dos negócios em terras brasileiras externar a defesa de um posicionamento mais firme contra a corrupção por aqui. E neste sentido a notinha de Elio Gaspari funciona como um alento, pois mostra que há gente dispensando negociatas e focando nos negócios bem feitos que não precisam ser bem explicados nem ao mercado, menos ainda às autoridades judiciais. É isso aí!


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