Sobre a crise econômica que reduziu o movimento de clientes no comércio
Falando sobre descaso
com clientes em restaurante na capital goiana
Restaurante em Goiânia: Concorrência pelo freguês é acirrada. |
Conversava ontem com um
comerciante estabelecido no centro de Goiânia sobre as dificuldades
trazidas pela momentosa crise econômica, na forma da atual e forte
queda no movimento do comércio goianiense, provocada dentre outros
fatores, pelo desarranjo das contas públicas democraticamente
verificado nos governos federal, estaduais e municipais deste Brasil
de meu Deus. Uma coisa puxa a outra e os problemas financeiros do
setor público contaminaram o setor privado, arrastando todos para
este mar de encrencas no qual estamos navegando e com medo da
embarcação ir a pique. Divino Pai Eterno, olhai por nós!
Continuando, o meu
interlocutor é sim um sujeito muito bom de assunto, me atendeu
atenciosamente, consultou um monte de bloquinhos sobre uma mesa no
fundo de sua loja, enquanto eu esperava para saber o preço do
produto que fui até lá para comprar, a pedido de uma colega.
Naquele estabelecimento que vende uma grande variedade de coisas para
artesanato, dei minha contribuição para remediar a baixa nas
vendas, pois comprei um tubo de cola de silicone, ao preço de R$
8,90. Saí do lugar quase que com a consciência do dever cumprido
por ter feito a minha parte na tentativa de debelar a crise econômica
brasileira. Que bobagem.
Bom, mas retomemos logo
e, sem mais delongas, o fio da meada. Se no início deste ano a
Associação Brasileira de Bares Restaurantes em Goiás (Abrasel)
percebeu uma queda entre 30% e 40% na movimentação de clientes
nestes estabelecimentos comerciais em Goiânia, conforme noticiou a
imprensa, infelizmente, de lá para cá, a coisa só fez piorar. E
para se enxergar isso nem é preciso analisar números, basta sair às
ruas, ao mercado, que não dá erro mesmo. O movimento “está
fraco, muito fraco”, como me disse o pequeno empreendedor com quem
falava e mencionei acima.
Mas aquele bate-papo
com alguém que está sentindo na pela, melhor dizendo, no caixa de
seu pequeno negócio, os efeitos da drástica redução nas vendas,
me fez lembrar outro acontecimento. Bem, estava eu almoçando há
poucos dias em um restaurante cujas portas mantêm-se abertas ali na
Rua 8 há, no mínimo, uns 15 anos. Era mais de uma hora e meia,
quando normalmente o fluxo de clientes já diminui bastante, e
observei um grupo de 5 pessoas entrar no local. Os caras andaram por
ali, observaram a comida exposta nos balcões e saíram. Talvez não
gostaram do que viram ou do aroma que sentiram ou qualquer outro
motivo.
Isso de escolher o
lugar para fazer qualquer refeição e sobretudo a comida a ser
saboreada, tem muitas possibilidades. E cliente é um bicho que está
ficando cada vez mais arisco. Tem muita gente que olha, olha, olha e
olha de novo para uma mercadoria qualquer e acaba indo embora sem
comprar. Nos restaurantes do dia a dia, é comum a criatura observar
tudo, comer com os olhos, como se dizer, sentir o aroma e dar no pé,
continuando a busca por “qualquer coisa de comer” em outro lugar.
Nessas ocasiões, diante de um potencial consumidor assim, alguém do
negócio deve entrar em ação. Acolher bem faz sim uma diferença.
Como negar?
Opa! Recolando a prosa
no rumo certo, o que me chamou ainda mais a atenção foi o
comportamento dos funcionários do estabelecimento que nem se
dirigiram ao grupo de possíveis clientes naquele momento. Fiquei
pensando assim, numa crise dessas, você é comerciante, pessoas
entram na sua loja, olham isso e aquilo, saem sem que nem você, o
dono, ou qualquer dos seus colaboradores, aborde os “distintos
fregueses” o tradicional “o que vai ser hoje, freguês?” Fiquei
impressionado, muito impressionado com aquela cena.
Na mesma rua daquele
restaurante onde costumo almoçar com uma certa frequência durante a
semana, na região central de Goiânia, existem diversos outros
estabelecimentos similares. Só para constar, posso garantir que ali
a concorrência não é brinquedo não. Há pessoas trabalhando de
forma bem diferente em outros restaurantes. Tem empresa que sempre
coloca algum funcionário de plantão na porta da loja no horário de
maior movimentação convidando os transeuntes a “entrar e almoçar
com a gente”. Se considerarmos este contexto de crise, marcado por
um baixo movimento de clientes e queda no faturamento, é preciso ter
criatividade na gestão e isso passa inclusive pelo tratar bem a
“distinta freguesia”, me arrisco a dizer.
E para terminar, pois
essa notinha está ficando grande demais da conta, no frigir dos ovos
e enquanto a crise insistir em permanecer entre nós, se o
comerciante almeja, por gosto ou necessidade, continuar com os portas
de seu estabelecimento abertas, não tenho como receitar aqui o que
se deve fazer, mas certamente consigo apontar algo que precisa ser
evitado a todo custo: deixar clientes saírem de sua loja sem sequer
receberem um “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”, é o
fim da picada. É isso aí!
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