Bolivianos compram combustíveis brasileiros bem baratinhos no Brasil, em Goiás
Petrobrás
vende gasolina a R$ 1,59 e diesel a R$ 082 o litro; para a Bolívia.
Em compensação arrancam o couro do consumidor brasileiro
Economia
parece não ser um trem de Deus, meus irmãos. Como é que os caras
da Petrobrás querem que a gente entenda, aceite, concorde e sei lá
mais o quê, com essa prática de se vender gasolina muito, e bota
muito nisso, mais barata para os bolivianos do que para “nosotros
acá” (Epa!), nós mesmos, os brasileiros? É difícil compreender
um negócio desses, né não?
Notícia
que bombou ontem (terça-feira, 14) na imprensa goiana foram os
caminhões com placas da Bolívia estacionados no pátio do pool de
abastecimento de combustíveis em Senador Canedo, na região
Metropolitana de Goiânia. Descobriu-se que os bolivianos compram
gasolina a R$ 1,59 o litro, enquanto que os goianos pagam R$ 3,34
pelo produto. Os patrícios de Evo Morales adquirem o litro de óleo
diesel por módicos R$ 0,82, ao passo em que os nativos da terra
“brasílis” pagam R$ 2,91.
Nos
últimos dias, alguma coisa ao redor de 2,25 milhões de litros de
combustíveis foram exportados para a Bolívia, a partir de Senador
Canedo. Ficamos sabendo dessa operação comercial agora, mas isso
acontece não é de hoje. É que a base de captação dos bolivianos
situava-se nas cidades paulistas de Paulínia e Santos ou em
Araucária, no Paraná, mas mudaram as coisas. Os caminhoneiros
bolivianos vêm até o Centro-Oeste brasileiro, um percurso de 1,4
mil quilômetros até Puerto Suarez, viajando aos menos 2 dias, até
aquela base de carregamento na Bolívia. Apesar da distância e
custos com o frete, o negócio é bom para eles.
O
drama nosso de todo dia por aqui tem muito a ver com a absurda carga
tributária incidente sobre a produção e comercialização também.
O tal do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de
Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e
Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) é de 30% e vai para o
Tesouro Estadual. Impostos como o Pis/Cofins batem nos 7% e a Cide é
de 2%. Estes aqui se destinam ao Tesouro Nacional. E quem paga, na
verdade, tudo isso aí embutido no preço final, no bico das bombas
de combustíveis é o consumidor, claro.
Matéria
do jornal O Popular sobre o assunto informa que a transação
comercial, compra e venda a preços camaradas, é uma espécie de
“troca” de combustíveis (gasolina e óleo diesel) por gás
natural, que responde por 48,8% das exportações bolivianas.
Detalhe, o Brasil é o principal comprador nesse mercado, nos conta a
matéria da Karina Ribeiro.
O
advogado do Sindiposto chamou a atenção para um aspecto relacionado
a esse negociação. “Quem nos garante que esse produto não vai
para outros postos de combustíveis, em uma uma concorrência
desleal?”, perguntou Antônio Carlos de Lima, advogado. Lógico que
o produto será comercializado em postos de combustíveis, mas o
receio do doutor tem a ver com a possibilidade do combustível barato
ser vendido por aqui mesmo. Quem há de garantir, hein?
Mas
o pior de tudo isso é que o consumidor é quem banca esse negócio
todo, pois os executivos da Petrobrás gostam de arrancar o couro dos
brasileiros. Essa transação comercial deve ser muito bacana de
verdade para empresas envolvidas na coisa. De novo, os consumidores
deste “país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”
terminam fazendo papel de pato nessa história toda, pagando uma
conta salgada demais e fazendo a alegria alheia. Alguém aí para
chamar o síndico? (Salve, Benjor!)
Ia
me esquecendo
Ronaldo Caiado (DEM), senador, declarou que vai pedir a presença de uma
representante da Petrobrás na Comissão de Fiscalização do Senado
Federal. “Que tipo de modelo tributário é esse que faz com que o
boliviano compre gasolina brasileira pela metade do preço que nós
mesmos compramos?”, eis o que afirmou o parlamentar goiano. Mas
antes de qualquer coisa, penso que os caras podem até ir ao Senado e
nada de bom para os consumidores brasileiros acontecerá em
decorrência disso aí. Ao menos um lenitivo, “é hora de discutir
essa anomalia”, concordamos com o senador Caiado.
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