Entrevista: Sebastião Ferreira Leite, Juruna
“Talvez nós tenhamos que fazer
uma limpeza no visual da cidade, dar uma mudada na cara de Trindade”
Juruna, aquariano bom de conversa. |
Sebastião Ferreira Leite, Juruna (foto), é
advogado, formado pela hoje Pontifícia Universidade Católica de
Goiás (PUC-GO), é especialista em regularização fundiária e
planejamento urbano. Mato-grossense de nascimento, pantaneiro, mas
vive em Goiás há 32 anos, foi recentemente secretário de
Planejamento Urbano e Habitação da Prefeitura de Goiânia, na
gestão do prefeito Paulo Garcia (PT) e desde o primeiro dia de
janeiro deste ano ocupa Secretaria Municipal de Planejamento Urbano, Habitação e Regularização Fundiaria, em
Trindade, sob Jânio Darrot (PSDB). Juruna afirma ser político e não
técnico. Podemos acrescentar que se trata de alguém realmente
detentor de um invejável jogo de cintura, pois é filiado ao Partido
dos Trabalhadores (PT), desde os idos de 1980, o que não foi
empecilho algum para que pudesse entrar no secretariado de um
prefeito tucano. À frente de uma das pastas mais importantes da
gestão municipal, Juruna tem visibilidade na comunidade e começou
os trabalhos como estrela da equipe, mas nega pretensões de alçar
maiores vôos na política local, o que só confirma seu profundo
conhecimento das “tricas e futricas” do mundo político.
Conversamos com o secretário a respeito de vários assuntos
relacionados ao seu dia a dia na cidade, e publicamos a entrevista
exclusiva a seguir.
Blog – Por quê Juruna?
Juruna –
Porque eu sou descendente de índio e, em 1984, em fiz um curso de
realidade brasileira, com Pedrinho de Oliveira, lá em Campo
Grande/MS, na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). E no
curso todo mundo tinha que falar de suas origens e eu falei que era
descendente de índio, e o Juruna era deputado federal, um gaiato
virou lá e falou Juruna e ficou Juruna. Está adotado Juruna e todo
mundo me conhece por Juruna. Às vezes, me conhecem muito mais por
Juruna do que por Sebastião Ferreira Leite. Bem, mas eu sou, na
verdade, descendente de Bororos que não têm nada a ver com o Juruna,
que é Xavante, cuja tribo foi originária dos Xerentes, atravessaram
o Rio Araguaia e foram
para o Mato Grosso. Os Bororos, ao contrário, vieram dos altiplanos
bolivianos, nós éramos os encarregados de roubar
as mulheres e entregá-las
aos Incas. Era uma nobre missão.
Blog – Como é essa
experiência de ter sido secretário em Goiânia e, agora, em
Trindade?
Juruna –
Eu ocupei os seguintes cargos públicos ao longo da minha vida:
assessor da Câmara Municipal de Goiânia; fui assessor na Assembleia
Legislativa de Goiás; fui assessor na Câmara dos Deputados. Foram
esses os cargos públicos que ocupei no poder Legislativo.
Posteriormente, há 22 anos, eu fui presidente do Instituto de
Planejamento de Goiânia e recentemente fiquei um ano e 16 dias como
secretário de Planejamento Urbano e Habitação da Prefeitura de
Goiânia. Para mim, foi um desafio. Eu desenvolvi uma especialidade
na área de regularização fundiária urbana. Talvez até como
herança familiar, que minha família nunca teve escritura das terras
onde nós ocupamos tradicionalmente e a minha família está na mesma
região do Pantanal desde que os paulistas ocuparam lá e começaram
a se casar com a índias e os negros entraram no meio, e os baianos
que também foram à procura de amantes, no Mato Grosso. São
essas
as origens da minha família. Então, tem portugueses, negros e
índios na sua composição. Talvez seja um pouco disso a herança,
porque eu sempre discuti regularização fundiária, sempre tive um
excelente contato de militância, como católico, na Comissão
Pastoral da Terra (CPT) e na Universidade Católica, quando era
estagiário do programa de Direitos Humanos, comecei a trabalhar com
regularização fundiária urbana. Eu me especializei nisso. Em
2011, o meu escritório recebeu o Prêmio do Instituto Inovare. Eu
trabalhei praticamente em todas as cidades da região metropolitana.
Eu
ajudei a fazer o Plano Diretor de Hidrolândia, ajudei a fazer o
Plano Diretor de Inhumas, ajudei a fazer o Plano Diretor de
Nerópolis; trabalhei em Goianira. Em Senador Canedo, muito
fortemente, na gestão do prefeito Vanderlan Cardoso, do Dr. Túlio e
também uma parte do Misael Oliveira. Como advogado, fiz algumas
coisas em Aparecida de Goiânia, isso daqui para ajudar as famílias
que queriam tomar os lotes delas, do Serra das Brisas e Setor Belo
Horizonte. Então, depois eu tive contato com Trindade, de duas
formas. Primeiro, na relação com o Igreja Católica que eu
frequentei, pelo menos, por 6 anos. Todo
domingo vinha à missa das 6 horas da manhã, na Matriz, e depois,
como advogado da campanha eleitoral do Jânio Darrot, e depois ainda,
com o prefeito, nessa área
de regularização fundiária. Eu tinha um sonho de ver, demonstrar
que eu podia fazer regularização fundiáira em Goiânia. Eu cumpri
esse sonho meu lá em Goiânia. Na
minha gestão lá, nós regularizamos mais de 74 loteamentos.
Providenciamos escrituras para os imóveis da Prefeitura, mais de 5
mil escrituras, e que eu disse para o prefeito [Paulo Garcia, de
Goiânia] que era, para mim, uma realização, esse
trabalho de regularização fundiária, porque você tira o sonho das
pessoas da entidade sonho para se tornar realidade.
Blog – Sua atuação como
advogado nessa questão da regularização fundiária lhe rendeu uma
dor de cabeça, alguma coisa assim, com organismos como o CREA, isso
está superado?
Juruna –
Eu não tenho problema com ninguém. Na verdade, eu posso dizer para
você é eu não tenho uma inimizade que eu posso dizer “ah, fulano
de tal”. Não tenho esse tipo de problema. Eu falo sempre para
desanuviar isso que meu espírito de aquariano não permite ter essas
tristezas. Eu tive alguns problemas, ano passado, em relação ao
Ministério Público, em relação a questionamentos, mas tudo foi
resolvido, foi encaminhado e eu acredito que o melhor detergente do
mundo, como diz um ministro da Suprema Corte Americana, é a
transparência, né? Transparência e a luz do sol. Tudo tem que ser
feito à luz do sol. Tem uma vantagem, como eu não era candidato a
nada, não pretendo, não tenho a mínima ambição. Eu falo que a
única candidatura que eu quero ser é um bom pai, um bom marido para
a minha mulher.
Blog – E está conseguindo?
Juruna –
(risos) Não tem o que reclamar de mim. Acho que a gente tem que
fazer é alguma formulação de um boa política pública, e o nome é
muito interessante porque um nome é latino e o outro, grego. A
origem de política vem de “pólis”, que é cidade, no grego, e
“urbano” é “urbe”, da cidade, que também é dos gregos e
passa pela fiscalização das cidades. Então, eu estou numa
Secretaria que tem tudo a ver com política urbana, inclusive com
fiscalização. Eu me sinto muito à vontade. Nós temos muitos
desafios, temos que
discutir a região metropolitana, dentro da região metropolitana nós
temos que discutir mobilidade, saneamento, drenagem, abastecimento de
água, calçadas, ciclovias, enfim, são todas formulações de
políticas que nós temos que deixar. Aqui em Trindade nós vamos
trabalhar no sentido de aprovar o Plano Urbanístico Básico da
cidade. Trindade vai ter um planejamento urbano básico para 100
anos. Barcelona é desse jeito. Quem presta assessoria para a cidade
nesse assunto, para mim é o melhor arquiteto vivo, em ação no
Brasil hoje, que é o Luiz Fernando Teixeira Cruvinel, que trabalhou
na concepção de Sydney (Austrália), de Palmas (Tocantins) e pra
mim é uma honra ter como legado trabalhar com este arquiteto.
Blog – Com relação a
regularização fundiária, tem muita coisa para ser feita em
Trindade ou tem tudo?
Juruna – Não, já foram
começadas algumas coisas aqui. Dia desses, nós entregamos umas
escrituras no setor Renata Park, no Vida Nova. Eu acho que o que
precisa é a gente fazer, dinamizar, isso daqui. Já estamos criando
um grupo executivo de regularização fundiária, o prefeito vai
assinar o decreto. Nós trouxemos uma fantástica pessoa para compor
o grupo, que é um profissional comprometido com a cidade, nascido
dentro da prefeitura, que é o Walisson Medeiros, ele conhece muito a
cidade. Então, eu acho que a gente pode trabalhar integradamente de
uma forma a resolver isso para a cidade, sob todos os pontos de
vista. Eu espero que dentro de um ano, nós possamos fazer a
regularização de todas os setores irregulares da cidade. Na
verdade, agora com a entrada em vigor da Medida Provisória 759, ela
revolucionou, do ponto de vista das concepções, as regularizações
fundiárias. Então, nós vamos fazer o certificado de regularização
fundiária e eu já coloquei todo mundo do grupo executivo para
estudar a Medida Provisória. Aqui vai ser todo mundo craque e nós
vamos emitir um certificado de regularização fundiária. Vai ter
participação de gente da Secretaria da Administração da
Prefeitura, da Secretaria do Meio Ambiente, da Secretaria de
Assistência Social, da Procuradoria, da Câmara dos Vereadores.
Vamos fazer um laudo completo para encaminhar para o Cartório de
Registro de Imóveis um documento com decreto do prefeito que vai ser
absolutamente viável para resolver a vida das pessoas. Então, nós
queremos resolver mesmo. Por exemplo, dia desses, eu tive um reunião
com o pessoal que inclusive não está na lei de regularização
fundiária municipal, que é lá do Jardim das Oliveiras, de um canto
lá que sobrou, vendeu mas ninguém tem escritura. São mais de 40
famílias que serão beneficiadas nessa situação. Já mandamos
abrir processo e vamos mandar fazer levantamento topográfico, vamos
resolver.
Blog – Com relação a
edificações, postura, não é muito incomum a gente se deparar com
construções esquisitas aqui em Trindade, a Secretaria vai ser mais
rigorosa a respeito disso?
Juruna – Eu não acho que a
Secretaria tem que ser mais ou menos rigorosa, a Secretaria tem que
cumprir a lei. Se está na lei nós vamos cumprir, se não está na
lei nós não vamos cumprir, mas eu digo sempre que ninguém faz
gracinha comigo, eu não gosto de gracinha. Dia desses mandei fazer
advertência a um cidadão que pediu habite-se para um lote vazio.
“Ah, eu me enganei”. Enganou de jeito nenhum. No mundo não tem
bobo, né? Bobo aqui é suplente. Então, eu vou aplicar a lei, tanto
as calçadas, a obstrução de calçadas. Evidente que não podemos
levar tudo a ferro e fogo. Nós somos uma cidade que nós temos que
concorrer com Goiânia, o que é difícil. O pessoal do próprio
comércio, aqui das empresas de eletrodomésticos, veio falar. “Dr.
Nós queremos fazer aqui, mas nós temos que concorrer com Goiânia,
lembra disso, se não vamos ter que fechar uma porta aqui”. Então,
acho que eles têm razão. Vocês usam o espaço nas calçadas, mas
nós somos uma cidade turística. Então, o que eu quero, eu proponho
um desafio aqui para a cidade de Trindade. Vamos fazer um bairro e lá
nós vamos fazer tudo de acordo com as normas de calçadas,
bonitinho. Nós vamos fazer meios-fios e vamos organizar calçadas,
porque nós temos que ser uma cidade onde o turista se sinta bem,
seja atraído, talvez nós tenhamos que fazer uma limpeza no visual
da cidade, dar uma mudada na cara de Trindade. Isso daqui eu já
falei para a presidente da Agência de Turismo, a Tallita Di Martino,
nós vamos trabalhar em conjunto aqui na cidade. Então, a Secretaria
de Meio Ambiente, a Secretaria de Indústria e Comércio para atrair
as empresas para cá, nós queremos fazer uma regra clara para a
cidade, mas nós queremos fazer em conjunto. Ninguém faz nada
sozinho no mundo.
Blog – Com relação a essa
questão de uso das calçadas, tem um restaurante na Avenida Manoel
Monteiro que já usou a rua mesmo para colocar mesas para os
clientes.
Juruna – Nós já mandamos
multar, já mandamos tirar.
Blog – Então, a lei vai ser
mais seguida pela sociedade. É claro que havendo essa sintonia fina
de também não prejudicar o comércio, mas não deixar a coisa ficar
livre e solta. Isso gera um desgaste político tremendo que acaba
chegando no prefeito, que geralmente não gosta de ficar impopular. E
o respaldo para uma medida dessas?
Juruna – Eu tenho falado
com o prefeito, e eu digo uma coisa que o bom é sempre inimigo do
ótimo. Acho que a gente tem que fazer as coisas com bom senso e com
equilíbrio. Eu tenho procurado conversar com todo mundo, eu atendo
todo mundo. Falo para o pessoal que não precisa procurar o gabinete
do prefeito, eu atendo todo mundo, literalmente. Eu tenho uma
característica de conversar com todo mundo, eu gosto de conversar
com todo mundo, eu gosto de política, não me nomeio como técnico
nessa área, eu sou um político que discute política pública nessa
área de planejamento urbano, de habitação, de regularização
fundiária, essa é a característica e político que não gosta de
conversar, não vai mexer com política. Evidente que eu gosto da
área executiva, mas não tenho nenhuma pretensão a ser candidato, a
querer ser sombra de ninguém. Falei para o prefeito e a Dona
Daírdes, no dia em que ele me convidou, prefeito, eu não sou
candidato a sombra de nada, então o senhor fique tranquilo, que eu
estou sempre à disposição, o meu cargo é ad nutum,
portanto, é de livre nomeação e de livre exoneração pelo
prefeito. Enquanto eu estiver servindo à cidade e tiver cumprindo
com o meu papel designado pelo prefeito, eu estarei aqui para
cumprir. Eu sou um servidor público municipal da Prefeitura
Municipal de Trindade hoje.
Blog – Quer dizer, o senhor
fará todo o esforço para que não caia bomba no colo dele, o
prefeito. É isso também?
Juruna – Eu acho que o
papel do secretário é de não deixar que... senão não precisa ser
secretário, né? Então, tudo que eu puder preservar o prefeito e os
desgastes, ele assume o bônus e eu, o ônus. Essa é a nossa
combinação.
Blog – Tem um outro passivo de
Trindade, existem áreas doadas para particulares que há tanto tempo
e não se construiu nada nos locais. Quem recebeu a doação não
construiu. A Prefeitura, não sua gestão na Secretaria, planeja
alguma coisa nesse aspecto?
Juruna – Eu tenho que
seguir a Constituição Federal que diz que toda propriedade tem que
ter uma função social. Nós vamos trabalhar para que a propriedade
cumpra sua função social. Seja na área da moradia, na prestação
de serviço, comércio ou indústria.
Juruna sobre se candidatar: "Não quero ser, não vou ser". |
Blog – Cumprindo a Constituição
está bom demais... Agora, com relação à política que o senhor
está negando aqui uma possível candidatura, e dizendo-se expansivo,
extrovertido, gosta de conversar, é um político, não técnico, não
acha meio temerário descartar a hipótese de uma candidatura?
Juruna – Não, nunca, não
quero ser, não vou ser, não tenho a mínima pretensão de ser. Eu
quero completar 60 anos, educar meus filhos e voltar para o Pantanal.
Adoro o Pantanal.
Blog – É seu projeto de vida,
é isso?
Juruna – Já falei para a
minha mulher. Talvez quando eu completar 70 anos eu possa ser
prefeito da minha cidade, Santo Antonio de Leverger, se todo mundo
for lá e me convidar e me colocar... nada mais, nem por brincadeira.
Não tenho a mínima vontade de ser, não tenho característica, não
quero ser, não tenho como projeto de vida. Quando eu quis ser, há
mais de 20 anos, todo mundo se calou. De lá para cá, eu coloquei na
cabeça que eu devia ser só advogado, eu gosto disso.
Blog – Como foi isso aí de Prêmio Innovare?
Juruna – Eu vi no site, uma
campanha da Globo dizendo que podia se inscrever no prêmio do
Instituto Innovare. Daí, sem nenhuma pretensão, nós nos inscrevemos
e depois fomos entrevistados e nós só não ganhamos o prêmio de
primeiro lugar porque nós não éramos uma ONG (Organização Não
Governamental), nós éramos um escritório de advocacia. E tinha
muitos amigos meus que estavam lá no processo participando e aí
falaram.. Eu julguei o processo do Juruna e não sabia que era ele
não. O pessoal me conhece como Juruna e não como Sebastião
Ferreira Leite, como estava inscrito. Para mim, foi bom, fiquei muito
orgulhoso de receber o prêmio do Instituto Innovare. Significa que é
um reconhecimento de um trabalho que eu fiz. O que eu acho que é
importante nisso daqui, eu militei no movimento estudantil, no direito achado na rua, do professor Roberto Lyra Filho, cujo seguidor
mais famoso dele hoje é o professor José Geraldo de Souza, que é
um brilhante intelectual, é um filósofo do direito, é um
jurisconsulto da melhor da qualidade e o prêmio do Instituto Innovare
para mim é uma homenagem ao trabalho do direito achado na rua, no
sentido de você formular uma política pública a partir do direito.
Eu sou das pessoas que entendem que o direito e uma ciência viva,
que todo dia você mexe na vida das pessoas. Eu resolvi mexer na vida
das pessoas, depois disso evoluído pelo Instituto Innovare, porque eu
criei uma escritura que é a prefeitura que faz, as pessoas não
pagam nada, que tem um valor, mas só com a aplicação das leis. Eu
acho que o Instituto Innovare é uma decorrência da minha curiosidade
de aplicar a lei e a lei tem que servir a todo povo.
Blog – Essa questão de pólos
industriais está no mapa, no radar, das ações de sua pasta?
Juruna – Tem que estar. Eu
acho que nós temos a obrigação de...
Blog – Tem que separar um lugar
para as empresas...
Juruna – Acho não só o
lugar, mas nós temos que ter... Acho que a primeira coisa que nós
temos que cuidar na cidade é do turismo religioso. Eu já conversei
com a Tallita, nós temos procurado a Afipe, que é importante para a
cidade que eu acho que a cidade tem que dividir a cidade em antes do
Padre Robson e depois do Padre Robson. Isso é uma realidade que a
cidade tem que saber valorizar.
Blog – E eu acho que ele fica
muito pouco aqui. Ele devia ficar mais aqui do que cuidar da Afipe,
porque na Afipe ele pode botar executivos lá.
Juruna – Isso eu não posso
fazer.
Blog – Claro, isso eu que estou
adiantando...
Juruna – Não posso fazer
juízo de valor disso daqui, pois não tenho conhecimento profundo.
Tem um planejamento na cidade e tem que transformar uma parte aqui da
cidade em arranjo produtivo, local de turismo religioso. O que a
gente pode fazer para melhor atender o turista, para não ficar um
dia aqui, mas para ele ficar mais tempo na cidade, essa é uma
condição. A segunda, Trindade pode ser uma segunda casa para muita
gente de Goiânia através dos sítios de recreio, isso é uma
característica que pode ser trabalhada na cidade. Como que já foi
um momento em Hidrolândia, mas por falta de planejamento, dos
empreendimentos... Eu não quero vender chacrinhas, acho que a gente
tem que vender um produto que o cidadão vem pra cá, tem uma área
completa de lazer, tem um cavalo, quer ter uma vaca, quer ter uma
casa, quer criar um cachorro, quer criar um gato, ele possa ter o
momento dele aqui com a família dele. Essa é uma segunda questão.
Terceiro, nós temos uma indústria fantástica aqui, que é a
Coming. A gente tem que tratar bem a Coming, fazer ao redor da
Coming, verticalizar a produção da Coming. Não adianta só vender
couro para fora. Ver o que nós podemos aqui, fazer a verticalização
desse produto fantástico, que é o couro goiano, que é um couro
muito bom, especialmente do Vale do Araguaia, que não tem mosca, que
não tem carrapato, que é um couro inteiro e, por último, a
indústria da confecção, que é uma indústria fantástica, que o
prefeito Jânio Darrot e a Dona Daírdes e agora a Lorena que toca
lá, são pioneiros nessa área, entendem dessa área, conhecem essa
área, são profissionais dessa área. Então, eu acho que é isso
daqui. Eu acredito tanto nisso que a minha calça é da marca da
fábrica do prefeito. Minha mulher disse que eu tenho que vir
trabalhar aqui com uma calça da Jean Darrot porque eu tenho que
prestigiar uma fábrica da cidade.
Blog – O que o senhor imagina
que será o seu legado?
Juruna – Eu acho que a
gente tem que trabalhar para a cidade crumprir as suas funções
sociais. Eu acredito nesta determinação constitucional. Falar, o
quê você deixou de bom para a cidade? Uma cidade melhor, com uma
cara limpa, com calçada acessível, com ciclovias que possam
movimentar a cidade. E nós já temos uma ciclovia daqui para
Goiânia, prontinha. Se a gente estimular isso daqui.
Blog – Mas dentro da cidade a
gente não tem [ciclovia].
Juruna – Temos que
estimular isso Uma coisa que está no meu radar é fazer uma pista,
um pedaço para caminhada, da Igreja Matriz para a Basílica, e
depois de lá para a Basílica nova e a Igreja do Padre Pelágio.
Acho que a gente pode planejar isso tudo junto.
Blog – O que fazer com o Beco
dos Aflitos, por quê não tornar o espaço uma outra coisa que não
uma rua, por exemplo?
Juruna – Essa é uma boa
pergunta, para uma outra oportunidade.
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