E por falar em reforma previdenciária, que tal conversar sobre a contribuição do segurado?
A
proposta dos gênios reformistas da Previdência é assim menos
direitos a benefícios pagando a mesma mesma coisa por isso
Sérgio Vieira: Reforma da Previdência devia tratar da contribuição dos segurados. |
Tem
coisas que deixam a gente encabulado mesmo. A vontade de fazer a
reforma previdenciária parece ter virado ideia-fixa da atual cúpula
do governo federal sob o comando do presidente Michel Temer (PMDB).
Pode vir a chover canivete que os caras aboletados no poder lá em
Brasília não devem arredar pé dessa disposição de mexer nos
direitos previdenciários dos trabalhadores brasileiros.
Por
qual razão, motivo ou circunstância este blogueiro fica encabulado
com essa coisa toda? Uái, a popularidade do atual governo val de mal
a pior, a Operação Lava-Jato fez um estrago sério na atual equipe,
com base nas delações premiadas dos executivos e ex-executivos da
empreiteira Odebrecht. Uma pá de autoridades sob investigação na
Justiça Federal está por aí fazendo cara de paisagem. E, venhamos
e convenhamos, falar em reforma da Previdência não reverte o mau
humor de boa parte dos brasileiros em relação à administração
Michel Temer.
E
todo mundo sabe que governo impopular, às voltas com crise
econômica, tem dificuldade de se manter de pé. Logo, talvez não
mexendo nisso de tolher direitos ou, vá lá, apenas dificultar um
tantinho mais o acesso do trabalhador à aposentadoria, medida
apelidada de reforma, fosse capaz de dar um up nos índices de
popularidade de Sua Excelência neste momento de vacas magras, em
termos de aprovação do povo.
Mas
não, a ordem do Palácio do Planalto é para que a base governista
no congresso nacional toque adiante as reformas trabalhista e
previdenciária principalmente. E lembrando o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso (PSDB), o “governo quando quer e se empenha, não
perde votação importante” no Congresso Nacional. Afinal, governo
sempre tem argumentos irresistíveis no convencimento dos
parlamentares. Bem, pelo menos, até pouco tempo funcionava assim...
Longe
de ser contra reforma por birra apenas. Nada disso, internauta que às
vezes dá a honra da visita a este blogueiro. Pelo contrário. Olha,
reformar, mexer para melhorar, aprimorar, é importante seja no caso
de uma obra física, quem dirá em se tratando de uma instituição
qualquer do Estado. Tudo bem, o tempo passa as necessidades se
modificam, a população aumenta, muda a tal da pirâmide demográfica
com mais idosos na base do que jovens. Isso faz com que os gestores
ajustem as finanças visando ao equilíbrio do sistema,
considerando-se os cálculos atuariais, vale dizer. Normal. É do
jogo sim, senhor.
Mas
qual o quê! A gente aqui na planície só ouve as autoridades lá em
cima profetizando a hecatombe do Brasil se os trabalhadores
continuarem a se aposentar pelas regras hoje em vigor. Ninguém fala
nada a respeito da contribuição que se desconta nos contracheques
dos trabalhadores. Seguinte. Servidor público, por exemplo, paga 11%
sobre o total dos seus vencimentos, segundo o contrato com a
Administração, para ter direito à aposentadoria integral e com
paridade de reajustes entre ativos e inativos. Não é favor de
governo não, senhor. Pois bem, dizem que isso é privilégio. Querem
passar o facão neste direito.
Pois
é, muito bonito. Só que os gênios da reforma não dizem palavra a
respeito da contribuição. Ou seja, vamos perder direitos, mas
iremos permanecer pagando a mesma coisa? Que bacana! O cabra compra
uma apólice de seguro de, digamos, uma caminhonete, paga direitinho
as mensalidades, mas no dia de receber o prêmio, pois teve um
infortúnio qualquer, a seguradora diz para o segurado que ele deve
se contentar com um belo gol 4 portas. Fala sério, minha gente!
Se
o objetivo é reformar para valer, é preciso conversar com os
trabalhadores assalariados e contribuintes individuais também sobre
os direitos aos benefícios, mas é necessário igualmente negociar a
forma de se financiar o sistema previdenciário. Não dá para cobrar
a mesmíssima coisa aos segurados retirando-lhes direitos. Ora, o
camarada paga a Previdência porque é obrigado, convém salientar. E
aí querem agora redesenhar o plano de previdência com mais
dificuldades de acessos aos benefícios, ofertando aos pagadores da
conta, os trabalhadores, em contrapartida, os mesmos patamares de
descontos nos holerites? “Assim não, assim não pode”, e
novamente recordo-me da fala de um certo ex-presidente da terra
brasilis.
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