Entrevista: Amarildo Jacinto de Sousa

A Grande Caminhada de Fé chega aos 28 anos com sucesso de público, mas ainda enfrentando dificuldades financeiras para sua realização



Amarildo Jacinto, diretor artístico do Grupo Desencanto.
Amarildo Jacinto de Sousa é diretor artístico do Grupo Desencanto de Teatro e fundador da entidade que movimenta Trindade, mediante a realização de uma série de eventos culturais, lá se vão quase três décadas seguidas. “Sozinho é humanamente impossível” fazer um espetáculo das proporções da Grande Caminhada de Fé e, muito mais ainda, construir uma bela história de serviços culturais prestados à “Capital da Fé”, como tem feito o Grupo Desencanto, que conta ainda com vários artistas inegavelmente talentosos que, “movidos pela paixão, pelo amor à arte”, se desdobram em várias atividades, não raramente simultâneas, para manter um fabuloso cardápio de atrações realizadas pela trupe, ao longo dos últimos anos. Os caras têm conseguido, apesar das sérias limitações orçamentárias, financeiras, em que atuam, realizar entra ano e sai ano Desfiles de Carnaval, Caminhada de Fé, Festival de Teatro Estudantil, Mostra de Teatro, Festival de Artes ao Ar Livre, esse pessoal mantém o Teatro Desencanto funcionando, com apresentações de peças como “Rua da Alegria”, “Povo da Vila de Barro Preto”, dentre outros sucessos do grupo. Mas já se percebem sinais de cansaço também no “gênio criativo” do grupo, depois de tantas vitórias, superando barreiras nessa espécie de corrida de obstáculos que é a produção de eventos culturais por aqui. Existe uma conversa entre os líderes do grupo, no sentido de que eles não vão esmorecer para realizar até a 30ª edição da Grande Caminhada de Fé, lá em 2019. Depois disso, a intenção é fazer uma espécie de balanço geral e decidir se a saga vai ou não continuar. Amarildo Jacinto também falou um pouco sobre questões relacionadas ao turismo em Trindade, hoje a principal atividade econômica do município. Vale a pena destacar que na Sexta-feira (14), a partir das 7h, nas Estações da Via-Sacra, à margem da Rodovia dos Romeiros (GO-060), estará em cartaz a 28ª edição da Caminhada de Fé. A seguir, leia os principais trechos da entrevista exclusiva de Amarildo Jacinto ao Blog do Sérgio Vieira.


No espetáculo A Grande Caminhada de Fé, o texto é seu, a direção é sua. Enfim, o gênio criativo é o Amarildo Jacinto?
Amarildo Jacinto – A Caminhada de Fé, nesses 28 anos, todas as iniciativas de criação de texto, de pesquisa, de busca, são minhas. Quando a gente abre o leque para as pesquisas maiores, como pesquisas de figurino, material de cena, aí é o grupão todo, entendeu? Mas essa pesquisa da montagem de texto, a questão histórica, a questão bíblica, o aprofundamento na pesquisa, aí é nosso, aí a criação é nossa. Aí tem, quer ver? Toda a questão da sonoplastia, toda a questão de figurino, de maquiagem, não é minha. É um estudo conjunto de todo o grupo.

E há quantas pessoas envolvidas na produção?
Amarildo Jacinto – Na verdade, é muita gente. A gente estava fazendo uma conta neste final de semana. Talvez este ano a gente tenha o menor número de pessoas envolvidas por causa da própria questão financeira, mas mesmo assim dá 82 pessoas.

Daquelas em cena que vão lá para os painéis e participam?
Amarildo Jacinto – O ano passado nós fizemos com 622 pessoas. Este ano a gente não consegue fazer isso. A gente não dá conta de fazer isso. A questão financeira ela é pesada em todos os sentidos. Você pode ver que nós estamos tranquilos porque, na verdade, a gente não conseguiu fazer nada. A questão financeira é uma questão que pega muito. Este ano, a gente não tem folder, a gente não tem cartaz, a gente não tem absolutamente nada. E você vai ver assim que todo o estudo que foi feito para inovar, para fazer, como é um espetáculo, por exemplo, de cunho nacional e até mundial, porque o mundo inteiro conhece o espetáculo. Ele o único ao longo de uma rodovia no mundo e o único ao ar livre no país. Então, assim, isso acaba ficando caro. A gente manter o status assim de o único, o único, o único, não dá, acaba ficando muito caro. A gente não terá muita inovação. Toda pesquisa que nós fizemos ou tudo que nós criamos este ano, de inovação, a gente não vai dar conta de manter.

Cena da Grande Caminhada de Fé, em Trindade.

Este ano vai ser o simples, o básico?
Amarildo Jacinto – Vai ser um trabalho simples, um trabalho bacana, mas vai ser um trabalho que nós vamos aproveitar muito o ser humano. A gente está arrancando muito a encenação, muito o movimento teatral, entendeu? Mas ele vai ter menos cenários, ele não vai ter tanto figurino, ele não vai ter absolutamente nada de inovação, nesse sentido. Veja só, nesses 28 anos, o que foi bacana, foi que a gente conseguiu sempre estar inovando, sempre estar fazendo, sempre buscando, sempre ajeitando. Agora não, a gente não consegue.

Mas isso, pela vivência sua, não apenas dentro deste espetáculo, mas como um cara do teatro, das artes, essas coisas, isso empobrece o espetáculo em si?
Amarildo Jacinto – Eu acho que não. Eu acho que abre outras possibilidades. É claro que vai chegar num tempo em que a gente precisa voltar a investir. Nós somos artistas, nós trabalhamos com isso, nós somos vaidosos dentro daquilo que a gente faz. É claro que a gente quer continuar sendo o melhor, o maior, o mais interessante, porque isso para a nossa cidade de Trindade é muito bacana. Saber que Trindade é uma cidade deste tamanho, tem um espetáculo de tal nível, que é conhecido no mundo inteiro e divulgado no Brasil inteiro, então isso, para a gente, é bacana, é muito bom. Agora, aquele sonho que nós tínhamos, por exemplo, de ter cenários ao longo de 17 quilômetros, que pudesse ir para o Guinness Book, esse sonho ele vai ficando um pouco para trás. No ano que vem, no dia 5 de fevereiro, a gente fará 30 anos de Grupo Desencanto de Teatro, então a gente pensou muito na nossa vaidade, de estar mostrando o melhor, de estar fazendo o melhor, tendo a possibilidade de receber bem o turista, de receber bem o trindadense, que a gente pudesse ter um local para agasalhar, que pudesse ter uma arquibancada, que pudesse ter um ponto de água, que pudesse ter sanitários, que pudesse atender todo mundo. Por outro lado, o espetáculo, cada vez que passa, ele fica maior. O ano passado, segundo estimativa da Polícia Militar, ao longo da Rodovia dos Romeiros, passaram cerca de 100 mil pessoas. Então, quer dizer, quando nós chegamos ao terceiro painel, que é o painel da Coca-Cola, nós já tivemos uma dificuldade muito grande para entrar no painel para a encenação. Isso vai tomando uma proporção muito grande, vai ficando muito grande e nem sempre a gente dá conta de manter ou dá conta de fazer ou dá conta de realizar a contento.

O número ideal de orçamento, em dinheiro, para fazer o espetáculo dá sua cabeça?
Amarildo Jacinto – Olha, este ano para a gente fazer inovações, para reformar cenários, para pintar, para incrementar o cenário do Sinédrio, para fazer figurino de Judas, ali do enforcamento, nós gastaríamos cerca de 90 mil reais. Aí como isso não é possível, não é fácil, a gente não conseguiu arrecadar, nós estamos com um espetáculo todo sábado, para pagar o que é básico, para ir pagando o básico, isso a gente acaba não conseguindo. Entendeu? Para a gente fazer o básico, que é o quê? Que é gravar, por exemplo, todas as cenas em estúdio, musicar isso para a gente não ter que pagar ECAD, não pagar nada, os meninos têm que criar as músicas, e a gente reformar algumas coisas e estar trabalhando aquilo que é básico, a gente precisaria de 28 mil reais. Então é, mais ou menos, assim. Acaba que não é fácil. Sabe, não é fácil, é muito complicado, mas é uma coisa que a gente gosta, né? É uma coisa que a gente gosta, a gente faz por paixão. E nós estamos aí lutando até a última hora. Para a gente a luta continua. No Carnaval a gente trabalhou muito para acontecer e a Caminhada de Fé também.

Não há apoio financeiro, em termos de patrocínio já institucionalizado, porque, nos bastidores a gente ouve falar que o Grupo Desencanto tem patrocínio do Governo do Estado. Existe isso?
Amarildo Jacinto – Nós já tivemos, em algumas vezes, algumas raras vezes, nós já tivemos sim, mas isso não acontece sempre, não é sempre que acontece. Essa história de patrocínio, às vezes a gente tem uma ajuda que a gente batalha muito, que a gente corre muito para fazer. Pode ver que a gente está sempre em promoção, estamos pedindo socorro, pedindo aos amigos, que a gente precisa fazer, que a gente tem que fazer e é um compromisso nosso com a cidade. Nós amamos a nossa cidade, amamos aquilo que nós fazemos. Então, a gente faz por paixão, por amor. Pode ver que não é bem assim. A gente tem o apoio da Prefeitura Municipal, mas tem a situação difícil das prefeituras, e o Jânio Darrot sempre ajuda a gente e tal, tal, tal, mas a Prefeitura, por exemplo, não teria como dispor de um montante, até para manter o espetáculo desse nível. Seria complicado e a gente ficaria até envergonhado de fazer isso. Então como é uma questão nossa, esse ano nós buscamos patrocínio em diversas instâncias, diversas empresas. Nós fizemos 6 projetos para o Fundo de Cultura do Governo de Goiás (Lei Goyazes), para manter o espetáculo, mas, infelizmente, nós não tivemos nenhum aprovado, não fomos agraciados com nenhum. Isso não quer dizer que a gente vai deixar de fazer, a gente vai continuar fazendo e vamos trabalhar dentro daquela proposta de estar valorizando o ser humano, de estar buscando mais a questão do teatro, de estar fazendo mais, valorizar mais nosso atores.

E isso sem pensar muito em figurinos, cenários...
Amarildo Jacinto – Não tem outra coisa nova, né? Aliás, não tem absolutamente nada.

Acho que este evento tinha quer ser visto pela Igreja Católica na figura da Associação Filhos do Pai Eterno (AFIPE), pela Prefeitura Municipal, via Agência Municipal de Turismo, como o evento da cidade, que traz gente para aqui, que dá projeção para a fé católica e devia ser valorizado. Por quê isso não acontece?
Amarildo Jacinto – Talvez seja, por exemplo, um pouco de falta de visão. Nós do Grupo Desencanto somos muito claros, somos específicos naquilo que nós fazemos quando dizemos que fazemos pela nossa cidade. Então assim, o pessoal fala assim, a Caminhada de Fé do Grupo Desencanto. Nós nunca falamos que é nossa, nós falamos que é para a nossa cidade. Toda divulgação que tem, nem sempre sai Grupo Desencanto, “mas na Rodovia de Goiânia – Trindade tem, tal, tal, tal...”. Por quê? Porque a gente não tem mais essa vaidade de falar que é nossa ou qualquer coisa não. Nós somos objetivos, que fazemos lá acontecer, que eu acho que é interessante para a nossa cidade, por trabalhar a questão da fé católica e por se criar e se firmar nesse sentido eu acho interessante ter. Agora, eu acho que não há birra de ninguém, eu acho que há mesmo é uma vontade nossa de unir mesmo e de ter todo mundo fazendo acontecer. Por exemplo, se a gente tivesse a possibilidade de o Governo de Goiás envolvido com aquilo que a gente precisa, e ele está envolvido. A AGETOP é que limpa geral, que faz, a Polícia Rodoviária está lá, enfim, todo mundo. A Prefeitura Municipal de Trindade ajuda muito a gente com estrutura, com a montagem de palco, com caminhão para levar, com ônibus para transportar. Entendeu? Acaba sendo muito grande. A gente acaba atrapalhando muito. E a nossa proposta é uma proposta muito difícil, por quê? Porque quando, por exemplo, o poder público tem que disponibilizar ajuda para a gente, a gente pega no pé do funcionário, a gente pega no calcanhar do funcionário numa sexta-feira que é feriado, numa Sexta-feira Santa, que ele podia estar descansando, estar tranquilo. Aí ele vai falar assim para a gente “Tô lá nesse inferno desse Grupo Desencanto, carregando esse povo”. Você entendeu? Então assim, eu acho que na verdade a gente tem lutado muito para todo mundo entender e somar conosco, que é um evento da cidade, para a cidade e a nossa intenção é essa. Entendeu? Eu acho que talvez até hoje a gente continua batendo na tecla para se entender isso. Eu não tenho nenhuma vaidade de falar que o evento é meu, que fui eu que fiz. Não, eu nunca tive isso não. Aliás, o evento começou muito simples e muito humilde. A intenção dele era ser um evento muito bacana, interessante e da cidade e tomou a proporção que tomou.

Existe o pensamento de vocês mudarem a filosofia, o modo de fazer, o evento?
Amarildo Jacinto – Nós ainda insistimos em fazer o evento porque há uma conversa, uma promessa entre nós, de fazermos 30 edições. Vai chegar num tempo que a gente não vai conseguir mais, a gente não vai dar conta mais. O desgaste é muito grande. Sabe, o desgaste é muito grande e a gente vê as pessoas de olho atravessado. “Ah, vai lá ajudar aquela Caminha de Fé do Grupo Desencanto”. Você sabe que artista é um bicho sensível e a gente não quer saber disso, a gente quer somar, a gente quer estar lá. Afinal, chamam a gente e estamos prontos para fazer acontecer. Então, vai chegar num ponto que a gente não vai dar conta mais, não vai conseguir mais. Se a gente não tiver todas essas forças unidas e entender que é para a cidade, que é pela cidade e a gente fizer juntos mesmo, não consegue.

E de onde vem essa vontade de bater na marca das 30 edições?
Amarildo Jacinto – A primeira coisa é a seguinte, há alguns anos nós tínhamos sérios problemas aqui dentro e a gente teve uma conversa de manter pelo menos 30. O Grupo Desencanto fazia 30 anos. No Brasil, no Estado de Goiás, é muito raro você ter um grupo com uma idade dessas, trabalhando tanto, produzindo tanto e fazendo tanto. Se a gente conseguiu fazer 30 anos, eu acho que está de bom tamanho. A gente pretende fazer com 50, mas a gente já não tem mais idade, já não tem força para sair choramingando, fazendo e acontecendo. Ontem [entrevista foi gravada no dia 4/4, à noite] eu fui a Goiânia 4 vezes, entendeu? Quem é que vai manter isso? Quem que paga isso? Quem que faz isso? Então, a gente corre o tempo todo, você chega, você tem que montar, você tem que fazer, você tem que pegar uma turma, você tem que levar para a Rodovia [onde ficam as Estações da Via-Sacra onde é encenado o espetáculo], você tem que ensaiar, você tem que fazer, você tem que acontecer. Chega no ensaio não tem um banheiro, não tem uma água, não tem nada e aí você está lá com 80 crianças, e o que você vai ter que fazer? Entendeu? Eu acho que assim a gente tem que chegar num certo ponto e começar a pensar na gente também. A gente sozinho não dá conta, não consegue. Sozinho, isso é humanamente impossível. E eu vejo assim, no Carnaval a gente fez feijoada o tempo todo, fez espetáculo o tempo todo. Passou o Carnaval a gente começou a fazer a Caminhada de Fé da mesma forma. A gente juntou todo mundo, “gente, nossa situação é essa, vamos com a Rua da Alegria, vamos fazer, vamos dar jeito, vamos arrumando” e aí os nossos amigos vêm, mas chega num ponto que o amigo também cansa e fala assim, “puxa, mas eu não dou conta de ajudar tanto, não tem como”. E aí o patrocínio para você buscar nas empresas acaba sendo muito difícil.

Essas empresas, pousadas, restaurantes, esse pessoal, como que é a visão deles em relação a um evento como a Caminhada de Fé? Eu acho que é pior do que a dos políticos.
Amarildo Jacinto – Olha, tem a visão de trazer o pessoal para a empresa deles, ficar lá na empresa deles, o máximo que puder. Eles fazem o forró lá mesmo e, de repente, vão fazer uma “jantinha” por lá mesmo. De repente, vão fazer uma “boatezinha” que fica por lá mesmo e tentam segurar o máximo que podem. Eu acho assim, a gente vem tentando, há muitos anos, contribuir em todos os sentidos. Há cinco anos, por exemplo, a gente montou o espetáculo “Povo da Vila de Barro Preto”, que era para receber o turista, que pudesse vir ao espetáculo todo final de semana. A gente fez “Povo da Vila de Barro Preto” seis meses, todo final de semana. O último final de semana [daquele período] eu achei engraçado demais. Teve uma Pousada que mandou um casal que veio de São Paulo. A gente fez o espetáculo para 2 pessoas. Então, eu acho assim que essa visão de turismo, de gerar as coisas para a cidade, eu acho que é muito complicado. Por outro lado, a gente sonha. Por exemplo, a gente foi visitar Embu das Artes [São Paulo]. A gente fez o curso Sebrae, a gente fez um trabalho com o Sul do país. O sonha, por exemplo, assim em ter os pacotes ligados a tal pousada que, automaticamente, no sábado, vá ver um espetáculo do Grupo Desencanto, mas eu acho que o povo não tem ainda essa visão. Trindade, eu acho, que ainda é muito interior e é muito de rezar, de fazer, de acontecer e resolver sua “vidinha” financeira para lá, mas está todo mundo na mesma luta.

E sobre o turismo de uma forma mais abrangente, como você vê essa questão?
Amarilda Jacinto – Fomos fazer um trabalho para entender turismo em Embu das Artes, em São Paulo. Foi um projeto patrocinado pelo Sebrae e foi um curso dentro do “Empreender para Crescer”. Chegamos a Embu das Artes, nos apresentamos e eu já fiquei assustado. O pessoal recebeu a gente extremamente bem e aí, bem no centro da Praça, tem um centro de cultura. Fomos a este centro de cultura e o pessoal já veio receber a gente com a maior educação e veio falar para a gente do show da Tetê Espíndola. A maioria dos nossos jovens não conhecia a Tetê. Aí veio o secretário de Cultura de lá e ofereceu, gostaria que nós estivéssemos no show. E então ofereceu para a gente os ingressos. Então vamos para o show da Tetê Espíndola! Rapaz, nunca fomos numa coisa tão boa! Lá era só para turista. A mulher é um espetáculo, só ela e o violão dela, mas envolveu todo mundo, em todos os sentidos. Do outro lado do Centro Cultural tem uma igreja muito antiga, acho que uns 400 anos, e na igreja celebram uma missa por mês, um negócio assim, não me lembro mais como é, mas é muito interessante. E nós fomos à missa. O que eu achei interessante, que eu achei superbacana, foi quando nós começamos a entrar, o pessoal começou a entregar para a gente uma folha de cânticos, de um monte de músicas e avisando para a gente. “Olha, 15 minutos antes [da missa] a gente ensaia todos os cânticos”. Cara, eu nunca vi um negócio tão bacana! Aí tem um pessoal lá na frente, são músicos, eles começam. “A primeira música, volta para a primeira”. Cara, foi demais! Todo mundo participa, todo mundo se envolve e a gente saiu assim hiperfeliz da vida. Então eu acho que essas coisinhas Trindade vai demorar um pouco a pegar. Até porque, Trindade tem uma dimensão muito grande, eu acho que é muita gente, não daria conta desse controle.

Quer dizer que vai ter A Grande Caminhada de Fé neste ano, vocês estão trabalhando nisso? Você imagina o seu marco, quando chegar aos 30 anos de evento, vocês vão pensar se continuarão ou não...
Amarildo Jacinto – Então, 30 anos o nosso sonho era fazer uma apresentação bacana.

Você está falando para 2019?
Amarildo Jacinto – 2018, dia 5 de fevereiro de 2018 a gente faz 30 anos de Grupo Desencanto. A gente já trabalha em cima disso. O espetáculo desse ano era para ser o espetáculo, porque nós já estamos dentro dos 30 anos. Então, o Carnaval já foi em cima disso. Rua da Alegria, por exemplo, é um espetáculo que vai ficar em cartaz seis meses, por quê? Porque foi um espetáculo que marcou esses 30 anos. Foi o espetáculo mais premiado. Foi premiado praticamente onde nós fomos, isso é bacana. Eu acho legal. Então, a nossa cabeça agora está nos 30 anos. E esses 30 anos, eu vou dizer uma coisa, eu comecei com 1 ano, foi difícil. Dois anos, foi muito difícil, dez anos... Quando você faz 15, 20, você pensa “nossa, agora vai melhorar, vai ser diferente, e a luta é a mesma”...


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