Entrevista: Arquivaldo Filho, presidente do PT em Trindade

Eu acredito nessa questão de defender os partidos por ideologia, não a pessoa”


Arquivaldo Filho (foto) nasceu numa grande família onde há muitos políticos, os Bites. Filho de Arquivaldo Bites, ex-prefeito de Trindade e um dos mais tradicionais integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT) em Goiás, o jovem engenheiro de 33 anos, Arquivaldo Filho, foi secretário municipal de Esportes, em Trindade, sob a gestão do prefeito Ricardo Fortunato (PMDB). Concorreu ao cargo de vereador, nas eleições de outubro de 2016, mas os 342 votos obtidos então foram insuficientes para lhe garantir uma cadeira no Legislativo municipal. No dia 9 deste mês, Arquivaldo Filho, encabeçando chapa única, no Processo de Eleições Diretas (PED) no partido, acabou eleito presidente do diretório do PT de Trindade, falando em renovação na política, "algo mais do que necessário nos dias de hoje". Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista exclusiva com o novo dirigente petista de Trindade.


Blog – Jovem petista, como você está vendo este momento atual do PT no Brasil?
Arquivaldo Filho – Nosso sistema de eleições no Partido dos Trabalhadores é um processo muito democrático e todos os trabalhadores têm oportunidade de estar participando. Sempre foi assim no PT, que é um dos únicos partidos que tem esse processo, que dá chance para os filiados participarem. Diante desse quadro de bombardeio no PT, por parte da mídia e investigações e tal as eleições do PT estavam para o final do ano e, numa forma de mostrar a força do partido, de demonstrar que o partido está unido, que o partido está em prol de buscar, de novo, estar liderando a presidência do Brasil, então a organização nacional do Partido dos Trabalhadores decidiu estar antecipando esse processo eleitoral para o início do ano, exatamente para isso, para demonstrar a força do partido, para combater todo esse tipo de denúncia. Logicamente, quem tiver culpa no cartório, quem, nessas delações tiver a culpa comprovada, tem que pagar pelo que fez, mas isso tem que acontecer com todos os partidos, com todas as legendas. Quem está envolvido nesses escândalos tem que pagar. Isso é uma coisa que a gente vê na mídia, na TV e a gente fica indignado, mas o Partido dos Trabalhadores, como instituição, eu defendo, defendo os seus ideais, mas tudo é feito de pessoas. Tem pessoa boa em todo lugar, tem pessoa ruim em todo lugar, mas o Partido dos Trabalhadores, a sua ideologia, eu defendo, eu acredito, e é por isso que eu estou neste partido.

Blog – Esse momento vivido pelo PT, no plano nacional, chega a ser desolador, não?
Arquivaldo Filho – Sim, teve o ponto alto, né? Do Partido dos Trabalhadores, aquele segundo mandato do presidente Lula, o primeiro também muito bom. Daí esse combate massivo que vem sendo feito e a gente percebe que esses ataques não são apenas contra o PT, é contra o que o PT proporcionou para a população e isso, defender a população mais carente, isso incomoda alguns poderosos, incomoda algumas organizações, eles não estão perseguindo o PT por ser o PT, estão perseguindo por querer estar lá também. Mesma forma como foi a retirada da Dilma Rousseff, o processo de impeachment, que, no nosso entender, foi um processo que ela foi tomada do poder não por um erro, por falhas dela, mas por um pessoal que queria entrar no lugar dela para fazer o que estão fazendo. Essas retiradas dos direitos, que foram adquiridos ao longo de tantas lutas, né? Então, são os processos da previdência, processo da reforma trabalhista. Teve uma votação agora alguns dias, por causa de 5 votos... Eles queriam, eles querem cobrar nas faculdades públicas. E falam não, nós vamos cobrar só da pós-graduação, mas isso para cobrar da graduação é um passinho de nada, é um pulinho de nada, e são vários outros que a agente pode estar até falando mais para frente, a questão da previdência, da reforma trabalhista também. E a gente entende que essas pancadas aí que o PT vem sofrendo não é só para atingir o PT, é para eles estarem lá no poder e estarem retirando direitos da população, mas a gente está firme na luta. E todos esses escândalos aí vão julgar quem vai ser julgado e vamos firmes para as urnas no ano que vem. Vamos estar defendendo aí o Partido dos Trabalhadores.

Blog – Como você acha que o PT, no plano nacional, vai sair dessa, agora principalmente com a possibilidade da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci, que, espera-se, deve ser mais desgastante ainda do que já foram as delações dos executivos e ex-executivos da Odebrecht?
Arquivaldo Filho – Isso. O Palocci foi escutado pelo promotor [na verdade, pelo juiz federal Sérgio Moro] e disse que tem muita coisa para falar. O Palocci realmente centralizou muita questão da parte financeira, então ele conhece muito e sabe muito desse pessoal, do relacionamento desses empreiteiros com os partidos políticos e a gente espera o seguinte, como eu disse no início, tem muita gente envolvida, muito peixe graúdo envolvido, tem empresários, mega-empresários. Eles falam de 10 milhões de reais, 20 milhões de reais como se estivessem falando de um troco. Então, é uma coisa muito grande para a gente que está aqui, que trabalha no dia a dia firme, a população... 99% da população ouve falar daquele tanto de dinheiro fica até assustada, mas a gente pensa dessa forma. Foram delatados, o que tiver provas eu acho que tem que ser apurado mesmo, quem tiver culpa, mas tem um detalhe, eles estão com essas acusações contra o ex-presidente Lula, a gente tem a confiança que a gente vai conseguir superar isso. E com um detalhe que eles podem se assustar. Não sendo nada provado, ano que vem o Lula vem forte e vem forte mesmo para recuperar, dar essa retomada na economia também.

Blog – Você acredita que o ex-presidente Lula sairá dessa em condições de se candidatar ainda?
Arquivaldo Filho – Nós do Partido dos Trabalhadores acreditamos e temos convicção que, saindo dessa, conseguindo provar sua inocência, que a gente tem essa confiança, o Lula é o grande favorito para vencer as eleições do ano que vem e talvez até por isso chega a ser um pouco de excesso, o tanto de marketing negativo que é feito em cima disso. Então, eles estão vendo que agora... Um exemplo mesmo foi agora nas eleições internas. O PT, em outubro, em vários lugares, diminuiu a bancada de deputados e eu tenho um avaliação, por exemplo, se fossem hoje as eleições, não tivessem sido em outubro, o quadro já seria um pouco mais favorável para o PT. Até aqui em Trindade teve dificuldade também, mas em todo o Brasil. Foi na época que aconteceu o impeachment, poucos meses depois, mas a gente acredita nesse retomada. Separar o joio do trigo e quem é, mais uma vez, pela terceira vez, quem está errado tem que pagar. A gente tem a confiança que o Partido dos Trabalhadores vai conseguir sair dessa e vir vitorioso em 2018.

Blog – Inclusive se o Lula tiver errado ele tem que pagar?
Arquivaldo Filho – Sim, quem tá errado tem que pagar. Então tendo provas, por enquanto só falácias. O Emílio Odebrecht faz a delação, passam alguns meses, outra versão totalmente diferente. O Marcelo Odebrecht não cita, ele dá a entender, não afirma. O Léo Pinheiro da OAS, que fala do tríplex, fala uma coisa e vem outra. Então a gente quer que provem. Provando, quem tá errado pague. A gente não pode ser hipócrita e falar... Não, agora a questão é provar. E isso serve para ele mas serve para os outros. Tem Aécio Neves aí, com propina de 33 milhões de reais, aliás, a do José Sérra que é de 33 milhões. A do Aécio, eles falam que chega a 50 milhões de reais e eles noticiam isso, mas as pancadas vêm só no Lula, né? Então vamos julgar todo mundo, vamos recolher provas de todo mundo e eu acho que pelo tanto de prova eu acho que deveria ter até mais gente na linha de fogo ali, né? Mas essa investigação é longa, são 180 e tantos nomes delatados.

Blog – Mas a pancada no Lula é até justificável, afinal ele já foi presidente da República duas vezes, é o maior líder popular que pintou por aí desde a redemocratização do Brasil. Então, é natural que todo mundo queira tirar dali uma lasquinha, até onde é possível, mas parece que estão encontrando muitas coisas.
Arquivaldo Filho – Realmente, esse bombardeio tem por causa disso, porque ele é o maior nome, para mim, da política contemporânea. Na política que eu vivi, com certeza ele é talvez o maior nome. E, mais uma vez, é dizer que também o que o Lula fez para a camada mais pobre da população incomoda os grandões, incomoda a grande mídia, incomoda grandes bancos, incomoda grandes empresários, incomoda o pessoal que é financiado pelo capital externo. Então, se você for olhar o Minha Casa, Minha Vida, você gira a economia. Foi espetacular o que o Minha Casa, Minha Vida, fez no Brasil. Você antes, meus tios, eu me lembro, eles construíam um lote, depois muravam, para depois construir a casa e era aquele sofrimento danado e o Minha Casa, Minha Vida proporcionou a casa própria para várias pessoas de baixa renda. A questão de aumentar os Institutos Federais, mais vagas nas Universidades Federais, a questão do Mais Médicos, a questão da Farmácia Popular. Então, são várias coisas que beneficiaram a camada mais pobre e eu fico até meio sem entender porque, com tudo isso, você colocando dinheiro na mão do pessoal, o pessoal está gastando e a economia gira. Foi isso o que aconteceu. O Brasil passou a ser a sexta economia mundial, com o PIB crescendo. Lógico que depois na metade do segundo governo da Dilma tem a questão da crise, porque também não tem como só crescer, crescer, crescer, então, tem esses percalços, mas a ideia é essa, é colocar dinheiro na mão do pobre porque hoje você sai às ruas e o pessoal não está tendo para gastar no botequim, não está tendo para gastar numa loja, já vai no supermercado e compra menos. Então o dinheiro tem que circular na mão do pessoal mais pobre para poder estar até girando as empresas, para as empresas produzirem mais, vender mais. E isso é uma forma que o Lula encontrou de estar girando a economia. E aí a gente vê o tanto que essa popularidade incomoda os inimigos, né?

Blog – Mas é possível fazer uma autocrítica na forma de relacionamento do partido para fazer maioria no congresso?
Arquivaldo Filho – Aí a gente tem que dar o braço a torcer no seguinte ponto. O sistema político brasileiro ele é muito complicado essa questão do congresso nacional. E isso vem primeiro por onde? De como são feitas as eleições. A questão das eleições serem financiadas por empresas, a gente já viu onde que chegou. Então se não fosse o financiamento de empresas privadas para as campanhas, possivelmente não teria chegado nessa ponto absurdo que chegou, né? Então, no ano passado já foi aprovado não pode mais o financiamento de empresas, só de pessoas físicas. Só que a gente não viu um reflexo tão grande disso nas eleições municipais. Agora, nas eleições de deputados, no ano que, possivelmente vai dar um reflexo bem maior, as campanhas vão ter menos dinheiro. E esse congresso eleito utilizando dinheiro, voltando a sua pergunta, eles têm que defender os interesses deles e acaba que se você conseguir uma maioria tem que negociar e negociar até com o inimigo. Então, você para aprovar questões lá, são 513 deputados, você precisa de 305 votos, dependendo, né? Tem algumas votações que se precisa de dois terços, algumas votações que você precisa de 50% mais um, mas então você tem que ter uma maioria. E o Lula eu até que acho que ele teve esse jogo de cintura e essa firmeza, só aí veio acontecendo o quê? O pessoal, principalmente do PMDB, do Temer, que foi quem tomou o poder da Dilma, na marra, esse pessoal do PMDB, do PP e do PTB, também os deputados ali, então vão se apoderando de uma estatal ou da ANAC, dos ministérios e vão loteando esses cargos e acaba onde começa esse giro de propina. Então, para pagar essa conta você tem... Para aprovar medidas você precisa dos deputados, os deputados vão querer cargos e os cargos vão sendo jogados nas mãos de quem? De quem que vai ter que pegar aquele recurso que foi gasto na campanha e vão ter que pegar ele para trás. Então, vem tudo desse sistema. O sistema brasileiro, como ele é feito a política acaba que gera isso, mas também vem da parte da escolha de bons políticos, né? E eu acho que temos que ter uma renovação extrema nessa Câmara, nesses 513 deputados federais, tem que trocar muita gente ali e eles estão com medo. Deputados de todas as siglas estão com medo de não conseguirem a reeleição. Tanto que coisa que eles não defendiam, que é a questão até da lista fechada, tem gente defendendo. Então, eles estão percebendo que a população está abrindo o olho, está usando muito as redes sociais, indo para as ruas.

Blog – Você defende o financiamento público de campanha e voto em lista fechada?
Arquivaldo Filho – Esse é um processo complicado porque não tem como... No Brasil, hoje eu vejo que não tem como você implantar um processo desses de uma eleição para a outra. Por exemplo, nas eleições do ano que vem, vamos trocar nesse ano. Acho que é praticamente impossível. Eu assisti na TV Câmara, nesses dias... Aí eu tinha até mandando uma mensagem de Whats App para o deputado federal Rubens Otoni (PT), que eu tinha perdido a fala dele e não havia conseguido recuperar. Eu falei, uái, Rubens, eu perdi sua fala, daí ele me mandou o texto. Que a gente tem contato direto. O Rubens é muito atencioso com a gente e ele me mandou uma resposta, mais ou menos nesse sentido, da mesma forma que eu penso. Não temos como aprovar o que seria o ideal. O ideal tinha que ser histórico, um processo lento... Mas a questão da lista, ela tem que vir primeiro com a redução da quantidade de partidos. Não tem como você falar em lista, porque lista acaba com coligação. Como é que você acaba com coligação com 40 e tantos partidos? Então, não tem como. Então, primeiro é a redução dessa quantidade absurda de partidos, porque principalmente não é uma questão ideológica. Tudo é uma questão de oportunismo. O caboclo cria o partido para vender a sigla e tal. Aí a questão da lista fechada, o modelo ideal eu avalio que ela é positiva porque defende o que o partido acredita e para o Executivo você vota no cara, na pessoa. Agora, para o Legislativo, eu acho que você tem que votar em programa, em ideias. Então, se você não tiver uma quantidade de partidos e dizer assim ó, esse partido defende isso, aí tem lá a lista do partido; esse defende isso, isso e isso. Aí a população tinha também que ser mais participativa, saber mais do partido. Nos Estados Unidos, os republicanos pensam assim; os democratas pensam assim. Agora aqui você fica com uma salada tão grande com essa quantidade de partidos. Tem partido que você não sabe... Esse tema, você sabe se o partido tal defende ou não? Eu falo privatização. Você fala esse partido é contra, esse partido é a favor. Não tem. É muito casuísmo, depende das circunstâncias. Então, acho eu acredito nesse sistema de lista, mas fortalecendo os partidos, reduzindo a quantidade de partidos, fortalecendo e trazendo mais ideologia, mais debate e debates de ideias.

Blog – Mas teremos eleições agora, no ano que vem, em 2018, como vai ser isso?
Arquivaldo Filho – Isso que é uma questão complicada. Para 2018 eu acho que é bem complicado colocar o sistema de lista fechada de uma vez só. Eu acho que é até injusto com os partidos pequenos. Estou criticando os partidos pequenos mas você tem que dar uma defesa para eles. Você deixou criar. Então você fala ó, acabou a coligação como é que os partidos pequenos vão conseguir quociente eleitoral? E, por exemplo, em Goiás são 17 vagas de deputado federal. Aí você tem 40 partidos. Não vai ser todo mundo que vai conseguir atingir o quociente. Então para proibir as coligações você tem que dar um prazo para os partidos se adequarem. A gente não pode proibir a coligação faltando um ano para as eleições. Tem que ser justo. Então, primeiro tem que reduzir a quantidade de partido. Tem que arrumar um jeito, uma forma, porque deixou criar, mas não tem como você chegar e cortar o cara. Extinguir um partido arbitrariamente então, não tem como. Para o ano que vem não vão conseguir modificar muita coisa. Daí nessa mesma entrevista, na TV Câmara, aí até o Marcelo de Castro, que foi ministro da Saúde, ele estava presidindo a reunião, a audiência, ele falou num processo de três anos. Aí tinha lá pessoas falando sobre o sistema alemão-belga, outros falando do sistema francês-espanhol, que são parecidos, é um sistema meio de lista mista, com lista aberta com lista fechada, tem a questão do voto distrital. Aí seria uma escadinha, 2018, 2022 e 2026, mas isso está no plano das discussões. O que eu acredito é isso. Para agora é modelo de lista e passa de uma hora para outra é muito casuísmo. É exatamente por causa dessa questão porque quem está com a corda no pescoço, eles pegam e estão no controle dos partidos põem os nomes deles como os primeiros da lista, mas agora, por ideologia, eu acredito nessa questão de defender os partidos por ideologia, não a pessoa. A pessoa tem que defender o partido que ela está representando, nisso eu acredito.

Blog – E o panorama do PT estadual também não é muito bom. Perdeu, nas últimas eleições, Anápolis, Goiânia, em várias cidades e em Trindade então nem se fala. A situação do PT na política estadual parece que está ficando mais fraca ainda ou isso é só impressão?
Arquivaldo Filho – Não, realmente o estado de Goiás é um estado até um tanto conservador. Nas eleições tanto que o Lula ganhou, como a Dilma ganhou, acaba que aqui no Estado de Goiás foi bem mais apertado. Até perderam, né? Eu não me lembro aqui, de cabeça, em quais anos, mas teve alguns anos que, para a presidência, perderam aqui, o Lula e a Dilma, e ganharam no Brasil e perderam aqui. E realmente o quadro... A gente perdeu a Prefeitura de Goiânia e a Prefeitura de Anápolis, que Anápolis, sinceramente, a gente não esperava. O Antonio Gomide fez um trabalho muito bom lá, daí se afastou para disputar as eleições para governador, para representar essa oportunidade para o pessoal escolher, mas o pessoal, a população não encampou o projeto dele e a gente defendeu pra caramba, mas aí entrou o João Gomes que também continuou no mesmo trabalho, apoiado lá pelo Rubens e pelo Antonio Gomide, mas perdemos Anápolis também. O quadro em Goiás não é realmente tão favorável, mas o Partido dos Trabalhadores é isso, fica quem gosta mesmo e quem acredita e a gente vai carregar esse piano e pro ano que vem a prioridade é deputado estadual. No estado a gente tem um deputado federal, se conseguir aumentar para dois, que nas eleições passadas passamos perto também. O Rubens Otoni se reelegeu e quase que conseguimos levar o segundo e fazer mais deputados estaduais. Atualmente, nós temos quatro deputados estaduais, então é fortalecer o partido. O partido, como a gente comentou no início, deu aquela crescida no quadro nacional. No estado de Goiás, no interior, acaba que era até mais fraco, em cidades pequenas, muitas não tinham nem diretório. Nesse pleito agora do PED, do sistema de eleições internas, nós tivemos eleições em 195 municípios e 6,7 mil filiados votaram no PED no estado de Goiás. Então 6,7 mil filiados tiveram participando. Em Goiânia foram acima de três mil; em Anápolis, um mil e poucos filiados; em Trindade, a gente fez uma chapa de consenso e ainda conseguimos levar 125 pessoas num domingo, sem a obrigação de ir, sem ter disputa e nós conseguimos levar as pessoas para estar participando.

Blog – São quantos filiados em Trindade?
Arquivaldo Filho – Atualmente, a nossa lista de aptos a votar é de 585 filiados, mas tem pessoas que se filiaram, algumas até em alguns mandatos anteriores, que tivemos dois vereadores. Aí o pessoal filia, para de participar, mas ativos mesmo é em torno de metade disso, mas que participaram das eleições são 125 pessoas que estiveram lá e outras pessoas que não puderam ir justificaram e a gente ficou muito satisfeito com esse resultado aqui em Trindade, dessa participação dos filiados. Até por isso, o tanto de pancada que o PT vem levando, a gente ainda defender, de cabeça erguida, porque acredita mesmo.

Blog – Bom, em Trindade o quadro também não foi bacana. O PT chegou a ter o vice-prefeito Arquivaldo Bites, e dois vereadores (Ricardo Marques e Valdivino Barbosa), na época do prefeito Ricardo Fortunato (PMDB). Curioso, nenhum dos ex-vereadores está mais no PT e o partido parece que diminuiu demais em Trindade, o que você pensa, como presidente do diretório, desenvolver para tentar voltar com esse crescimento?
Arquivaldo Filho – Foi no pleito de 2008, conseguimos o vice-prefeito e conseguimos dois vereadores. A gente apoiou o prefeito naquela oportunidade e o vereador Valdivino Barbosa até que se afastou mais um pouco no início e a gente ficou até, mais ou menos, dois anos e meio, três anos, apoiando o prefeito Ricardo Fortunato, e acaba que aquilo, a má administração dele, acaba refletindo um pouco na gente. A gente não pode negar isso. Até que a administração dele foi boa, até um ano e meio, mas depois aquele lançamento da questão do Nélio Fortunato para deputado estadual. Aí eu acho que...

Blog – Aquilo foi um erro que prejudicou todo mundo?
Arquivaldo Filho – Aquilo foi um erro. Prejudicou ele, prejudicou os aliados que estavam do lado, ganhou um mandato de deputado, só que não sei se ganham de novo e o Ricardo também, acho que aquilo atrapalhou até na ideia de reeleição dele e naquele momento ele começou a trocar os pés pelas mãos, depois da eleição do Nélio. Começou a cometer muitos erros, tanto administrativos quanto erros políticos, e reflete um pouco na gente. Daí a gente se afastou e aproximamos do grupo da Flávia Morais [deputada federal, hoje no PDT] e a Flávia também não foi vencedora, não saiu vitoriosa e como o governo aqui em Trindade é um governo do Jânio [Darrot], do PSDB, e aí vem mais uma crítica ao sistema político, que é um sistema de cargos comissionados, e a Prefeitura tem mais de mil pessoas para estar indicando. Então, a gente, até por questão nacional, não aproxima do PSDB, na questão política. Com as pessoas a gente tem o convívio, mas na questão política a gente não aproxima. Aí o pessoal que está próximo ali da Prefeitura, tem muita gente que aproxima e quem está de fora, fica fragilizado, fica sem ter ali, porque eles têm moeda de troca, né? Os candidatos, quem tem cargos lá dentro e tal. E aí a gente se sentiu enfraquecido e vem também junto a questão nacional. Então, no município, tem essa questão da derrota da gente, do que aconteceu na administração do Ricardo Fortunato e a derrota, a gente apoiou a Flávia, aí acaba que a gente pegou essas duas pancadas e junta com a questão nacional. Aí realmente deu uma enfraquecida, mas não morremos.

Blog – E o que fazer para reverter isso?
Arquivaldo Filho – Primeira coisa é continuar defendendo porque todo esse sistema, se teve gente errada que se prenda, mas o sistema do PT, a gente tem que deixar isso claro para a população, o sistema do PT funcionou. Funcionou para quem? Para a camada mais carente da população, isso eu acredito. Os programas do PT que eu citei aqui, isso eu acredito. Então, o sistema do PT. É isso que a gente tem colocar. E as pessoas que permanecem no partido são quem acredita nisso. E aqui em Trindade a gente vê que tem muita gente mexendo com política, mas assim política nas redes sociais é uma coisa, a política no corpo a corpo, já é um pouco diferente. E a gente quer puxar mais jovens e pessoas novas, e até experientes para estar encampando essa política, porque é um momento da população ter a consciência de que tem que começar a falar mais de política. Não é só falar o político é ruim, você vê aquilo lá na televisão? Não é só isso. Então, tem que procurar, tem que conversar com as pessoas, buscar as pessoas próximas que têm o pensamento próximo do nosso. Tem que juntar quem tem o pensamento de esquerda mas não é petista, vamos aproximar também, porque tem ainda um pouco desse medo da sigla, né? Mas é isso, é procurar novas filiações, tentar oxigenar o partido e continuar defendendo, defendendo o que o PT fez, o que o PT pode fazer e, principalmente, as pessoas. Aqui em Trindade a gente... Eu não vejo nenhum exemplo de pessoa de má conduta que possa estar aí e que usa a palavra do PT. Então a gente tem aí pessoas valiosas dentro do nosso quadro e pessoas históricas, com 20, 30 anos de filiação. O professor Arquidones Bites, guerreiro da luta sindical. Professor Alaôr Dorneles, foi o meu primeiro voto, foi prefeito [candidato] em 2000, foi o ano em que eu me filiei, já são 17 anos filiado ao PT, então, o professor Wildes Rodrigues, o João Batista, várias pessoas aí que... a Coraci, então, o meu pai também que já foi superintendente do Trabalho, foi suplente de deputado estadual, vice-prefeito, e a gente quer... A Telma enfermeira também. A gente quer encorpar mais o partido, a gente está precisando encorpar para poder ir para a rua ano que vem, com força

Blog – O que fazer para convencer, por exemplo, o jovem a entrar, a se filiar no PT, a entrar nessa luta? Qual seria essa sua estratégia?
Arquivaldo Filho – Um dos passos é a insatisfação com o sistema que está ocorrendo no Brasil. A gente tem que partir para mostrar para o pessoal o quê que está acontecendo quando eles tiraram o PT. Aquela conversa ah, vamos tirar o PT que melhora. Aí eu quero, eu fico perguntando, o quê que melhorou depois que a Dilma saiu? Então essa resposta é... Quem era a favor do golpe antes fica meio sem resposta agora.

Blog – Você acha que isso convence em Trindade, esse argumento mais nacional, digamos assim?
Arquivaldo Filho – Sim, é a questão que eu falei, de politizar as pessoas. Então, muitas pessoas convidam, entram num partido, também entram num, sai do outro e troca de partido ao deus-dará, por conveniência. E o que a gente quer são pessoas que apoiem o partido por ideologia, por acreditar. Então, a gente ter essas pessoas do nosso lado, tem que convencer pela ideia, não pela conveniência. Não, vem para o meu partido que aqui você pode ganhar um cargo se o prefeito ganhar ou então eu vou para aquele partido porque é mais fácil para eleger vereador. Não vou para esse partido porque aquele lá o prefeito dá um dinheiro para gastar na campanha. Então, isso é conveniência, isso a gente não defende e quem conhece o PT aqui de Trindade sabe que, historicamente, não participa desse tipo de coligação, desse tipo de campanha, na base da troca. Então, é politizar a população, abrir o olho. A questão da compra de voto, é um gasto financeiro absurdo que tem nessas campanhas de Trindade. A gente conhece vereadores que gastaram 300 mil reais, tem uns que gastaram 250 mil reais e perderam. Então é... Só que na declaração nenhum dos 17 vereadores declarou mais de 80 mil reais. Se eu não me engano, acho que quem declarou mais, declarou 64 mil reais. A gente sabe que com 64 mil reais não ganha eleição em Trindade e tem vereador que colocou 15 ou 16 mil reais de declaração de vereador eleito. Vereador eleito em Trindade... não ganha. No meu caso, eu declarei 12 mil e pouco, né?

Blog – E gastou esses 12 mil e poucos?
Arquivaldo Filho – Sim, sim. Dois carros de som já dá o quê? Quatro mil, cinco mil. Contrata quatro ou cinco pessoas para estar ali ajudando a distribuir o material. E outra coisa, para você declarar tudo certinho é mais fácil do que você omitir. Acontece muito que o pessoal omite, né? Para você declarar é uma papelada toda, xerox, nota fiscal... O sistema parece que favorece quem quer ser ilegal. Então, você quer ser legal, você tem mais dificuldade em certos pontos. Tem que ter a legalidade, tem que ter, tem que obedecer. Só que fica difícil se uns obedecem e os outros, não. Esse é que é o problema. Uns pegam o dinheiro do bolso e os outros pegam o dinheiro que veio de um cargo em que ele estava recebendo sem trabalhar ou então pegam financiamento porque ele já estava lá, já foi vereador num outro mandato e está ali e deu a vantagem para outro. Então, a gente não está acusando ninguém, mas sabe que isso acontece no Brasil inteiro.

Blog – Vamos retomar aqui um ponto. Você mencionou que houve erros do Ricardo Fortunato, administrativos e políticos. Qual foi o erro, naquela época, que atingiu o PT?
Arquivaldo Filho – O primeiro erro dele, para com o PT, foi a questão da nomeação do Alaôr Dorneles, para secretário de Educação, foi o melhor nome na época, disparado para o secretariado dele, e a gente sabe, na época, não cheguei a participar, era o Alaor que participava, mas a gente percebia que ele [Fortunato] estava engessando muito o Alaor. Então, ele põe um secretário competente, que conhece da área, e vai querer ficar dando pitaco e aí acaba que, por posição firme do Alaôr e do Arquidones, na época, resolveram sair, de forma correta. A gente ainda continuou no projeto dele, acreditando que a gente poderia estar contribuindo. Só que aí esse isolamento também foi acontecendo com a gente e ficar participando do governo mas não ter o respaldo para poder estar dando nossas ideias, para poder estar contribuindo... A gente sabe que temos condições de contribuir. Eu fui candidato a vereador no ano passado, eu acho que tenho condições de contribuir com o Legislativo de Trindade. Então, também os companheiros do PT na época, em 2008, tinham condições de contribuir muito mais e o espaço que ele deu realmente foi pouco e, além de pouco, podou muito, né? E não foi só o PT, foi com outros partidos. Teve partido que brigou com ele com dois meses [de governo], por falta de espaço. Então, e outra coisa, o espaço que era dado ele queria monopolizar, centralizar. Ficou muito centralizado nas mãos dele e de mais dois.

Blog – Em Trindade a gente percebe que não tem oposição que é raquítica ou quase não fala nada. Você, presidente do PT, não bica com tucano, no plano nacional, e também imagino que aqui também não. Como que você imagina alguma atuação mais crítica em relação à atual administração? Porque a gente não vê nenhuma crítica, parece que, e nem estou incentivando crítica não, só fazendo uma radiografia da coisa. A gente não vê crítica de oposição. Qualquer coisa que acontece em Trindade, em relação a quem está no poder, não ao atual prefeito, mas a quem está no poder, aparece muito mais pela ação do Ministério Público, de uma denúncia na imprensa, do que de um vereador, de um líder político da oposição. Você pretende ocupar este espaço ou nem pensar?
Arquivaldo Filho – Na questão municipal realmente o prefeito Jânio [Darrot] encampou muitas lideranças que estão ao redor dele e é como muitas pessoas falam que ele tem uma administração... A forma dele gerir é uma forma razoavelmente boa. O espaço que ele dá para algumas lideranças é que não é o conveniente. Então ali tem muitas pessoas que não estão no lugar certo.

Blog – Pode falar alguém?
Arquivaldo Filho – Fica meio complicado, né? Mas tem uma Secretaria de Segurança que a gente não vê nada, né? Já foi nomeado tem três meses e meio. A gente praticamente não vê atuação.

Blog – Agência de Segurança...
Arquivaldo Filho – Agência de Segurança. Isso. E na questão da Saúde, funciona o HUTRIN de forma relativamente razoável, mas aí nos setores já não é tanto assim, nos setores afastados. Na questão de infraestrutura, beneficia algumas áreas. Eu moro no Laguna Park, começou a asfaltar lá, faltando poucos meses para o processo eleitoral aí... Em setembro estavam asfaltando, aí em 15 de outubro parou de asfaltar. Agora começaram a mexer lá de novo, no Imperial I, à margem da Rodovia dos Romeiros. O Laguna ainda ficou faltando ruas e disseram que iriam asfaltar o Laguna inteiro, no governo do Jânio... A gente não é aliado político, mas não tenho nada contra a pessoa dele. Acho que ele é até uma pessoa honesta, mas eu acho que pode fazer mais. Uma cidade do tamanho de Trindade, com a renda de Trindade, pode ser feito mais e a questão de não ter adversário, realmente a Câmara de Vereadores também, os vereadores que foram eleitos, eu não vejo ali nenhum com cara de que vai ser adversário dele. Teve até um vereador que, com menos de um mês, ele soltou a seguinte frase, é da boca dele, a gente não está inventando: “Não, eu fui candidato pelo PMDB mas eu não sou adversário dele não, eu sou da base do Jânio. Fui candidato pelo PMDB porque lá era mais fácil para mim ganhar”. Isso um vereador eleito pelo PMDB. Aí, eu acho que o PMDB só teve dois, né?

Blog – A vereadora Irani e o vereador Wesley Cabeção...
Arquivaldo Filho – Vereador que foi eleito pelo PMDB, não quero citar o nome.

Blog – Detalhe, Dona Irani é mãe do ex-prefeito Ricardo Fortunato, que foi adversário de Jânio Darrot...
Arquivaldo Filho – “É, eu vou para aquele partido porque é mais fácil para ganhar, mas eu sou aliado do Jânio”. Vai para o partido do rival é porque não queria ir na chapa mais forte, né? Porque a chapa mais forte precisou de... Teve o Ferruja com novecentos e tantos votos e ficou fora. E aí, eu vou para esse partido porque é mais fácil ganhar. Então, aí a gente já vê de onde que vem essa politização precária que a gente está tendo. Nos próprios parlamentares que são eleitos, a gente já sente isso.

Blog – Qual, hoje, é aquela área de Trindade onde o poder público municipal precisa ter mais atenção e não tem?
Arquivaldo Filho – A questão até hoje da infraestrutura. A questão de Saúde caminha, porque no Brasil inteiro é assim, caminha meio devagar, mas o que a Prefeitura pode por a mão mesmo, por exemplo, o contrato da Odebrecht. O Marconi [Perillo] até foi citado na delação, Ricardo Fortunato também. E Jataí, Trindade, Aparecida de Goiânia e Rio Verde era para, em três anos, estar 100% todo mundo, né? Acabou que eu li a matéria, mas uma matéria curta. Eu queria ter lido uma matéria até mais completa, mas aí eles mediram lá e tem, algumas cidades, 15% do que foi prometido e que está feito. Era para estar 100%, está 15%. Vários setores aí que não tem a rede de tratamento de esgoto. O asfalto que foi feito, eu como engenheiro, com muito baixa qualidade. O asfalto que é feito no Laguna, por quê? Aquela questão do voto, né? Você faz a obra para ganhar o voto e não pode ser assim. Tem que fazer um capa de asfalto, você tem que colocar, pelo menos, 15 cm de subleito, de leito, para, depois, vir o cascalho grosso, o fino, para depois vir a camada de asfalto, com 6 cm. Eles jogam só uma camada de cascalho e jogam a lama asfáltica, em 3 cm. Então, até para leigo olha lá fazendo e depois de pronto está pretinho, está bonito, né? Mas até para leigo, você olha fazer e fala “não é possível que é só essa espessura”.

Blog – Tem especialista na Prefeitura de Trindade que trabalha nisso?
Arquivaldo Filho – Que eu conheça, não. E deveria ter, com aquela máquina nova lá, né?

Blog – A Mulher Maravilha, que eles chamam?
Arquivaldo Filho – A máquina sai jogando a lama asfáltica aí e encobrindo. Agora, a gente está até falando de uma questão técnica. Eu estou dando pitaquinho aqui na questão técnica, até pela parte da engenharia, mas se a base está ruim, se está esburacado aí você com a lama asfáltica em cima, o quê vai acontecer daqui a uns dias? Vai afundar no buraco de novo. Vai acontecer aquela depressão de novo, vai furar de novo. E é histórico. Se bem que tem uns asfaltos antigos que duram muito tempo. Agora já realmente, de uns anos para cá, que eles vão diminuindo, vão diminuindo, é igual a vários produtos no supermercado. Você se lembra de uns produtos numa embalagem grande aí eles vão diminuindo o tamanho da embalagem para não precisar aumentar o preço. O asfalto é do mesmo jeito. Para poder asfaltar um setor inteiro, eles fazem fininho ao invés de fazer um bem feito que dura 10 anos.

Blog – Essa discussão que tem a respeito de um possível aumento da zona urbana de Trindade, aumentar 50% da zona rural, o que o PT pensa disso?
Arquivaldo Filho – Essa especulação aí vai para o ponto da especulação imobiliária e a gente sabe, praticamente quase todos os donos de fazendas ao redor de Trindade. Todos gente tradicional de Trindade, que é conhecida dos prefeitos. Então, é e a gente entende que para ter... A gente já como municipalista... Essa questão da expansão urbana tem que ter a estrutura bancada por quem, ou uma parte da estrutura, em parceria. O cara que vai estar fornecendo o espaço, vai estar vendendo os lotes e o poder público, mas eu acho que para você lançar um loteamento, o de trás deve estar razoável. Você lançar um loteamento mais longe, então ao menos o que está mais próximo tem que estar numa maneira razoável. E aí você pega e lança loteamentos deixando espaços vagos. É um erro gigantesco. Só que se não se faz essa parceria, o loteamento não sai. Então, é uma coisa clara de especulação imobiliária para valorizar terra dessa forma indiscriminada e tem gente que é totalmente contra. Então, tem que ter infraestrutura, porque a pessoa vai comprar porque está precisando, aí ele vai e compra. Ele está precisando, a prestação é baratinho... Mas aí ele vai ficar sofrendo a vida inteira naquele setor afastado, sem infraestrutura. O ônibus só vai para lá se tiver uma quantidade “X” de pessoas para poder gerar demanda, porque ônibus, esses convênios, mas o sistema de transporte deveria tratar o coletivo, beneficiar todo mundo, não é só porque lá tem pouca gente que o ônibus não passa. Então, para conseguir uma rede de ônibus também, para ele ir a um setor afastado é complicado. Aí vem o sistema de tratamento de esgoto, de água e energia, asfalto de baixa qualidade, e às vezes nem tem. Então, não pode ser feito de qualquer jeito. Já teve muitos espaços vazios .

Blog – E politicamente, em Trindade, como está o PT hoje para poder sair a campo e tentar convenvencer pessoas e fortalecer de novo as fileiras do partido?
Arquivaldo Filho – A maioria dos partidos, hoje, utiliza a questão da rede social, mas eu acho que precisa mais do corpo a corpo. Então, a rede social é importante e tal, mas é conversar na hora em que você estiver com um vizinho, com seu compadre. O pessoal gosta de... No seu próprio blog você pode perceber isso, a quantidade de visualização e a quantidade de comentários. Visualização dá 500, mas comentários dá um, dois. Então, a pessoa acaba que está curiosa, para estar participando mas ainda fica meio acanhada para falar de política. Na rede social até que fala mais, mas na rua... “Falar em política, aneim, isso tá ruim demais eu não quero nem falar”. E não é assim. Você tem que puxar a língua e eu acho que o corpo a corpo mesmo, de defender o que você acredita... E outra pessoa é contra o meu pensamento? Vamos debater. Respeita a pessoa. Você não vai discutir com a pessoa pela pessoa, você vai discutir ideias. Então, tendo o respeito, você tem que falar de política sim, na rua, não precisa ter vergonha de falar.

Blog – Algum encontro em mente?
Arquivaldo Filho – Agora sim, a deputada estadual Adriana Accorsi nos deu uma força em nossa candidatura a vereador, ela já está querendo marcar um evento aqui para a gente estar discutindo a questão da previdência, que é importante essa questão. O governo federal deu "aliviadazinha" de merrequinha para ver se dobra o povo, mas a gente não pode aceitar essa questão do jeito que ela foi proposta. A gente sabe que a previdência social é de ciclo, né? A população envelhece, aí é aquela famosa pirâmide. O professor Alaôr me ensinou isso nas aulas de geografia. A pirâmide fica mais gordinha, ela fica fina, a população economicamente ativa, então isso tudo a gente sabe que tem. Uma hora vai gastar mais, uma hora vai arrecadar mais, uma hora vai arrecadar menos, mas dessa forma, penalizando só o trabalhador que está lá embaixo, só o trabalhador mais necessitado, não pode ser feito de forma nenhuma. Não pode penalizar só uma categoria. Se bem que vai servir para todo mundo, mas a hora que você arrocha todo mundo, quem tem um pouco de dinheiro consegue segurar, e quem não tem? Como que se segura?

Blog – E aí, isso seria o quê, um encontro, uma reunião, o que seria isso?
Arquivaldo Filho – Uma audiência pública, ela propôs para mim uma audiência pública na Câmara de Vereadores. Eu estou só esperando passar o processo de eleições do PT municipal, que foi agora no dia 9 de abril. A gente definiu os presidentes municipais e os delegados que vão para o encontro estadual que será nos dias 5 e 6 de maio. São 300 delegados do PT. Trindade, pela votação que a gente teve aqui, talvez a gente indique 6 ou 7 delegados para o encontro estadual. Aí, desse encontro estadual, a gente vai definir a presidência do PT estadual, que é candidata única também, a Kátia Maria dos Santos, atual vice-presidente do PT em Goiás, pessoa muito competente ligada ao deputado federal Rubens Otoni. E desse encontro estadual vai para definir o presidente nacional, a executiva nacional que vai ser na primeira semana de junho. Então, agora em maio, a gente define o presidente estadual do PT e os delegados para irem para o encontro nacional definirem o presidente do PT, em junho. Tem o senador Lindbergh Farias, está pleiteando. A senadora Gleisi Hoffmann também, que tem minha simpatia, muito combativa e também o Alexandre Padilha, que foi ministro da Saúde no governo da Dilma e também participou do governo do Lula. Então, não estão definidas as candidaturas que são definidas só no encontro. Passando esses processos aí a gente... Só que não pode deixar muito para a frente porque as votações já estão acontecendo. Eu vou tentar com ela [Adriana Accorsi] para ser, passando a próxima semana, na outra. Dentro de uns 10 dias [a entrevista foi realizada no dia 22] Conversei com o professor Wildes Rodrigues, do IF Goiano, também para ele estar cedendo o espaço lá para a gente. Que a gente vai falar da questão da previdência e a questão trabalhista. Que eles estão trabalhando em mão dupla contra os trabalhadores, a retirada de direitos. A questão trabalhista que é a terceirização, que vai enfraquecer a corda para o lado do trabalhador e dar amplos poderes para o empresário fazer o acordo de trabalho e o trabalhador precisa manter a família ele vai se submeter. Você aceita 12 horas por dia? Vai ter que aceitar. Você aceita reduzir suas férias? Você aceita receber menos do que você recebia no seu serviço antigo? Então, a pessoa acaba aceitando. Só que isso não funciona no Brasil. “Ah, mas nos Estados Unidos funciona. O acordo vale mais do que a lei”. O acordo trabalhista não pode valer mais do que a lei, porque a empresa é mais forte do que o trabalhador, então você não pode deixar o acordo sobressair sobre a CLT. A CLT foi... teve sangue para se defender a CLT da forma como ela está. Nem está a ideal, mas agora pegar e retroagir é uma coisa que não pode e já vem no baque da previdência também.


Comentários

Anônimo disse…
Isso mesmo, tem que entrar gente nova na política, esses que estão ai só querem tirar proveito
Unknown disse…
Olá sou Mauro Do Alho eu Acredito muito no partido dos trabalhadores.