Entrevista: Arquivaldo Filho, presidente do PT em Trindade
“Eu
acredito nessa questão de defender os partidos por ideologia, não a
pessoa”
Arquivaldo
Filho (foto) nasceu numa grande família onde há muitos políticos, os
Bites. Filho de Arquivaldo Bites, ex-prefeito de Trindade e um dos mais tradicionais integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT) em Goiás, o jovem engenheiro de 33 anos, Arquivaldo Filho, foi secretário municipal de
Esportes, em Trindade, sob a gestão do prefeito Ricardo Fortunato
(PMDB). Concorreu ao cargo de vereador, nas eleições de outubro de
2016, mas os 342 votos obtidos então foram insuficientes para lhe
garantir uma cadeira no Legislativo municipal. No dia 9 deste mês,
Arquivaldo Filho, encabeçando chapa única, no Processo de Eleições
Diretas (PED) no partido, acabou eleito presidente do diretório do
PT de Trindade, falando em renovação na política, "algo mais do que necessário nos dias de hoje". Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista
exclusiva com o novo dirigente petista de Trindade.
Blog
– Jovem petista, como você está vendo este momento atual do PT no
Brasil?
Arquivaldo
Filho – Nosso sistema de eleições no Partido dos
Trabalhadores é um processo muito democrático e todos os
trabalhadores têm oportunidade de estar participando. Sempre foi
assim no PT, que é um dos únicos partidos que tem esse processo,
que dá chance para os filiados participarem. Diante desse quadro de
bombardeio no PT, por parte da mídia e investigações e tal as
eleições do PT estavam para o final do ano e, numa forma de mostrar
a força do partido, de demonstrar que o partido está unido, que o
partido está em prol de buscar, de novo, estar liderando a
presidência do Brasil, então a organização nacional do Partido
dos Trabalhadores decidiu estar antecipando esse processo eleitoral
para o início do ano, exatamente para isso, para demonstrar a força
do partido, para combater todo esse tipo de denúncia. Logicamente,
quem tiver culpa no cartório, quem, nessas delações tiver a culpa
comprovada, tem que pagar pelo que fez, mas isso tem que acontecer
com todos os partidos, com todas as legendas. Quem está envolvido
nesses escândalos tem que pagar. Isso é uma coisa que a gente vê
na mídia, na TV e a gente fica indignado, mas o Partido dos
Trabalhadores, como instituição, eu defendo, defendo os seus
ideais, mas tudo é feito de pessoas. Tem pessoa boa em todo lugar,
tem pessoa ruim em todo lugar, mas o Partido dos Trabalhadores, a sua
ideologia, eu defendo, eu acredito, e é por isso que eu estou neste
partido.
Blog
– Esse momento vivido pelo PT, no plano nacional, chega a ser
desolador, não?
Arquivaldo
Filho – Sim, teve o ponto alto, né? Do Partido dos
Trabalhadores, aquele segundo mandato do presidente Lula, o primeiro
também muito bom. Daí esse combate massivo que vem sendo feito e a
gente percebe que esses ataques não são apenas contra o PT, é
contra o que o PT proporcionou para a população e isso, defender a
população mais carente, isso incomoda alguns poderosos, incomoda
algumas organizações, eles não estão perseguindo o PT por ser o
PT, estão perseguindo por querer estar lá também. Mesma forma como
foi a retirada da Dilma Rousseff, o processo de impeachment,
que, no nosso entender, foi um processo que ela foi tomada do poder
não por um erro, por falhas dela, mas por um pessoal que queria
entrar no lugar dela para fazer o que estão fazendo. Essas retiradas
dos direitos, que foram adquiridos ao longo de tantas lutas, né?
Então, são os processos da previdência, processo da reforma
trabalhista. Teve uma votação agora alguns dias, por causa de 5
votos... Eles queriam, eles querem cobrar nas faculdades públicas. E
falam não, nós vamos cobrar só da pós-graduação, mas isso para
cobrar da graduação é um passinho de nada, é um pulinho de nada,
e são vários outros que a agente pode estar até falando mais para
frente, a questão da previdência, da reforma trabalhista também. E
a gente entende que essas pancadas aí que o PT vem sofrendo não é
só para atingir o PT, é para eles estarem lá no poder e estarem
retirando direitos da população, mas a gente está firme na luta. E
todos esses escândalos aí vão julgar quem vai ser julgado e vamos
firmes para as urnas no ano que vem. Vamos estar defendendo aí o
Partido dos Trabalhadores.
Blog
– Como você acha que o PT, no plano nacional, vai sair dessa,
agora principalmente com a possibilidade da delação premiada do
ex-ministro Antonio Palocci, que, espera-se, deve ser mais
desgastante ainda do que já foram as delações dos executivos e
ex-executivos da Odebrecht?
Arquivaldo
Filho – Isso. O Palocci foi escutado pelo promotor [na verdade,
pelo juiz federal Sérgio Moro] e disse que tem muita coisa para
falar. O Palocci realmente centralizou muita questão da parte
financeira, então ele conhece muito e sabe muito desse pessoal, do
relacionamento desses empreiteiros com os partidos políticos e a
gente espera o seguinte, como eu disse no início, tem muita gente
envolvida, muito peixe graúdo envolvido, tem empresários,
mega-empresários. Eles falam de 10 milhões de reais, 20 milhões de
reais como se estivessem falando de um troco. Então, é uma coisa
muito grande para a gente que está aqui, que trabalha no dia a dia
firme, a população... 99% da população ouve falar daquele tanto
de dinheiro fica até assustada, mas a gente pensa dessa forma. Foram
delatados, o que tiver provas eu acho que tem que ser apurado mesmo,
quem tiver culpa, mas tem um detalhe, eles estão com essas acusações
contra o ex-presidente Lula, a gente tem a confiança que a gente vai
conseguir superar isso. E com um detalhe que eles podem se assustar.
Não sendo nada provado, ano que vem o Lula vem forte e vem forte
mesmo para recuperar, dar essa retomada na economia também.
Blog
– Você acredita que o ex-presidente Lula sairá dessa em condições
de se candidatar ainda?
Arquivaldo
Filho – Nós do Partido dos Trabalhadores acreditamos e temos
convicção que, saindo dessa, conseguindo provar sua inocência, que
a gente tem essa confiança, o Lula é o grande favorito para vencer
as eleições do ano que vem e talvez até por isso chega a ser um
pouco de excesso, o tanto de marketing negativo que é feito em cima
disso. Então, eles estão vendo que agora... Um exemplo mesmo foi
agora nas eleições internas. O PT, em outubro, em vários lugares,
diminuiu a bancada de deputados e eu tenho um avaliação, por
exemplo, se fossem hoje as eleições, não tivessem sido em outubro,
o quadro já seria um pouco mais favorável para o PT. Até aqui em
Trindade teve dificuldade também, mas em todo o Brasil. Foi na época
que aconteceu o impeachment, poucos meses depois, mas a gente
acredita nesse retomada. Separar o joio do trigo e quem é, mais uma
vez, pela terceira vez, quem está errado tem que pagar. A gente tem
a confiança que o Partido dos Trabalhadores vai conseguir sair dessa
e vir vitorioso em 2018.
Blog
– Inclusive se o Lula tiver errado ele tem que pagar?
Arquivaldo
Filho – Sim, quem tá errado tem que pagar. Então tendo
provas, por enquanto só falácias. O Emílio Odebrecht faz a
delação, passam alguns meses, outra versão totalmente diferente. O
Marcelo Odebrecht não cita, ele dá a entender, não afirma. O Léo
Pinheiro da OAS, que fala do tríplex, fala uma coisa e vem outra.
Então a gente quer que provem. Provando, quem tá errado pague. A
gente não pode ser hipócrita e falar... Não, agora a questão é
provar. E isso serve para ele mas serve para os outros. Tem Aécio
Neves aí, com propina de 33 milhões de reais, aliás, a do José
Sérra que é de 33 milhões. A do Aécio, eles falam que chega a 50
milhões de reais e eles noticiam isso, mas as pancadas vêm só no
Lula, né? Então vamos julgar todo mundo, vamos recolher provas de
todo mundo e eu acho que pelo tanto de prova eu acho que deveria ter
até mais gente na linha de fogo ali, né? Mas essa investigação é
longa, são 180 e tantos nomes delatados.
Blog
– Mas a pancada no Lula é até justificável, afinal ele já foi
presidente da República duas vezes, é o maior líder popular que
pintou por aí desde a redemocratização do Brasil. Então, é
natural que todo mundo queira tirar dali uma lasquinha, até onde é
possível, mas parece que estão encontrando muitas coisas.
Arquivaldo
Filho – Realmente, esse bombardeio tem por causa disso, porque
ele é o maior nome, para mim, da política contemporânea. Na
política que eu vivi, com certeza ele é talvez o maior nome. E,
mais uma vez, é dizer que também o que o Lula fez para a camada
mais pobre da população incomoda os grandões, incomoda a grande
mídia, incomoda grandes bancos, incomoda grandes empresários,
incomoda o pessoal que é financiado pelo capital externo. Então, se
você for olhar o Minha Casa, Minha Vida, você gira a economia. Foi
espetacular o que o Minha Casa, Minha Vida, fez no Brasil. Você
antes, meus tios, eu me lembro, eles construíam um lote, depois
muravam, para depois construir a casa e era aquele sofrimento danado
e o Minha Casa, Minha Vida proporcionou a casa própria para várias
pessoas de baixa renda. A questão de aumentar os Institutos
Federais, mais vagas nas Universidades Federais, a questão do Mais
Médicos, a questão da Farmácia Popular. Então, são várias
coisas que beneficiaram a camada mais pobre e eu fico até meio sem
entender porque, com tudo isso, você colocando dinheiro na mão do
pessoal, o pessoal está gastando e a economia gira. Foi isso o que
aconteceu. O Brasil passou a ser a sexta economia mundial, com o PIB
crescendo. Lógico que depois na metade do segundo governo da Dilma
tem a questão da crise, porque também não tem como só crescer,
crescer, crescer, então, tem esses percalços, mas a ideia é essa,
é colocar dinheiro na mão do pobre porque hoje você sai às ruas e
o pessoal não está tendo para gastar no botequim, não está tendo
para gastar numa loja, já vai no supermercado e compra menos. Então
o dinheiro tem que circular na mão do pessoal mais pobre para poder
estar até girando as empresas, para as empresas produzirem mais,
vender mais. E isso é uma forma que o Lula encontrou de estar
girando a economia. E aí a gente vê o tanto que essa popularidade
incomoda os inimigos, né?
Blog
– Mas é possível fazer uma autocrítica na forma de
relacionamento do partido para fazer maioria no congresso?
Arquivaldo
Filho – Aí a gente tem que dar o braço a torcer no seguinte
ponto. O sistema político brasileiro ele é muito complicado essa
questão do congresso nacional. E isso vem primeiro por onde? De como
são feitas as eleições. A questão das eleições serem
financiadas por empresas, a gente já viu onde que chegou. Então se
não fosse o financiamento de empresas privadas para as campanhas,
possivelmente não teria chegado nessa ponto absurdo que chegou, né?
Então, no ano passado já foi aprovado não pode mais o
financiamento de empresas, só de pessoas físicas. Só que a gente
não viu um reflexo tão grande disso nas eleições municipais.
Agora, nas eleições de deputados, no ano que, possivelmente vai dar
um reflexo bem maior, as campanhas vão ter menos dinheiro. E esse
congresso eleito utilizando dinheiro, voltando a sua pergunta, eles
têm que defender os interesses deles e acaba que se você conseguir
uma maioria tem que negociar e negociar até com o inimigo. Então,
você para aprovar questões lá, são 513 deputados, você precisa
de 305 votos, dependendo, né? Tem algumas votações que se precisa
de dois terços, algumas votações que você precisa de 50% mais um,
mas então você tem que ter uma maioria. E o Lula eu até que acho
que ele teve esse jogo de cintura e essa firmeza, só aí veio
acontecendo o quê? O pessoal, principalmente do PMDB, do Temer, que
foi quem tomou o poder da Dilma, na marra, esse pessoal do PMDB, do
PP e do PTB, também os deputados ali, então vão se apoderando de
uma estatal ou da ANAC, dos ministérios e vão loteando esses cargos
e acaba onde começa esse giro de propina. Então, para pagar essa
conta você tem... Para aprovar medidas você precisa dos deputados,
os deputados vão querer cargos e os cargos vão sendo jogados nas
mãos de quem? De quem que vai ter que pegar aquele recurso que foi
gasto na campanha e vão ter que pegar ele para trás. Então, vem
tudo desse sistema. O sistema brasileiro, como ele é feito a
política acaba que gera isso, mas também vem da parte da escolha de
bons políticos, né? E eu acho que temos que ter uma renovação
extrema nessa Câmara, nesses 513 deputados federais, tem que trocar
muita gente ali e eles estão com medo. Deputados de todas as siglas
estão com medo de não conseguirem a reeleição. Tanto que coisa
que eles não defendiam, que é a questão até da lista fechada, tem
gente defendendo. Então, eles estão percebendo que a população
está abrindo o olho, está usando muito as redes sociais, indo para
as ruas.
Blog
– Você defende o financiamento público de campanha e voto em
lista fechada?
Arquivaldo
Filho – Esse é um processo complicado porque não tem como...
No Brasil, hoje eu vejo que não tem como você implantar um processo
desses de uma eleição para a outra. Por exemplo, nas eleições do
ano que vem, vamos trocar nesse ano. Acho que é praticamente
impossível. Eu assisti na TV Câmara, nesses dias... Aí eu tinha
até mandando uma mensagem de Whats App para o deputado federal
Rubens Otoni (PT), que eu tinha perdido a fala dele e não havia
conseguido recuperar. Eu falei, uái, Rubens, eu perdi sua fala, daí
ele me mandou o texto. Que a gente tem contato direto. O Rubens é
muito atencioso com a gente e ele me mandou uma resposta, mais ou
menos nesse sentido, da mesma forma que eu penso. Não temos como
aprovar o que seria o ideal. O ideal tinha que ser histórico, um
processo lento... Mas a questão da lista, ela tem que vir primeiro
com a redução da quantidade de partidos. Não tem como você falar
em lista, porque lista acaba com coligação. Como é que você acaba
com coligação com 40 e tantos partidos? Então, não tem como.
Então, primeiro é a redução dessa quantidade absurda de partidos,
porque principalmente não é uma questão ideológica. Tudo é uma
questão de oportunismo. O caboclo cria o partido para vender a sigla
e tal. Aí a questão da lista fechada, o modelo ideal eu avalio que
ela é positiva porque defende o que o partido acredita e para o
Executivo você vota no cara, na pessoa. Agora, para o Legislativo,
eu acho que você tem que votar em programa, em ideias. Então, se
você não tiver uma quantidade de partidos e dizer assim ó, esse
partido defende isso, aí tem lá a lista do partido; esse defende
isso, isso e isso. Aí a população tinha também que ser mais
participativa, saber mais do partido. Nos Estados Unidos, os
republicanos pensam assim; os democratas pensam assim. Agora aqui
você fica com uma salada tão grande com essa quantidade de
partidos. Tem partido que você não sabe... Esse tema, você sabe se
o partido tal defende ou não? Eu falo privatização. Você fala
esse partido é contra, esse partido é a favor. Não tem. É muito
casuísmo, depende das circunstâncias. Então, acho eu acredito
nesse sistema de lista, mas fortalecendo os partidos, reduzindo a
quantidade de partidos, fortalecendo e trazendo mais ideologia, mais
debate e debates de ideias.
Blog
– Mas teremos eleições agora, no ano que vem, em 2018, como vai
ser isso?
Arquivaldo
Filho – Isso que é uma questão complicada. Para 2018 eu acho
que é bem complicado colocar o sistema de lista fechada de uma vez
só. Eu acho que é até injusto com os partidos pequenos. Estou
criticando os partidos pequenos mas você tem que dar uma defesa para
eles. Você deixou criar. Então você fala ó, acabou a coligação
como é que os partidos pequenos vão conseguir quociente eleitoral?
E, por exemplo, em Goiás são 17 vagas de deputado federal. Aí você
tem 40 partidos. Não vai ser todo mundo que vai conseguir atingir o
quociente. Então para proibir as coligações você tem que dar um
prazo para os partidos se adequarem. A gente não pode proibir a
coligação faltando um ano para as eleições. Tem que ser justo.
Então, primeiro tem que reduzir a quantidade de partido. Tem que
arrumar um jeito, uma forma, porque deixou criar, mas não tem como
você chegar e cortar o cara. Extinguir um partido arbitrariamente
então, não tem como. Para o ano que vem não vão conseguir
modificar muita coisa. Daí nessa mesma entrevista, na TV Câmara, aí
até o Marcelo de Castro, que foi ministro da Saúde, ele estava
presidindo a reunião, a audiência, ele falou num processo de três
anos. Aí tinha lá pessoas falando sobre o sistema alemão-belga,
outros falando do sistema francês-espanhol, que são parecidos, é
um sistema meio de lista mista, com lista aberta com lista fechada,
tem a questão do voto distrital. Aí seria uma escadinha, 2018, 2022
e 2026, mas isso está no plano das discussões. O que eu acredito é
isso. Para agora é modelo de lista e passa de uma hora para outra é
muito casuísmo. É exatamente por causa dessa questão porque quem
está com a corda no pescoço, eles pegam e estão no controle dos
partidos põem os nomes deles como os primeiros da lista, mas agora,
por ideologia, eu acredito nessa questão de defender os partidos por
ideologia, não a pessoa. A pessoa tem que defender o partido que ela
está representando, nisso eu acredito.
Blog
– E o panorama do PT estadual também não é muito bom. Perdeu,
nas últimas eleições, Anápolis, Goiânia, em várias cidades e em
Trindade então nem se fala. A situação do PT na política estadual
parece que está ficando mais fraca ainda ou isso é só impressão?
Arquivaldo
Filho – Não, realmente o estado de Goiás é um estado até um
tanto conservador. Nas eleições tanto que o Lula ganhou, como a
Dilma ganhou, acaba que aqui no Estado de Goiás foi bem mais
apertado. Até perderam, né? Eu não me lembro aqui, de cabeça, em
quais anos, mas teve alguns anos que, para a presidência, perderam
aqui, o Lula e a Dilma, e ganharam no Brasil e perderam aqui. E
realmente o quadro... A gente perdeu a Prefeitura de Goiânia e a
Prefeitura de Anápolis, que Anápolis, sinceramente, a gente não
esperava. O Antonio Gomide fez um trabalho muito bom lá, daí se
afastou para disputar as eleições para governador, para representar
essa oportunidade para o pessoal escolher, mas o pessoal, a população
não encampou o projeto dele e a gente defendeu pra caramba, mas aí
entrou o João Gomes que também continuou no mesmo trabalho, apoiado
lá pelo Rubens e pelo Antonio Gomide, mas perdemos Anápolis também.
O quadro em Goiás não é realmente tão favorável, mas o Partido
dos Trabalhadores é isso, fica quem gosta mesmo e quem acredita e a
gente vai carregar esse piano e pro ano que vem a prioridade é
deputado estadual. No estado a gente tem um deputado federal, se
conseguir aumentar para dois, que nas eleições passadas passamos
perto também. O Rubens Otoni se reelegeu e quase que conseguimos
levar o segundo e fazer mais deputados estaduais. Atualmente, nós
temos quatro deputados estaduais, então é fortalecer o partido. O
partido, como a gente comentou no início, deu aquela crescida no
quadro nacional. No estado de Goiás, no interior, acaba que era até
mais fraco, em cidades pequenas, muitas não tinham nem diretório.
Nesse pleito agora do PED, do sistema de eleições internas, nós
tivemos eleições em 195 municípios e 6,7 mil filiados votaram no
PED no estado de Goiás. Então 6,7 mil filiados tiveram
participando. Em Goiânia foram acima de três mil; em Anápolis, um
mil e poucos filiados; em Trindade, a gente fez uma chapa de consenso
e ainda conseguimos levar 125 pessoas num domingo, sem a obrigação
de ir, sem ter disputa e nós conseguimos levar as pessoas para estar
participando.
Blog
– São quantos filiados em Trindade?
Arquivaldo
Filho – Atualmente, a nossa lista de aptos a votar é de 585
filiados, mas tem pessoas que se filiaram, algumas até em alguns
mandatos anteriores, que tivemos dois vereadores. Aí o pessoal
filia, para de participar, mas ativos mesmo é em torno de metade
disso, mas que participaram das eleições são 125 pessoas que
estiveram lá e outras pessoas que não puderam ir justificaram e a
gente ficou muito satisfeito com esse resultado aqui em Trindade,
dessa participação dos filiados. Até por isso, o tanto de pancada
que o PT vem levando, a gente ainda defender, de cabeça erguida,
porque acredita mesmo.
Blog
– Bom, em Trindade o quadro também não foi bacana. O PT chegou a
ter o vice-prefeito Arquivaldo Bites, e dois vereadores (Ricardo
Marques e Valdivino Barbosa), na época do prefeito Ricardo Fortunato
(PMDB). Curioso, nenhum dos ex-vereadores está mais no PT e o
partido parece que diminuiu demais em Trindade, o que você pensa,
como presidente do diretório, desenvolver para tentar voltar com
esse crescimento?
Arquivaldo Filho – Foi no pleito de 2008, conseguimos o vice-prefeito e
conseguimos dois vereadores. A gente apoiou o prefeito naquela
oportunidade e o vereador Valdivino Barbosa até que se afastou mais
um pouco no início e a gente ficou até, mais ou menos, dois anos e
meio, três anos, apoiando o prefeito Ricardo Fortunato, e acaba que
aquilo, a má administração dele, acaba refletindo um pouco na
gente. A gente não pode negar isso. Até que a administração dele
foi boa, até um ano e meio, mas depois aquele lançamento da questão
do Nélio Fortunato para deputado estadual. Aí eu acho que...
Blog
– Aquilo foi um erro que prejudicou todo mundo?
Arquivaldo
Filho – Aquilo foi um erro. Prejudicou ele, prejudicou os
aliados que estavam do lado, ganhou um mandato de deputado, só que
não sei se ganham de novo e o Ricardo também, acho que aquilo
atrapalhou até na ideia de reeleição dele e naquele momento ele
começou a trocar os pés pelas mãos, depois da eleição do Nélio.
Começou a cometer muitos erros, tanto administrativos quanto erros
políticos, e reflete um pouco na gente. Daí a gente se afastou e
aproximamos do grupo da Flávia Morais [deputada federal, hoje no
PDT] e a Flávia também não foi vencedora, não saiu vitoriosa e
como o governo aqui em Trindade é um governo do Jânio [Darrot], do
PSDB, e aí vem mais uma crítica ao sistema político, que é um
sistema de cargos comissionados, e a Prefeitura tem mais de mil
pessoas para estar indicando. Então, a gente, até por questão
nacional, não aproxima do PSDB, na questão política. Com as
pessoas a gente tem o convívio, mas na questão política a gente
não aproxima. Aí o pessoal que está próximo ali da Prefeitura,
tem muita gente que aproxima e quem está de fora, fica fragilizado,
fica sem ter ali, porque eles têm moeda de troca, né? Os
candidatos, quem tem cargos lá dentro e tal. E aí a gente se sentiu
enfraquecido e vem também junto a questão nacional. Então, no
município, tem essa questão da derrota da gente, do que aconteceu
na administração do Ricardo Fortunato e a derrota, a gente apoiou a
Flávia, aí acaba que a gente pegou essas duas pancadas e junta com
a questão nacional. Aí realmente deu uma enfraquecida, mas não
morremos.
Blog
– E o que fazer para reverter isso?
Arquivaldo
Filho – Primeira coisa é continuar defendendo porque todo esse
sistema, se teve gente errada que se prenda, mas o sistema do PT, a
gente tem que deixar isso claro para a população, o sistema do PT
funcionou. Funcionou para quem? Para a camada mais carente da
população, isso eu acredito. Os programas do PT que eu citei aqui,
isso eu acredito. Então, o sistema do PT. É isso que a gente tem
colocar. E as pessoas que permanecem no partido são quem acredita
nisso. E aqui em Trindade a gente vê que tem muita gente mexendo com
política, mas assim política nas redes sociais é uma coisa, a
política no corpo a corpo, já é um pouco diferente. E a gente quer
puxar mais jovens e pessoas novas, e até experientes para estar
encampando essa política, porque é um momento da população ter a
consciência de que tem que começar a falar mais de política. Não
é só falar o político é ruim, você vê aquilo lá na televisão?
Não é só isso. Então, tem que procurar, tem que conversar com as
pessoas, buscar as pessoas próximas que têm o pensamento próximo
do nosso. Tem que juntar quem tem o pensamento de esquerda mas não é
petista, vamos aproximar também, porque tem ainda um pouco desse
medo da sigla, né? Mas é isso, é procurar novas filiações,
tentar oxigenar o partido e continuar defendendo, defendendo o que o
PT fez, o que o PT pode fazer e, principalmente, as pessoas. Aqui em
Trindade a gente... Eu não vejo nenhum exemplo de pessoa de má
conduta que possa estar aí e que usa a palavra do PT. Então a gente
tem aí pessoas valiosas dentro do nosso quadro e pessoas históricas,
com 20, 30 anos de filiação. O professor Arquidones Bites,
guerreiro da luta sindical. Professor Alaôr Dorneles, foi o meu
primeiro voto, foi prefeito [candidato] em 2000, foi o ano em que eu
me filiei, já são 17 anos filiado ao PT, então, o professor Wildes
Rodrigues, o João Batista, várias pessoas aí que... a Coraci,
então, o meu pai também que já foi superintendente do Trabalho,
foi suplente de deputado estadual, vice-prefeito, e a gente quer... A
Telma enfermeira também. A gente quer encorpar mais o partido, a
gente está precisando encorpar para poder ir para a rua ano que vem,
com força
Blog
– O que fazer para convencer, por exemplo, o jovem a entrar, a se
filiar no PT, a entrar nessa luta? Qual seria essa sua estratégia?
Arquivaldo
Filho – Um dos passos é a insatisfação com o sistema que
está ocorrendo no Brasil. A gente tem que partir para mostrar para o
pessoal o quê que está acontecendo quando eles tiraram o PT. Aquela
conversa ah, vamos tirar o PT que melhora. Aí eu quero, eu fico
perguntando, o quê que melhorou depois que a Dilma saiu? Então essa
resposta é... Quem era a favor do golpe antes fica meio sem resposta
agora.
Blog
– Você acha que isso convence em Trindade, esse argumento mais
nacional, digamos assim?
Arquivaldo
Filho – Sim, é a questão que eu falei, de politizar as
pessoas. Então, muitas pessoas convidam, entram num partido, também
entram num, sai do outro e troca de partido ao deus-dará, por
conveniência. E o que a gente quer são pessoas que apoiem o partido
por ideologia, por acreditar. Então, a gente ter essas pessoas do
nosso lado, tem que convencer pela ideia, não pela conveniência.
Não, vem para o meu partido que aqui você pode ganhar um cargo se o
prefeito ganhar ou então eu vou para aquele partido porque é mais
fácil para eleger vereador. Não vou para esse partido porque aquele
lá o prefeito dá um dinheiro para gastar na campanha. Então, isso
é conveniência, isso a gente não defende e quem conhece o PT aqui
de Trindade sabe que, historicamente, não participa desse tipo de
coligação, desse tipo de campanha, na base da troca. Então, é
politizar a população, abrir o olho. A questão da compra de voto,
é um gasto financeiro absurdo que tem nessas campanhas de Trindade.
A gente conhece vereadores que gastaram 300 mil reais, tem uns que
gastaram 250 mil reais e perderam. Então é... Só que na declaração
nenhum dos 17 vereadores declarou mais de 80 mil reais. Se eu não me
engano, acho que quem declarou mais, declarou 64 mil reais. A gente
sabe que com 64 mil reais não ganha eleição em Trindade e tem
vereador que colocou 15 ou 16 mil reais de declaração de vereador
eleito. Vereador eleito em Trindade... não ganha. No meu caso, eu
declarei 12 mil e pouco, né?
Blog
– E gastou esses 12 mil e poucos?
Arquivaldo
Filho – Sim, sim. Dois carros de som já dá o quê? Quatro
mil, cinco mil. Contrata quatro ou cinco pessoas para estar ali
ajudando a distribuir o material. E outra coisa, para você declarar
tudo certinho é mais fácil do que você omitir. Acontece muito que
o pessoal omite, né? Para você declarar é uma papelada toda,
xerox, nota fiscal... O sistema parece que favorece quem quer ser
ilegal. Então, você quer ser legal, você tem mais dificuldade em
certos pontos. Tem que ter a legalidade, tem que ter, tem que
obedecer. Só que fica difícil se uns obedecem e os outros, não.
Esse é que é o problema. Uns pegam o dinheiro do bolso e os outros
pegam o dinheiro que veio de um cargo em que ele estava recebendo sem
trabalhar ou então pegam financiamento porque ele já estava lá, já
foi vereador num outro mandato e está ali e deu a vantagem para
outro. Então, a gente não está acusando ninguém, mas sabe que
isso acontece no Brasil inteiro.
Blog
– Vamos retomar aqui um ponto. Você mencionou que houve erros do
Ricardo Fortunato, administrativos e políticos. Qual foi o erro,
naquela época, que atingiu o PT?
Arquivaldo
Filho – O primeiro erro dele, para com o PT, foi a questão da
nomeação do Alaôr Dorneles, para secretário de Educação, foi o
melhor nome na época, disparado para o secretariado dele, e a gente
sabe, na época, não cheguei a participar, era o Alaor que
participava, mas a gente percebia que ele [Fortunato] estava
engessando muito o Alaor. Então, ele põe um secretário competente,
que conhece da área, e vai querer ficar dando pitaco e aí acaba
que, por posição firme do Alaôr e do Arquidones, na época,
resolveram sair, de forma correta. A gente ainda continuou no projeto
dele, acreditando que a gente poderia estar contribuindo. Só que aí
esse isolamento também foi acontecendo com a gente e ficar
participando do governo mas não ter o respaldo para poder estar
dando nossas ideias, para poder estar contribuindo... A gente sabe
que temos condições de contribuir. Eu fui candidato a vereador no
ano passado, eu acho que tenho condições de contribuir com o
Legislativo de Trindade. Então, também os companheiros do PT na
época, em 2008, tinham condições de contribuir muito mais e o
espaço que ele deu realmente foi pouco e, além de pouco, podou
muito, né? E não foi só o PT, foi com outros partidos. Teve
partido que brigou com ele com dois meses [de governo], por falta de
espaço. Então, e outra coisa, o espaço que era dado ele queria
monopolizar, centralizar. Ficou muito centralizado nas mãos dele e
de mais dois.
Blog
– Em Trindade a gente percebe que não tem oposição que é
raquítica ou quase não fala nada. Você, presidente do PT, não
bica com tucano, no plano nacional, e também imagino que aqui também
não. Como que você imagina alguma atuação mais crítica em
relação à atual administração? Porque a gente não vê nenhuma
crítica, parece que, e nem estou incentivando crítica não, só
fazendo uma radiografia da coisa. A gente não vê crítica de
oposição. Qualquer coisa que acontece em Trindade, em relação a
quem está no poder, não ao atual prefeito, mas a quem está no
poder, aparece muito mais pela ação do Ministério Público, de uma
denúncia na imprensa, do que de um vereador, de um líder político
da oposição. Você pretende ocupar este espaço ou nem pensar?
Arquivaldo
Filho – Na questão municipal realmente o prefeito Jânio
[Darrot] encampou muitas lideranças que estão ao redor dele e é
como muitas pessoas falam que ele tem uma administração... A forma
dele gerir é uma forma razoavelmente boa. O espaço que ele dá para
algumas lideranças é que não é o conveniente. Então ali tem
muitas pessoas que não estão no lugar certo.
Blog
– Pode falar alguém?
Arquivaldo
Filho – Fica meio complicado, né? Mas tem uma Secretaria de
Segurança que a gente não vê nada, né? Já foi nomeado tem três
meses e meio. A gente praticamente não vê atuação.
Blog
– Agência de Segurança...
Arquivaldo
Filho – Agência de Segurança. Isso. E na questão da Saúde,
funciona o HUTRIN de forma relativamente razoável, mas aí nos
setores já não é tanto assim, nos setores afastados. Na questão
de infraestrutura, beneficia algumas áreas. Eu moro no Laguna Park,
começou a asfaltar lá, faltando poucos meses para o processo
eleitoral aí... Em setembro estavam asfaltando, aí em 15 de outubro
parou de asfaltar. Agora começaram a mexer lá de novo, no Imperial
I, à margem da Rodovia dos Romeiros. O Laguna ainda ficou faltando
ruas e disseram que iriam asfaltar o Laguna inteiro, no governo do
Jânio... A gente não é aliado político, mas não tenho nada
contra a pessoa dele. Acho que ele é até uma pessoa honesta, mas eu
acho que pode fazer mais. Uma cidade do tamanho de Trindade, com a
renda de Trindade, pode ser feito mais e a questão de não ter
adversário, realmente a Câmara de Vereadores também, os vereadores
que foram eleitos, eu não vejo ali nenhum com cara de que vai ser
adversário dele. Teve até um vereador que, com menos de um mês,
ele soltou a seguinte frase, é da boca dele, a gente não está
inventando: “Não, eu fui candidato pelo PMDB mas eu não sou
adversário dele não, eu sou da base do Jânio. Fui candidato pelo
PMDB porque lá era mais fácil para mim ganhar”. Isso um vereador
eleito pelo PMDB. Aí, eu acho que o PMDB só teve dois, né?
Blog
– A vereadora Irani e o vereador Wesley Cabeção...
Arquivaldo
Filho – Vereador que foi eleito pelo PMDB, não quero citar o
nome.
Blog
– Detalhe, Dona Irani é mãe do ex-prefeito Ricardo Fortunato, que
foi adversário de Jânio Darrot...
Arquivaldo
Filho – “É, eu vou para aquele partido porque é mais fácil
para ganhar, mas eu sou aliado do Jânio”. Vai para o partido do
rival é porque não queria ir na chapa mais forte, né? Porque a
chapa mais forte precisou de... Teve o Ferruja com novecentos e
tantos votos e ficou fora. E aí, eu vou para esse partido porque é
mais fácil ganhar. Então, aí a gente já vê de onde que vem essa
politização precária que a gente está tendo. Nos próprios
parlamentares que são eleitos, a gente já sente isso.
Blog
– Qual, hoje, é aquela área de Trindade onde o poder público
municipal precisa ter mais atenção e não tem?
Arquivaldo
Filho – A questão até hoje da infraestrutura. A questão de
Saúde caminha, porque no Brasil inteiro é assim, caminha meio
devagar, mas o que a Prefeitura pode por a mão mesmo, por exemplo, o
contrato da Odebrecht. O Marconi [Perillo] até foi citado na
delação, Ricardo Fortunato também. E Jataí, Trindade, Aparecida
de Goiânia e Rio Verde era para, em três anos, estar 100% todo
mundo, né? Acabou que eu li a matéria, mas uma matéria curta. Eu
queria ter lido uma matéria até mais completa, mas aí eles mediram
lá e tem, algumas cidades, 15% do que foi prometido e que está
feito. Era para estar 100%, está 15%. Vários setores aí que não
tem a rede de tratamento de esgoto. O asfalto que foi feito, eu como
engenheiro, com muito baixa qualidade. O asfalto que é feito no
Laguna, por quê? Aquela questão do voto, né? Você faz a obra para
ganhar o voto e não pode ser assim. Tem que fazer um capa de
asfalto, você tem que colocar, pelo menos, 15 cm de subleito, de
leito, para, depois, vir o cascalho grosso, o fino, para depois vir a
camada de asfalto, com 6 cm. Eles jogam só uma camada de cascalho e
jogam a lama asfáltica, em 3 cm. Então, até para leigo olha lá
fazendo e depois de pronto está pretinho, está bonito, né? Mas até
para leigo, você olha fazer e fala “não é possível que é só
essa espessura”.
Blog
– Tem especialista na Prefeitura de Trindade que trabalha nisso?
Arquivaldo
Filho – Que eu conheça, não. E deveria ter, com aquela
máquina nova lá, né?
Blog
– A Mulher Maravilha, que eles chamam?
Arquivaldo
Filho – A máquina sai jogando a lama asfáltica aí e
encobrindo. Agora, a gente está até falando de uma questão
técnica. Eu estou dando pitaquinho aqui na questão técnica, até
pela parte da engenharia, mas se a base está ruim, se está
esburacado aí você com a lama asfáltica em cima, o quê vai
acontecer daqui a uns dias? Vai afundar no buraco de novo. Vai
acontecer aquela depressão de novo, vai furar de novo. E é
histórico. Se bem que tem uns asfaltos antigos que duram muito
tempo. Agora já realmente, de uns anos para cá, que eles vão
diminuindo, vão diminuindo, é igual a vários produtos no
supermercado. Você se lembra de uns produtos numa embalagem grande
aí eles vão diminuindo o tamanho da embalagem para não precisar
aumentar o preço. O asfalto é do mesmo jeito. Para poder asfaltar
um setor inteiro, eles fazem fininho ao invés de fazer um bem feito
que dura 10 anos.
Blog
– Essa discussão que tem a respeito de um possível aumento da
zona urbana de Trindade, aumentar 50% da zona rural, o que o PT pensa
disso?
Arquivaldo
Filho – Essa especulação aí vai para o ponto da especulação
imobiliária e a gente sabe, praticamente quase todos os donos de
fazendas ao redor de Trindade. Todos gente tradicional de Trindade,
que é conhecida dos prefeitos. Então, é e a gente entende que para
ter... A gente já como municipalista... Essa questão da expansão
urbana tem que ter a estrutura bancada por quem, ou uma parte da
estrutura, em parceria. O cara que vai estar fornecendo o espaço,
vai estar vendendo os lotes e o poder público, mas eu acho que para
você lançar um loteamento, o de trás deve estar razoável. Você
lançar um loteamento mais longe, então ao menos o que está mais
próximo tem que estar numa maneira razoável. E aí você pega e
lança loteamentos deixando espaços vagos. É um erro gigantesco. Só
que se não se faz essa parceria, o loteamento não sai. Então, é
uma coisa clara de especulação imobiliária para valorizar terra
dessa forma indiscriminada e tem gente que é totalmente contra.
Então, tem que ter infraestrutura, porque a pessoa vai comprar
porque está precisando, aí ele vai e compra. Ele está precisando,
a prestação é baratinho... Mas aí ele vai ficar sofrendo a vida
inteira naquele setor afastado, sem infraestrutura. O ônibus só vai
para lá se tiver uma quantidade “X” de pessoas para poder gerar
demanda, porque ônibus, esses convênios, mas o sistema de
transporte deveria tratar o coletivo, beneficiar todo mundo, não é
só porque lá tem pouca gente que o ônibus não passa. Então, para
conseguir uma rede de ônibus também, para ele ir a um setor
afastado é complicado. Aí vem o sistema de tratamento de esgoto, de
água e energia, asfalto de baixa qualidade, e às vezes nem tem.
Então, não pode ser feito de qualquer jeito. Já teve muitos
espaços vazios .
Blog
– E politicamente, em Trindade, como está o PT hoje para poder
sair a campo e tentar convenvencer pessoas e fortalecer de novo as
fileiras do partido?
Arquivaldo
Filho – A maioria dos partidos, hoje, utiliza a questão da
rede social, mas eu acho que precisa mais do corpo a corpo. Então, a
rede social é importante e tal, mas é conversar na hora em que você
estiver com um vizinho, com seu compadre. O pessoal gosta de... No
seu próprio blog você pode perceber isso, a quantidade de
visualização e a quantidade de comentários. Visualização dá
500, mas comentários dá um, dois. Então, a pessoa acaba que está
curiosa, para estar participando mas ainda fica meio acanhada para
falar de política. Na rede social até que fala mais, mas na rua...
“Falar em política, aneim, isso tá ruim demais eu não quero nem
falar”. E não é assim. Você tem que puxar a língua e eu acho
que o corpo a corpo mesmo, de defender o que você acredita... E
outra pessoa é contra o meu pensamento? Vamos debater. Respeita a
pessoa. Você não vai discutir com a pessoa pela pessoa, você vai
discutir ideias. Então, tendo o respeito, você tem que falar de
política sim, na rua, não precisa ter vergonha de falar.
Blog
– Algum encontro em mente?
Arquivaldo
Filho – Agora sim, a deputada estadual Adriana Accorsi nos deu
uma força em nossa candidatura a vereador, ela já está querendo
marcar um evento aqui para a gente estar discutindo a questão da
previdência, que é importante essa questão. O governo federal deu "aliviadazinha" de merrequinha para ver se dobra o povo, mas a gente
não pode aceitar essa questão do jeito que ela foi proposta. A
gente sabe que a previdência social é de ciclo, né? A população
envelhece, aí é aquela famosa pirâmide. O professor Alaôr me
ensinou isso nas aulas de geografia. A pirâmide fica mais gordinha,
ela fica fina, a população economicamente ativa, então isso tudo a
gente sabe que tem. Uma hora vai gastar mais, uma hora vai arrecadar
mais, uma hora vai arrecadar menos, mas dessa forma, penalizando só
o trabalhador que está lá embaixo, só o trabalhador mais
necessitado, não pode ser feito de forma nenhuma. Não pode
penalizar só uma categoria. Se bem que vai servir para todo mundo,
mas a hora que você arrocha todo mundo, quem tem um pouco de
dinheiro consegue segurar, e quem não tem? Como que se segura?
Blog
– E aí, isso seria o quê, um encontro, uma reunião, o que seria
isso?
Arquivaldo
Filho – Uma audiência pública, ela propôs para mim uma
audiência pública na Câmara de Vereadores. Eu estou só esperando
passar o processo de eleições do PT municipal, que foi agora no dia
9 de abril. A gente definiu os presidentes municipais e os delegados
que vão para o encontro estadual que será nos dias 5 e 6 de maio.
São 300 delegados do PT. Trindade, pela votação que a gente teve
aqui, talvez a gente indique 6 ou 7 delegados para o encontro
estadual. Aí, desse encontro estadual, a gente vai definir a
presidência do PT estadual, que é candidata única também, a Kátia
Maria dos Santos, atual vice-presidente do PT em Goiás, pessoa muito
competente ligada ao deputado federal Rubens Otoni. E desse encontro
estadual vai para definir o presidente nacional, a executiva nacional
que vai ser na primeira semana de junho. Então, agora em maio, a
gente define o presidente estadual do PT e os delegados para irem
para o encontro nacional definirem o presidente do PT, em junho. Tem
o senador Lindbergh Farias, está pleiteando. A senadora Gleisi
Hoffmann também, que tem minha simpatia, muito combativa e também o
Alexandre Padilha, que foi ministro da Saúde no governo da Dilma e
também participou do governo do Lula. Então, não estão definidas
as candidaturas que são definidas só no encontro. Passando esses
processos aí a gente... Só que não pode deixar muito para a frente
porque as votações já estão acontecendo. Eu vou tentar com ela
[Adriana Accorsi] para ser, passando a próxima semana, na outra.
Dentro de uns 10 dias [a entrevista foi realizada no dia 22]
Conversei com o professor Wildes Rodrigues, do IF Goiano, também
para ele estar cedendo o espaço lá para a gente. Que a gente vai
falar da questão da previdência e a questão trabalhista. Que eles
estão trabalhando em mão dupla contra os trabalhadores, a retirada
de direitos. A questão trabalhista que é a terceirização, que vai
enfraquecer a corda para o lado do trabalhador e dar amplos poderes
para o empresário fazer o acordo de trabalho e o trabalhador precisa
manter a família ele vai se submeter. Você aceita 12 horas por dia?
Vai ter que aceitar. Você aceita reduzir suas férias? Você aceita
receber menos do que você recebia no seu serviço antigo? Então, a
pessoa acaba aceitando. Só que isso não funciona no Brasil. “Ah,
mas nos Estados Unidos funciona. O acordo vale mais do que a lei”.
O acordo trabalhista não pode valer mais do que a lei, porque a
empresa é mais forte do que o trabalhador, então você não pode
deixar o acordo sobressair sobre a CLT. A CLT foi... teve sangue para
se defender a CLT da forma como ela está. Nem está a ideal, mas
agora pegar e retroagir é uma coisa que não pode e já vem no baque
da previdência também.
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