O que virá agora que se sabe como são feitas as salsichas e os acordos políticos?
É
impressionante como este gigantesco esquema de corrupção das empreiteiras e
políticos ficou de pé por tanto tempo sem ser molestado
Sérgio Vieira: O que será feito com o conhecimento da corrupção? |
Depois
de todas as revelações que a Operação Lava-Jato e seus desdobramentos fizeram
da corrupção envolvendo grandes empresários, políticos nanicos e graúdos por
esse Brasil de meu Deus, o que mais me intriga é como é que não se descobriu isso
antes. Segundo o Emílio Odebrecht, um dos próceres dessa maracutaia toda, a
coisa dura desde 1987. Outro Odebrecht, o Marcelo, falou duvidar que algum político tupiniquim tenha
sido eleito sem o uso do caixa 2 nas campanhas eleitorais brasileiras. Como não
acreditar no que dizem esses dois senhores, pai e filho, especialistas na
matéria?
Analistas
políticos bem pagos dos grandes conglomerados de comunicação comeram mosca.
Enquanto isso, o mau governo tomou conta, por exemplo, do Rio de Janeiro, onde
tem sede um dos gigantes mundiais de mídia, a Rede Globo. Policiais,
procuradores, promotores de Justiça, igualmente não conseguiram descobrir o
esquema gigantesco de corrupção até que alguém de dentro do esquema foi pego e
decidiu dar com a língua nos dentes. Teve que pintar um dedo duro para se
chegar onde estamos agora, em termos de conhecimento nu e cru acerca de uma
realidade desde sempre sob suspeita: financiamento de campanhas eleitorais tem
a ver com corrupção, idem a ingerência política nas nomeações nas estatais e
ministérios.
Agora,
o que importa deixar o mais claramente possível, pois ao contrário do que
acontecia anteriormente, sabe-se hoje como são feitas as salsichas e os acordos
políticos nesta “terra em que se plantando tudo dá”, é o que se vai fazer com
todo esse conhecimento. Será que as
coisas no Brasil, o modo de se fazer campanha eleitoral, a forma de se nomear
gestores no setor público, irão passar por mudanças profundas, radicalmente
diversas do que se tem hoje em dia?
Acima
está registrada uma dúvida cruel com a qual venho me ocupando sempre que me
deparo, nos últimos tempos, com o noticiário político-policial ou
policial-político. O povo, o eleitorado, realmente está majoritariamente ligado
nessa necessidade de se avançar, jogar fora o atual modelo político-partidário
e trabalhar para construir algo melhor, menos corrupto, mas eficiente,
transparente e responsável? Confesso, acho que as mudanças podem vir sim, porém
será preciso haver mais pressão popular neste sentido. E aí a porca torce o
rabo.
Hoje
mesmo vimos a notícia de que o presidente Michel Temer (PMDB), doido para
aprovar logo a famigerada reforma da Previdência no congresso nacional,
determinou aos auxiliares que imprimam maior velocidade no atendimento dos
pleitos de deputados que, por sinal, têm vez e voto na tramitação das medidas
reformadoras, engendradas pela equipe do atual governo. Ou seja, já vimos esse
filme antes. Trata-se de mais do mesmo, em se tratando do modus operandi dos sucessivos governos neste período pós-regime
militar. O toma lá, dá cá, a política do “é dando que se recebe” que teima em ficar
entre nós. Até quando?
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