Em plena Operação Lava Jato vale perguntar como andam as Prefeituras e Câmaras
A
noção que se tem é a de que a coisa pública é de todos, então quem
está no poder se acha dono do patrimônio do povo
Coisa pública não é minha nem sua. é nossa: Sérgio Vieira. |
A Operação Lava Jato, em cartaz no Brasil há pouco mais de 3 anos,
jogou luz sobre a roubalheira de dinheiro na Petrobrás por uma
organização criminosa integrada por políticos de alta patente,
executivos da elite tanto da área pública como do setor privado e
empresários do primeiro time do mundo dos negócios “deste país
em que se plantando tudo dá”. Em consequência e coisa inédita
por essas plagas, já tem muita gente no xadrez, outro tanto usando
tornozeleira eletrônica e mais uma leva de pessoas graúdas cujas
perspectivas tem a ver com passar um tempo vendo o sol nascer
quadrado.
O
assalto aos cofres públicos parece ser encarado por muitos como uma
prática até normal por esses caras, pois ao se vencer eleições ou
simplesmente serem nomeados para um cargo importante qualquer na
estrutura administrativa do poder público, a pessoa se acha
detentora do direito de meter a mão no dinheiro público em
benefício próprio. Só raciocinando assim para se entender o
desassombro de muitas das “excelências” e “ilustres senhorias”
flagradas pilhando o patrimônio público.
Mas
como nada é tão ruim que não possa piorar um tantinho mais, fico
imaginando o que pode estar acontecendo nas Prefeituras e Câmaras
Municipais destes mais de 5,5 mil municípios brasileiros. Governos
estaduais e federal são bastante fiscalizados pelos órgãos de
controle e a imprensa também está sempre de olho, mas na maioria
dos municípios as coisas vão acontecendo sem despertar tanta
atenção dos outros.
Mesmo
assim temos visto no noticiário a cassação de prefeitos em
consequência de traquinagens perpetradas no exercício de mandatos
tendo como vítima, claro, a bolsa da viúva. Agora há pouco tomamos
conhecimento de operação do Grupo de Atuação Especial de Combate
ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público investigando
desvio de dinheiro da venda de ingressos no Parque Mutirama e
Zoológico de Goiânia. E isso na Capital do Estado, hein? Os caras
não têm medo de serem pegos, são arrojados demais da conta.
É
por essas e outras que imaginamos o seguinte, a mudança de
comportamento das pessoas, em relação à gestão pública, precisa
começar nas cidades, que é onde todos vivemos. Estado, União, é
outro papo. Tem muita importância, acredito, trabalharmos com a
ideia de que o patrimônio público não é meu nem é seu, é nosso.
Há uma diferença nisso aí. E justamente por ser nosso, precisamos
cada vez mais ter cuidado no trato dos assuntos e do dinheiro
públicos. Enquanto isso não vier, essa nova consciência do
cidadão, tudo o que é de todos estará sob o risco permanente de
ser apropriado por uns e outros, apesar da lição tirada da Operação
Lava Jato: Senhores e senhoras, os bacanas engravatados já podem, e
tem ido, parar atrás das grades.
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