Nas altas rodas da política, finanças e comunicação os caras sempre buscam levar vantagem...

Semana passada foi intensa com Lula em Curitiba, Meirelles falando em reforma da previdência e marqueteiros roubando a cena


Lula, Meirelles, Moro, João e Mônica: Personagens da semana que passou.
(Imagens do Arquivo Google)



E a semana que passou foi movimentada na política nacional pelo interrogatório do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT), no tête-à-tête com o juiz Sérgio Moro, titular da 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba (PR), quarta-feira (10), por causa das investigações da Operação Lava Jato, que quer porque quer, porque quer mesmo, saber se o apartamento Tríplex no Guarujá é ou não de Lula. O assuntou pautou a imprensa toda naquele dia e na quinta-feira seguinte todo mundo só falava daquilo.

É, mas na sexta-feira (12) os marqueteiros das vitoriosas campanhas petistas, João Santana e Mônica Moura roubaram a cena no noticiário. Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), relator dos casos da Lava Jato no STF, retirou o sigilo das delações de João e Mônica e aí ninguém falou mais de outra coisa a não ser dos tais vídeos. Duvido, d ó dó que você não tenha visto isso, mas, em todo caso, clique aqui para assistir aos vídeos das delações dos marqueteiros, se quiser.

Outro episódio interessante foi a declaração do Henrique Meirelles, ministro da Fazenda e Previdência, durante entrevista, em São Paulo. Homem forte do governo do presidente Michel Temer (PMDB), Meirelles afirmou: “Na medida em que o brasileiro começar a investir em previdência privada os juros devem ser reduzidos”. Ah, tá! Então é isso mesmo. A determinação reformista da atual gestão do governo federal pode até mirar no tal do equilíbrio fiscal, porém dá pinta de que pretende, outrossim, oferecer aos barões do mercado financeiro mais um jeitinho para os caras ganharem muito, mas muito, dinheiro.

Por falar em ganhar dinheiro, os banqueiros tupiniquins abocanharam, segundo números oficiais de 2015, alguma coisa como 47% das despesas públicas, na forma de recebimento de de juros e amortizações da dívida pública do governo federal que, convém dizer, superou a marca gigantesca de R$ 3 trilhões, no início de 2017. Se a reforma da previdência for eficiente ao empurrar mais uma leva de trabalhadores às instituições financeiras para comprar títulos previdenciários, tanto melhor para os bancos, onde importantes membros deste governo e de todos os outros, deram expediente e para lá deverão retornar em breve. Pois é, pois é, pois é!

Prosseguindo, a lógica é a seguinte, parece. O serviço público tem uma qualidade ruim demais da conta, e dificilmente vai mudar o quadro, porque falta dinheiro para se investir em melhoria, pois se gasta muito com pagamentos de aposentadorias e pensões para os trabalhadores. O que fazer? Uái, manda esse povo todo ir comprar serviços similares nas áreas da Educação (escolas particulares), Saúde (planos de saúde), transportes (pedágios em rodovias), e por aí afora, aos balcões das empresas privadas, deixando o Estado em paz. Lógico, a carga tributária igualmente jamais experimentará, digamos, “um viés de baixa”.

Os bambambans da análise política e econômica das grandes redes de comunicação brasileiras (jornais, revistas, internet, rádios e televisões), embalados pelos discursos dos sábios dos governos, aceitam numa boa o diagnóstico oficial e sempre se referem às despesas com os pagamentos de aposentadorias e pensões de servidores públicos (Regimes Próprios de Previdência), e dos trabalhadores da iniciativa privada (Regime Geral de Previdência), sob a gestão do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), como “rombos” no orçamento. A gente fica com a impressão de que a pessoa que se encontra aposentada ou como pensionista, vive de favor do Estado, recebe todo mês um dinheirinho fruto da benevolência de um ministro fofo ou de um presidente bonzinho. Fala sério!

Aposentadoria e pensão decorrem de contribuição financeira. O sujeito paga todo santo mês para ter direito a esses benefícios. E paga caro. Servidor público civil da União, por exemplo, contribui com 11% do total do seu contracheque para se aposentar ou deixar pensão por morte para seus dependentes. É assim que funciona. Trabalhador da iniciativa privada pode pagar, dependendo da faixa salarial, também até 11% do seu salário mensal, limitado ao teto (R$ 5.531,31). Isso para dizer que benefícios previdenciários para esse pessoal aí são comprados mensalmente pelos segurados. Não é favor de Estado nem de Governos, vale destacar.

E tem mais ainda. O trabalhador é segurado obrigatório. Não se trata de algo voluntário não. O sujeito é contratado pelo Serviço Público nas três esferas ou assina contrato com empregador privado, já se torna imediatamente, por força da legislação vigente, segurado obrigatório e não adianta espernear; vai ter descontado todo santo mês em seu salário a quantia para o regime de previdência ao qual se encontra filiado e, assim, cumpridos requisitos legais, poder vir a gozar da aposentadoria ou deixar direito de pensão para os seus dependentes, em caso de óbito.

Suas Excelências podem dizer o que bem entenderem, mas a gente aqui na planície paga o pato, tem os direitos reduzidos, os deveres (contribuições) mantidos e não adianta falar economês para justificar a mão grande do governo nos bolsos da gente. Já deu para perceber o que se pretende verdadeiramente, senhores. Menos cobertura previdenciária aos trabalhadores que no final das contas vai garantir mais "dindin" nos rombudos caixas dos bancos espalhados pelo país.

Bem, mas a gente tem que terminar isso aqui. Façamos logo isso, ora pois, dizendo que a semana que passou foi apenas mais pródiga em revelações de coisas que a gente, na verdade, sempre suspeitou mas faz de conta que não sabe para ir vivendo a vida: Os caras nas altas rodas da política, finanças e comunicação são experts em “levar vantagem em tudo”. É isso. Mais não digo nem me foi perguntado.


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