Ouvindo Belchior e pensando em alguns políticos como roupas velhas

Políticos enrolados por denúncias e processos na Justiça deviam ser descartados pelo eleitor








(Belchior)

Você não sente nem vê,
Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
Que uma nova mudança, em breve, vai acontecer
E o que há algum tempo era jovem, novo, hoje é antigo
E precisamos, todos, rejuvenescer.

Nunca mais seu pai falou: She's leaving home
E meteu o pé na estrada, like a rolling stone
Nunca mais eu convidei minha menina
Para correr no meu carro (loucura, chiclete e som)
Nunca você saiu a rua em grupo reunido
O dedo em V, cabelo ao vento, amor e flôr (quede o cartaz?)

No presente a mente, o corpo é diferente
E o passado é uma roupa que não nos serve mais.”



Na tarde deste domingo, estava curtindo um pouco da programação da Sonoridade Rádio Web, que de vez em a gente coloca no ar, e lá o destaque musical foi para alguns dos maiores sucessos do cantor cearense de Sobral, Belchior, que faleceu no mês passado. Dentre as músicas estava “Velha Roupa Colorida”, hit da Música Popular Brasileira (MPB) também na voz da Elis Regina.

Acima mostramos a primeira parte da letra da canção que tem tudo a ver com os dias de hoje. Interessante isso aí. A sensação reinante é a de que o tempo está passando rápido demais, tudo mudando numa velocidade vertiginosa, porém vemos que, contraditoriamente, tem coisa que não muda é nada. Meu Deus do céu! Que confusão estou fazendo agora. Falo da impressão de que no jogo do poder político estão conseguindo mudar para deixar tudo como dantes. Pois é, pois é, pois é.

Acabou me ocorrendo um pensando assim, por quê será que não nos inspiramos naqueles versos “No presente a mente, o corpo é diferente e o passado é uma roupa que não nos serve mais” quando estamos às voltas, nas eleições, de dois em dois anos, com a análise de candidatos a quaisquer cargos políticos? Seria bacana, eu acho, enxergamos sobretudo naqueles políticos tradicionais e que estão vários deles enroladíssimos agora, como velhas roupas e as descartássemos. Sério, tem homem e mulher que estão na política disputando e ganhando eleições há décadas mas a gente se pergunta, qual a falta que essa criatura fará se abandonar a vida pública?

Compartilhei o vídeo que ilustra este post em alguns grupos no Whats App dos quais participo e fiquei assim ruminando uns e outros comentários recebidos. Bem, “vamos renovar nosso guarda roupa, mas duro vai ser ter o que colocar no lugar”, observou uma amiga. “Onde acha essa roupa nova?”, perguntou uma outra. As duas questões são simples e diretas, evidentemente. Penso que encontramos “roupa nova” aí mesmo nos partidos políticos existentes e tem sim como mudar de roupa. O problema é que a gente quer sempre que as nossas escolhas sejam aquelas que serão as mais votadas e eleitas pela maioria do eleitorado. Nem sempre dá certo, sabemos. O pior, imagino, é permanecermos nesta mesma levada de sempre.

Apesar de toda a dificuldade, penso mesmo que uma forma de ajudar a melhorar o quadro político partidário é deixar de votar sempre no mesmo candidato, a não ser, lógico, quando se percebe que o sujeito faz um trabalho que seja visto pela coletividade como algo positivo, importante, cuja conduta do camarada no exercício do mandato mantenha uma postura digna do cargo ocupado. O que vemos por aí é, no mais das vezes, é o puro e descarado carreirismo político. O camarada entra para a política como quem inicia uma carreira profissional, preocupado em se dar bem na atividade. O interesse público? Ah, fala sério!

Escrevi muito, pois o objetivo era apenas fazer uma notinha mesmo... De toda forma, os versos do Belchior estão martelando na minha cabeça e faz tempo. Como o cara fez uma canção dessas tão bela e tão atual. Divino Pai Eterno! Realmente, o cara era um fera e, acho, conseguiu alcançar um dos intentos dele: “Eu quero é que esse canto torto, feito faca, corte a carne de vocês”... E faz pensar, e muito também. Continuarem encafifado com isso tratar político enrolado como roupa velha e nem sempre tão colorida assim nada. Melhor descartar mesmo. E mais não digo nem me foi perguntado.


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