A bomba que caiu sobre a política de Trindade
Julgamento
do TRE que pode cassar os mandatos do prefeito Jânio Darrot e do vice
Gleysson Cabriny deixa os trindadenses apreensivos quanto ao futuro
da gestão municipal
Vereadores durante visita ao prefeito e vice: Solidariedade política. |
Que
semana foi esta na política trindadense! Todo mundo prestando
atenção aos acontecimentos em Brasília, se o presidente Michel
Temer (PMDB) vai conseguir se manter mesmo no cargo até o final do
mandato, por causa da divulgação dos áudios de conversas com o
empresário Joesley Batista ("quanto mais alto o cargo, maior o
tombo", lembrei-me agora dos versos do Zé Geraldo, em "Milho aos pombos"); se o ainda senador Aécio Neves (PSDB) sairá de
pé do turbilhão no qual se meteu também com o líder dos
bilionários irmãos Batista... Fiquemos por aqui mencionando apenas
estes dois fatos dos inúmeros outros acontecimentos que têm surgido
diariamente no noticiário, de forma vertiginosa, que a gente nem
consegue acompanhar direito.
Muito
bem, enquanto corre a vida, eis que na segunda-feira (29), vem a
notícia que caiu feito uma bomba na política trindadense. A
possibilidade do prefeito Jânio Darrot (PSDB) e seu vice Gleysson
Cabriny (PSDB) serem cassados em julgamento no pleno do Tribunal
Regional Eleitoral (TRE), onde tramita recurso do Ministério Público
Eleitoral (MPE) contra decisão do juiz de primeira instância que
havia absolvido a chapa dos dois políticos tucanos da denúncia de
propaganda eleitoral extemporânea, com pedidos de cassação de
diploma e de registro. Na origem desse imbróglio está o passeio
realizado pela Secretaria Municipal de Assistência Social de
Trindade com idosos, servidores municipais e autoridades até Caldas
Novas, em 20 de abril de 2016, ao qual compareceram o prefeito e o
vice, que, na sequência, disputaram e venceram as eleições
municipais de 5 de outubro do ano passado.
Na
sessão do dia 29, no pleno do TRE, o relator do caso, juiz Abel
Cardoso Morais, apresentou um voto rigorosíssimo, acolhendo o
recurso do MPE, determinando a cassação do prefeito e do vice,
imputando-lhes multa financeira inclusive para a secretária
municipal de Assistência Social. Importante destacar que o juiz
Fabiano Abel de Aragão Fernandes acompanhou o voto do relator. O
juiz Luciano Mtanio Hanna pediu vista do processo, o que suspendeu o
julgamento. Na quinta-feira (1), em nova sessão, o julgamento foi
adiado, enquanto os demais juízes-membros aguardam a vista dos
autos.
Dos
sete juízes que compõem o pleno, 6 votam em todas as situações,
mas o presidente o faz apenas no caso de empate, quando exerce então
o famoso voto de minerva. Olhando a situação do prefeito Jânio e
seu vice Cabriny, pelo que está no parágrafo anterior, não dá
para negar, trata-se de algo muito, mas muito delicado mesmo. Afinal,
temos dois votos claros pela cassação de ambos. Faltam,
normalmente, quatro votos para que o TRE decida o destino dos
políticos trindadenses e o rumo da gestão municipal da “Capital
da Fé”, convém salientar.
No
meio do atual mar de incertezas na política da terra onde viveram
Constantino Xavier e Ana Rosa, Jânio Darrot e Gleysson Cabriny foram
visitados por 15 dos 17 vereadores de Trindade, no gabinete do
prefeito, na quinta-feira (1), que, segundo nota da assessoria
publicada no site da Prefeitura, está “confiante, tranquilo,
acreditando em um julgamento justo”. Curiosidade, entre os
vereadores que levaram solidariedade ao prefeito e ao vice, dois
deles, Irani Oliveira (mãe do ex-prefeito Ricardo Fortunato) e
Weslley Bueno (Cabeção) fazem parte do PMDB, além de outros que
foram eleitos por partidos, em teoria, da oposição. Ah, sim, claro!
O vereador Hélio Braz (PSDB), presidente da Câmara Municipal,
também integrou a comitiva e “disse acreditar na vitória e no
julgamento favorável ao prefeito e seu vice”. Se o voto do relator
for acompanhado pela maioria dos juízes-membros do TRE, Hélio Braz
deverá assumir provisoriamente por, no máximo, 90 dias, o cargo de
prefeito de Trindade, convém lembrar.
O
que está acontecendo mostra claramente que o jeito de fazer
política, sobretudo, campanhas eleitorais, precisa mudar, ser
aprimorado, ter mais transparência. E da parte do político e do
eleitor também, cumpre salientar. Isso não apenas nos níveis
estadual e federal. Nos municípios também. E este julgamento talvez
seja algo didático para gestores públicos e seus assessores nas
prefeituras deste Goiás adentro, e de Trindade, evidentemente. No
exercício do poder, é preciso seguir o que determinam as leis,
contar com equipe profissional que sabe a forma correta de conceber
projetos e implementar quaisquer atividades na administração
pública até mesmo para evitar situações embaraçosas, espinhosas,
delicadas, feito essa que estamos, infelizmente, assistindo a uma
gestão que, imaginava-se, figuraria com destaque na galeria dos
períodos mais calmos do município, politicamente falando.
Agora
é permanecer à espera da conclusão do julgamento pelo TRE, o que
parece, deve acontecer em breve. Neste caso, resolvido o impasse?
Creio que não. Seja qual for a decisão, a parte contrária poderá
e certamente irá fazê-lo, apresentar recurso levando o caso até o
Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Daí o sentimento de incerteza,
insegurança, continuará até que venha a solução final. Muitos trindadenses certamente estão apreensivos quanto ao futuro da gestão municipal que vinha trilhando o caminho da boa governança. Uma pena
tudo isso.
Crédito da foto: Jaqueline Costa
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