Na primeira reunião da Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos nada foi deliberado
“Ao
trabalho, senhores! Chega de embromação. Queremos ver resultados. O
usuário quer um serviço de melhor qualidade”, eis uma
recomendação ao pessoal da CDTC
Vandré
Abreu, repórter do O
Popular, em matéria estampada na página 12, do primeiro
caderno do jornal, desta terça-feira (13), nos trouxe o seguinte
relato sobre a gestão do transporte coletivo urbano em Goiânia e no
Aglomerado Urbano. Veja a seguir.
A
Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC) realizou nesta
segunda-feira (12) a primeira reunião de sua história, em local
aberto ao público, à imprensa, contou com a “presença de poucos
integrantes titulares e terminou sem que nada fosse deliberado”.
A
reportagem mencionada relata ainda que “nenhuma proposta de
melhoria foi sequer votada pelo colegiado e a discussão ficou em
torno da continuidade dos estudos que já vinham sendo feitos, como o
fim da tarifa única e a mudança na administração dos terminais
das empresas para as prefeituras”.
Pois
é, pois é, pois é...
Há
quanto tempo estamos aí às voltas com reclamações e mais
reclamações dos usuários do transporte coletivo por causa da
qualidade duvidosa dos serviços prestados, não é verdade? Isso já
vem longe no tempo. A chiadeira é “ampla, geral e irrestrita”
com o desconforto desde o embarque nos terminais até as viagens em
ônibus lotados demais da conta nos horários de pico, enquanto que,
no trajeto, o passageiro vem se tornando presa fácil da ação de
bandidos que furtam, roubam e assaltam os trabalhadores dentro dos
veículos. E olha que policiais militares estão sempre à caça dos
meliantes, mas debelar por completo este mal tem se mostrado um
trabalho muito difícil.
E
vale lembrar, o tempo que o usuário fica à espera dos ônibus nos
pontos, em sua maioria inadequados, e não raras vezes inexistentes
mesmo, sobretudo nos bairros mais periféricos das cidades, pode ser
considerado um profundo desrespeito ao cidadão. Neste contexto, a
tarifa acaba mesmo sendo considerada cara demais da conta na
comparação com, novamente, a baixa qualidade dos serviços
prestados pelas empresas cujos gestores, para o espanto da gente do
lado de cá do balcão, falam em prejuízo sistemático pelo alto
custo de operação e da inadequação da tarifa que, de acordo com
este raciocínio, remuneraria mal as empresas do setor.
Pouco
interesse ou má vontade
Autoridades
municipais há muito que falam demais e fazem de menos, quando o tema
é melhoria do transporte coletivo urbano. Iris Rezende (PMDB), por
exemplo, já prometeu em campanhas passadas que, se fosse eleito
prefeito de Goiânia melhoraria o sistema em apenas 6 meses. Iris
venceu aquelas eleições, ganhou outras também, cumpriu mandatos,
como é sua característica, renunciou também para se candidatar a
outro cargo, mas o serviço continuou ruim toda vida.
Por
essas e outras, não provoca grandes surpresas saber que “poucos
integrantes titulares” participaram da primeira reunião da CDTC. O
vereador Agnelson Alves (PV), representante da Câmara Municipal de
Trindade, por exemplo, não compareceu àquele encontro, conforme
destacou a reportagem mencionada acima. E vendo como a coisa toda é
tratada com um indisfarçável pouco interesse ou má vontade por
parte dos políticos, a gente é levado até a achar isso normal. O
vereador trindadense nos disse que “ontem eu não participei porque
teve a inauguração aqui do Centro Administrativo, no mesmo horário,
aí eu fiquei, mas eu faço parte, eu estou representando Trindade”.
O
caso é que o tema é um serviço público da maior relevância para
a população em geral, tem a ver com um direito inclusive garantido
pela Constituição, o direito de ir e vir. Já passa da hora das
autoridades, dos empresários, dos gestores e, por quê não,
representantes dos usuários, encararem o desafio de solucionar este
problema, desatando o nó cego que mantém o transporte coletivo
urbano de passageiro na desconfortável posição de uma espécie de
unanimidade quando se fala em ruindade sistêmica.
Para
terminar logo essa notinha que ficou comprida além do inicialmente
imaginado por este blogueiro, se eu pudesse dizer alguma coisa, fazer
uma recomendação ao pessoal com assento na CDTC, arriscaria a dizer
algo assim: “Ao trabalho, senhores. Chega de embromação. Queremos
ver resultados. O usuário quer um serviço de melhor qualidade.” É
isso aí! Mais não digo nem me foi perguntado.
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